Por Marcos Pinto
Verificando minuciosamente os documentos oficiais do final do Sec. XVII existentes no vetusto acervo do venerando Instituto Histórico e Cultural Do Rio Grande Do Norte – (IHGRN), resta sobejamente comprovado que todo o processo de colonização e povoamento da região do Açu está intrinsecamente ligado ao combate à indiada hostil, cujo movimento bélico passou a ser denominado de “A guerra dos bárbaros” (16871697).
Surge daí a certeza de que a Ribeira do Açu constituiu uma importante corrente de colonização da região do Oeste potiguar, citando-se como exemplo o caso da família Nogueira Ferreira, oriunda da Paraíba, comandada pelo bandeirante Manoel Nogueira Ferreira, que antes de fundar a cidade do Apodi em 1680, requereu e conseguiu uma concessão de “Data de Sesmaria” na região do Açu, tendo desistido da mesma, após ter descoberto as paradisíacas paragens do rincão Apodiense.
Com certeza o célebre bandeirante seguira as veredas indígenas que faziam o intercâmbio dos Janduís do Assu com os tapuias Baiacus da lagoa do Apodi. As tradicionais famílias do Assu descendem de bravos homens que participaram do combate aos índios Jardins, destacando-se as famílias Soares, do bravo combatente nonagenário Manoel de Abreu Soares, Rodrigues Santiago, do Capitão Manoel Rodrigues Santiago, Vieira De Melo, do fundador do Arraial de Nossa Senhora dos Prazeres (Atual Assu) Bernardo Vieira de Melo.
Até meados do séculos XVIII, a terra rica em lavoura e pecuária do vale do rio Açu era habitada pelos andus, nome do chefe indígena que se estendeu à tribo. Nessa época, o homem branco já havia começado a explorar os potenciais da região, gerando amplo conflito de interesses com os índios. O homem branco partia para a criação bovina, enquanto os andus consideravam legítima a caça ao gado.
Devido à intensidade das lutas entre brancos e índios, um grande conflito, conhecido como a guerra dos Bárbaros, marcou a década compreendida entre 1687 a 1697.
Em 1696, Bernardo Vieira de Melo, então Governador da Capitania do Rio Grande, colocou-se à frente de uma pequena expedição e fundou à margem esquerda do Rio Açu ou Piranhas o Arraial de Nossa Senhora dos Prazeres, ponto de reforço para a conquista do sertão. Instalou-se com seus soldados no novo arraial, iniciando o aldeamento dos índios e assegurando o estabelecimento dos colonos.
Surgiu daí o povoado com a denominação de “Povoação de São João Batista da Ribeira do Açu”. Aos perscrutadores da genealogia açuense, sugiro que comecem a pesquisa pela leitura da lista dos nomes dos estoicos homens que compunham o famoso “Terço dos Paulistas”.
Como leitor contumaz da exponencial obra de genealogia nordestina intitulada “Nobiliarquia Pernambucana”, pude encontrar os liames genealógicos desta nobre família na Ribeira do Açu, nos Volumes II e IV. Houve tempo em Pernambuco em que predominava um famoso bordão de que “Quem não era Cavalcanti era cavalgado”.
