Por Odemirton Filho

Criança e avô caminham na praia – Imagem ilustrativa com recursos de Inteligência artificial para o BCS
Na semana passada fui à praia com o meu primeiro neto. Foi a segunda vez que ele viu o mar, e parece que gostou. É ainda um bebê, começando os dias de sua vida. Sentado na areia com os seus pais, ele sorria, olhava o mar, as ondas quebrando, pegava na areia; a brisa batendo em seu pequenino rosto.
Eu o olhava, de longe, apreciando esse momento tão singelo, de descobertas. E pensei no junho de minha vida. Vi-me na areia, fazendo castelos, brincando com os carrinhos. Eu estava a jogar bola com o meus primos e amigos, tomando banho de mar, desbravando o morro do labirinto.
Não sei se o meu neto continuará gostando de ir à praia, no entanto, espero que possa acompanhá-lo nessa jornada, e possamos jogar bola. Formaremos uma pequena trave, com chinelos. Ele, então, fará gols. Sorrirá. Depois, mergulharemos no mar; pegaremos “jacaré”; banharemos nossos corpos, sobretudo a alma, afastando mau-olhado.
Esperaremos as jangadas que aportarão à beira-mar e compraremos peixes. Vamos nos lambuzar saboreando picolés de chocolate. Caminharemos até a pedra do Ceará, recolhendo as conchas que embelezam a praia (as grandes, levaremos ao ouvido para escutar o barulho do mar, o fenômeno da reverberação), e afundaremos os nossos pés na areia, em ensolaradas tardes de fluxo e refluxo da maré.
Tudo isso, é claro, sob o olhar carinhoso e atento dos seus pais.
Na casa dos seus bisavós, ele vislumbrará uma linda paisagem; um mar azul, um lindo coqueiral. Na linha do horizonte, verá o Porto-ilha, que leva o nome do seu trisavô. O alpendre da casa será palco de redes armadas, onde se joga conversa fora, e se toma café coado, com bolo, grude e tapioca.
Na adolescência, talvez, ele não queira ir à praia comigo. Decerto, preferirá a companhia dos amigos e amigas, iniciando as paqueras, “as ficantes”, os namoros, na “vibe” dos doces anos da juventude. Pena que não curtirá as festas do Creda e a escadaria de Zé Félix.
Por isso, tento aproveitar esses eternos momentos, fazendo-os inesquecíveis, singulares.
Lembrei-me do poeta paraibano Ronaldo Cunha Lima, no seu livro de sonetos, Sal no rosto:
“Quando os meus filhos disserem aos meus netos o quanto eu os amava; e quando os meus netos disserem aos meus filhos que guardam lembranças minhas, e de mim sentem saudade, não terei morrido nunca:
Serei eternidade”.
Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos
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