Por Honório de Medeiros
Flanando pela Europa, mais precisamente no Leste Europeu, em abril deste, fiz uma anotação na minha agenda que tomo a liberdade de repassar para vocês:
“Todos os guias que contratamos nesta viagem, e foram quatro, falaram mal dos políticos de seus países. Será um fenômeno universal?
Às vezes tenho a sensação de que algo está para acontecer, ou seja, o desprezo, a impaciência, do povão vai se transformar em revolta – mesmo no Brasil, covarde, atoleimado – e muita desgraça acontecerá.
Nossa guia tcheca, quando lhe perguntei acerca do seu novo Presidente, respondeu: “vocês conhecem o modelo: é ignorante, demagogo e beberrão”.
Eu quis esboçar um protesto, mas deixei para lá em homenagem ao filho que ela teve com um nordestino.
A guia austríaca apontou-nos um belo prédio e comentou: “esta é a Casa do Absurdo, mais conhecida como Parlamento”.
O guia português, extremamente formal – usava o vós majestático de quando em vez – era mais sutil, mas desceu a peia verbal nos governos europeus, generalizando.
E a guia húngara, uma bela balzaquiana de pele de criança, loura, nariz afiladíssimo, olhos azuis, azuis, nos apontou a sede permanente do Circo Húngaro e nos apresentou a sua vertente irônica: “este é o segundo maior circo do País.”
“Qual é o primeiro”, perguntei. “O Parlamento”, respondeu.
Percebam que aqui as instituições funcionam, mesmo assim há essa irritação, esse desprezo, achaque constante em relação aos políticos. E esses sentimentos existem no Brasil, agravados pelo absoluto descompasso entre nossa elite dirigente, a se comportar como predador esfaimado ante o patrimônio público, e o resto do povo.
Desprezo, essa é a palavra chave. Irritação é o sentimento que está surgindo, lento, firme e constante.
Tomara que toda essa carga negativa não se transforme em ódio, mas é difícil acreditar que tanto descaso possa durar para sempre, mesmo em ditaduras…”
Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e do Estado do RN
Texto próprio para analfabeto funcional.
Excelente para coletâneas e lançamentos em feiras de livros ou ser arquivado no nicho das belas crônicas.
É formal e tenta ser bem arrumadim.
Denota um autor de cumprimento caloroso – um forte aperto de mãos, tapinhas nos ombros e um grande sorriso proporcional ao salário de funcionário público bem sucedido.
Ora, que onda!
Sem dúvida Meu Caro Gilmar.
Que “BELA” onda…!!!
Um abraço
FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
OAB/RN. 7318.