Esta família é das mais antigas e nobres de Pernambuco, onde teve princípio em Felipe Cavalcanti, ilustre fidalgo natural de Florença, na Itália, filho de João Cavalcanti e de Genebra Mandelli. Segue esboço genealógico:
* Felipe Cavalcanti (Vôlei, pág. 413) – Casou em Olinda-PE com Catharina De Albuquerque, filha de Jerônimo de Albuquerque e da índia Maria do E. Santo Arcoverde, filha do Principal dos Tabajaras, que habitavam em Olinda. Foram pais de:
F.01- Antônio Cavalcanti De Albuquerque (1º – Vol. II, pág. 415) – Casou com Isabel De Góes, filha de Arnaud de Holanda, Natural de Utrecht, na Holanda, e de Brites Mendes de Vasconcelos, sendo neta paterna de Henrique de Holanda de Regensburg e Margarida Florência, irmã do Papa Adriano IV. Foram pais de:
N.01- Isabel Cavalcanti. (Vol. II, pág. 419): – Casou a primeira vez com Manoel Gonçalves De Cerqueira, filho de Pedro Gonçalves de Cerqueira, por apelido “Peru Peco” e Catharina de Friezas. Foram pais de:
BN.01- Antônio Cavalcanti De Albuquerque (Vol. II, pág. 420): Conhecido com o nome de Antônio Cavalcanti, o da guerra. Aos seus prudentes conselhos deveu João Fernandes Vieira a resolução de restaurar Pernambuco. Faleceu durante a Guerra Holandesa em 1645, em Igarassu, comandando tropas que iam em socorro a Goiana-PE. Casou com Margarida De Souza, filha de Antônio de Oliveira, português, e Leonard Velho. Foram pais de:
TN.01- João Cavalcanti De Albuquerque (Vol. II, pág. 423): A quem chamaram “O de Santana”, por ser Senhor deste Engenho, na Freguesia de Santo Amaro de Jaboatão. Em 1645 já se achava casado com MARIA PESSOA, filha de Arnaud de Holanda Barreto, Senhor do Engenho de São João, da Freguesia de São Lourenço da Mata-se, e de Luísa Pessoa. Foram pais de:
QN.01- Francisco Xavier Cavalcanti. (Com sucessão na região Oeste Potiguar, que será objeto de outro artigo).
QN.02- Bertoleza Cavalcanti – (Vol. II, págs. 424 e 473, e Vol. IV, pág. 475): Casou em segunda núpcias com Marcos Dantas Da Cunha, natural da Paraíba, e foram pais de:
PN.01- Antônio Dantas De Barros, natural da Paraíba. Casou com IGNEZ, filha do Cel. Pedro da Silva Cardoso. Foram pais de:
Sexto-Neto 01- Pedro De Barros Dantas -. Assentou Praça em 27.07.1789, e era morador na Ribeira do Açu, tinha 45 anos de idade, Branco, casado, estatura ordinária, barba fechada, olhos azuis, cor rosada, testa grande. Foi pai de Joaquim de Barros Franco, que em 1789 tinha 12 anos de idade, quando assentou Praça.
PN.02- Capitão-mor Francisco Dantas Cavalcanti – Casou no Assú com Ana Maria De Santiago, filha do Capitão Antônio Cabral de Macedo e Josefa Martins de Sá (Esta filha do Capitão-mor José Ribeiro de Faria, português, e de Joana Martins de Sá. (Fonte: Livro “Documentos do Arquivo – Potes. De Províncias – Vol. II, págs. 43 a 45 – Secretaria do Governo de Pernambuco – Recife 1943)”. Foram pais de:
Sexto-Neto 02- Antônio Dantas Cavalcanti – Casou com Maria José De Menezes, sobrinha do famoso Padre Francisco Correia Telles de Menezes, que faleceu e foi sepultado no ano de 1845, com a idade de 100 anos. Foram pais de: Manoel Ignácio Cavalcanti, Pedro de Barros Cavalcanti, Antônia, Antônio e Manoel Correia Telles, que por sua vez foi o pai do General José Correia Telles (1835-04.01.1897. (Vide livro “O RN na Guerra do Paraguai” – Adauto da Câmara – pág. 82).
