Advogado trabalhista com larga militância e grande conceito, Antônio Pedro da Silva (originário de família pobre em Governador Dix-sept Rosado), também "mete a colher" no debate sobre "Sistema de Cotas" na Universidade do Estado do RN (UERN) e no país.
Tem que ser ouvido. Lido.
Veja abaixo o que ele expõe:
Meu caro Carlos Santos,
Sou de origem extremanete pobre, como bem disse meu querido colega doutor Marcos Araújo (postagem mais abaixo), a quem agradeço a deferência de lembrar meu nome nesse debate.
Para estudar tiive que enfrentar muitos precoinceitos, desde à falta de roupa decente para me apresentar junto aos meus colegas de sala de aula, à fome, à deficiência física… Nada disso teria me envergonhado mais do que ter garantida uma vaga na universidade pelas minhas limitações e não pela minha competência intelectual.
O que há hoje é uma verdadeira acomodação generalizada, e, no caso da educação é mais simples abrir vagas nas universidades públicas para pobre, preto, índio e outras categorias menos favorecidas do que nos juntarmos todos na luta por um ensino médio público, de vergonha, como tínhamos em épocas não muito remotas.
Fato é que não se tem dado a importância devida para a educação pública de ensino médio nesse País. As escolas públicas estão se transformando num verdadeiro caos, onde impera a violência e não há condições mínimas para o professor que queira ministrar uma aula digna.
Mas os alunos não precisam se preocupar, pois a sua vaga na universidade está garantida pelos sistema de cotas. É preciso repensar a educação com profundidade e não será com o sistema de cotas nas universidades que iremos erncontrar a solução.
Inconcebíbvel que o professor continue sendo mal tratado como hoje está, com salários indignos (um professor com nível superior, em início de carreira percebe menos de R$ 700,00 por mês), sem reconhecimento da sociedade, a partir dos pais dos alunos e dos próprios estudantes.
Resultado: daqui a pouco somente os medíocres ou os loucos buscarão a carreirta do magistério.
Adiante com esse debate, pois é urgente e necessário uma tomada de posição.
Um abraço,
Antonio Pedro da Costa – Advogado
Nota do Blog – Antônio, doutor Antônio, tenho profunda admiração por sua história. É uma Odisséia.
Seu êxito como homem, gente, profissional, é estímulo para muitos que se arrimam em pequenos infortúnios, justificando derrotas. Transferindo culpas.
Muito obrigado por sua leitura diária e permanente (além de sábia) intervenção.
O Brasil talvez seja o único país do Mundo que, devido a miscigenação e a grande mobilidade social, não se justifique qualquer tipo de política de cotas. Onde mais um retirante miserável, com pouca escolaridade, pesando sobre si o preconceito de classe e de origem, chegaria à presidência da república e se afirmaria como o maior estadista da história do país?
Acho que um caminho para se ter uma escola de qualidade (e não de QUANTIDADE) passa por uma reforma no defasado método de ensino público, além de privilegiar verdadeiramente que estuda e avana de série, sendo aprovado direto, e não tendo que fazer recuperação, re-recuperação ré ré da ré e assim por diante. Ou se faz esta reforma, ou então esqueçam.
Concordo com vc Dr. Olavo. O advogado que subscreve chegou a questionar judicialmente a constitucionalidade das cotas na UERN. Infelizmente, naquele momento histórico, que acomodava um falso sentimento de vanguardismo, não logrei sucesso em minha investida judicial. Mas vejo que estamos avançando.
Bem, não sou doutor em ensino ou dominador do assunto. Contudo, vejo que assuntos como esses devem ser mais intensamente debatido com a participação de gestores do ensino e que tentem, certo modo, vislumbrar o futuro profissional e cidadão que está sendo formado.
Tenho a convicção de que o tema qualidade do ensino fundamental e médio passou a ocupar os lugares mais remotos no pensamento dos que lidam com a gestão pública do ensino, pois se percebe o grande despreparo que o aluno secundarista chega à academia.
É nítida a importância dos estágios iniciais do desenvolvimento psiquicomotor de uma crinça para que ela seja capaz de adquirir méritos e competências por toda sua vida, tanto na sua forma de locomoção como a sua capacidade intelectual e social. Dessa forma, é de fundamental importância o ensino básico, no qual a criança tem a oportunidade de se desenvolver intelectualmente e em um processo correto, mas é também nesta estância de ensino que se encontra os professores e as estruturas que menos recebem investimento.
Portanto, no meu ponto de vista, a mudança de foco de discussão seria de mais valia para a melhora social.
Acho que devemos repensar a educação como um todo. Com cotas ou sem cotas, o ensino no Brasil tem que ser reavaliado. Não me lembro, até hoje, de ter visto, em qualquer tipo de meio de comunicação, um “chamado”, um “convite” ou coisa parecida, para que as pessoas tenham interesse por uma profissão. Hoje vejo. Sabe para qual profissão? Professor!! Por que será? Que incentivo tem um cidadão para se tornar professor hoje? Estudar, estudar e depois continuar estudando, para depois ter como recompensa a indiferença, a falta de reconhecimento, o desrespeito, a violência como agradecimento por sua dedicação? Não sei se fico surpreso, decepcionado ou revoltado. Deixemos pois… Enquanto se discute a forma de como se deve entrar na faculdade, acho que seria mais interessante discutir como, o que e de que forma dever-se-ia ensinar a quem está entrando nela (faculdade), para depois não ter que discutir e questionar como e porque determinado “cotista” ou “não cotista” entrou, pois o que vemos, ano após ano, são pessoas entrando e saindo, preocupadas, não em como vão sair, mas, de que forma vão entrar. O resultado deste entra e sai, digamos irresponsável, está cada vez mais visto. “Profissionais” aos montes e cada vez mais desqualificados. A propósito, o Brasil tem um exemplo digno de escola pública de qualidade. Pergunto: Se há100 anos ele vem dando certo, porque não tentar introduzi-lo país afora? Será tão difícil? Ou será que pra ter escola de qualidade é preciso ter uma boa conta bancária?
Vivemos uma crise de valores, naturalmente, a qualidade do ensino contribui para agravar o quadro. Com a mesma desenvoltura que se combate o sistema de cotas, revelando o quanto é forte e presente o individualismo em algumas “personalidades”. o que está acontecendo? como é que se passa as piores privações, constrangimento e no momento que conseguimos superar tantas adversidades, revela-se tanta sintonia com os valores dos nossos algozes de sala de aula? tanta ironia. só para esclarecer, Lula tentou por várias vezes ser presidente,não conseguiu êxito, no dia que demonstrou afinidade com os “picaretas”, sobe a rampa. não foi um dia, um mes ou um ano, foram mais de 500 anos para o feito Lula acontecesse. é muito pouco para um país composto de milhões de lulas. é engraçado não vejo nenhuma crítica a atitude do governo de garantir a presença de alunos nas escolas particulares, com o PROUNI. não estão tirando o “direito”(a vaga) de quem pode pagar? a questão é de valores. vejamos a prefeita – independente da justeza da greve – resolveu cortar o ponto de alguns grevistas. no entanto, não existe nenhuma decisão sobre a ilegalidade do movimento, portanto,… . Quantos correrão para defendê-los ? para criticá-los, não tenho dúvidas, muitos aparecerão. agora se qualquer criminoso, traficante -cheio da grana, claro,- autor do pior crime, por mais hediondo que seja, muitos correrão a defendê-los. a questão é de valores.