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quarta-feira - 17/12/2008 - 12:17h

“Fafaísmo dá um salto para o futuro

Ao anunciar às 16h15 da terça (16), a relação de auxiliares que farão parte do seu governo, a partir de 1º de janeiro (segunda gestão), a prefeita Fafá Rosado (DEM) foi além de um simples gesto administrativo. Há embutido no fato, uma simbologia que representa ousadia: há marcha batida para construção de um grupo político próprio.

Sob o comando do seu irmão e chefe de Gabinete, agitador cultural Gustavo Rosado (na foto, de boné, atrás da prefeita), a facção política de Fafá ratifica dois propósitos com a reforma da equipe, para o futuro governo: primeiro, recrudescer a centralização de comando no próprio Gustavo, visto como “prefeito de fato”; segundo, isolar a influência do “rosalbismo”.

Desde 2002, que a facção política da enfermeira Fafá Rosado migrou para o rosalbismo. Desprendeu-se do comando da prima Sandra Rosado (PSB), deputada federal. A opção foi ficar à sombra do casal Rosalba Ciarlini (DEM)-ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM).

Depois de perder as eleições municipais de 2000 para a própria Rosalba, Fafá foi ungida prefeita com seu apoio em 2004 e reeleita este ano. De lambuja, ainda fez o seu marido, médico Leonardo Nogueira (DEM), deputado estadual em 2006.

Na reforma do secretariado, o que pesa não é esse saldo eleitoral recente, bastante positivo para o círculo doméstico de Fafá Rosado. Os olhos estão no futuro, na tentativa de se forjar um terceiro braço político saído da raiz Rosado, em contraposição ao rosalbismo e ao “rosadismo” de Sandra.

MENTOR

Como mentor político desse esquema, sua “eminência corada”, Gustavo Rosado esquadrinhou o governo e planificou-o para reduzir a influência de Carlos e Rosalba. Na primeira gestão, em vias de chegar ao fim, isso já pôde ser notado.

A herança deixada pelo rosalbismo, com uma série de nomes empoleirados no poder, passa por expurgo. Não se trata de uma ruptura formal, uma dissensão unilateral, tomada pelo “fafaísmo”, neologismo que começa a se fixar no agrupamento de Fafá. É um gesto claro de atitude, rumo à autonomia, que passa pelas eleições de 2010 e a própria sucessão de Fafá em 2012.

Busca-se luz própria.

Estandarte popular desse neogrupo, Fafá vende sorrisos às câmeras, claques e à população. Na sua anti-sala, Gustavo robustece essa imagem, à ocupação de mais espaços adiante, sob orçamento municipal que passará de R$ 1,2 bilhão (2005-2008). É frio e chega a ser sarcástico nessa tarefa.

O rosalbismo sente a estocada.

Em Mossoró, existem dois exemplos recentes, antípodas, mostrando que operação desse porte não é fácil. Está sujeita à decepção. Pode ir do nirvana às fossas marianas. Depende de uma série de fatores.

Em 1989, com a posse da pediatra Rosalba Ciarlini na Prefeitura de Mossoró, Carlos Augusto começou a sacramentar a segunda força saída da família Rosado, em confronto com o tio Vingt Rosado. Até então, ele e Rosalba eram meros apêndices do sistema Maia (ex-governador Tarcísio Maia).

Apesar de alguns solavancos, o rosalbismo é uma realidade.

Já o prefeito Dix-huit Rosado, tio de Carlos e Fafá Rosado, morreu em pleno terceiro mandato (22 de outubro de 1996) na prefeitura, levando consigo o sonho de outra força. Seu filho, empresário Mário Rosado, foi “líder” enquanto durou o governo do pai. Não teve tempo sequer para criar um termo próprio à pretensão.

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