Sexto-Neto 03- Bertuleza Dantas Cavalcanti – Casou com o Capitão Manuel Varela Barca (0 1º deste nome), natural do Cabo-PE, filho legítimo de José Varela Barca (Português) e de Brites Paes Barreto. Manuel casou em primeira núpcias com Luzia Florencia Da Silva, filha do Capitão-mor João Ferreira da Silva, falecido em sua fazenda “São Lourenço” das Várzeas do Apodi a 05.02.1788, e de Brites Maria de Melo. Com descendência. Casou em 2º núpcias com Francisca Ferreira Souto, e em 3º núpcias com BERTULEZA. Manuel e Bertoleza foram pais de:
– Francisca Ferreira Santos – Casada com João Pio Lins Pimentel.
– Domingos Varela Barca.
– Rosa Francisca Ferreira.
– Manuel Varela Barca (2º) – Pai de Maria Beatriz Paes Barreto, casada com Manuel de Melo Montenegro Pessoa, e de Maria Francisca Silvina, casada com João Rodrigues da Costa Júnior. (FONTE: Vide livro “Velhos Inventários do Oeste Potiguar” – Pág.16 – Marcos Antônio Filgueira -Coleção Mossoroense – Série C – vol. 740 – ano 1992.
Marcos Pinto é advogado e escritor
Uma observação: Na décima linha, onde se lê ERA HABITADA PELOS ANDUS, leia-se Era habitada pelos Janduís.
Na décima linha onde se lê INTERCÂMBIO DOS JANUS DO ASSU leia-se intercâmbio dos Janduís do Açu . Corrigindo o comentário anterior, refiro-me a décima sétima linha.
Parabéns Marcos Pinto por mais um Artigo!! Sou sua fã n. 01 que Deus te conserve assim inteligentíssimo por toda a vida…Abraços.
Caro Marcos Pinto,
Foi com grande satisfação que li seu artigo “Família Cavalcanti na Ribeira do Assu”.
Meu tataravõ José de Araújo Pereira Cavalcanti, casou-se na Bahia em 1818 e constava nos registros como natural da Freguesia de São Batista do Assu, Bispado de Pernambuco, filho de Antônio de Araújo Pereira Bertholza Dantas.
Porém, de acordo com seu artigo, certamente há um erro de grafia no nome da mãe de meu tataravô, deveno ser BERTHOLEZA e não Bertholza.
Aproveitando a oportunidade, pergunto-lhe se você tem conhecimento desse casal: Antônio de Araújo Pereira (imagino que nascido em torno de 1758) e Bertholeza Dantas.
Parabéns, ilustre Marcos Pinto! Sempre com grandes trabalhos na área da Genealogia! Muito competente, sem dúvidas! Reconhecemos o seu valor! Carlos Henrique Moura Mavignier de Noronha.
Parabéns meu nobre, belíssimo artigo. Avante.
Cada dia, o primo Marcos Pinto, nos surpreender com seus resgates históricos. Parabéns.
Estou pesquisando sobre minhas origens tenho familiares no Peru, em Portugal, Itália,Holanda Brasil,EUA
Marcos pinto.foi um prazer ler seus artigos .Estou em busca doqs meus ancestrais .e estou tendo muita dificuldade por nao ter datas.nem documentos se vc pudese mim ajudar eu ficaria grata.os meus biza.achei so ela.no site mas ele esta dificil.sempre soube que ele era chamado de Antonio Targino Alves dos santos e era Espanhol.e chegou na paraiba com mais dois irmãos. 1 era chamado de Francisco targino alves.o outro era Jose targino alves.o Francisco targino faleceu na cidade de Inga de Bacanarte.e era solteiro.meu biza Antonio Targino faleceu em serra redonda na PB.e Jose targino bao sabemos onde ele foi parar.seficou na paraibaou de foi para outro estado.Alem do mais meu biza era Casado com Damiana Batista de melo onde tiveran 24 filhos.2 morreram entre a infancia e a juventude.os 22 permaneceram edpalhados.desses 22 conheci 11 tios mas nao consigo os nomes dos demais.queria ter certeza que os tres eram edoanhois e de que cidade.como gostaria de saber o paradeiro do jose targino alves dos santos.onde ele foi parar.como abseio saber se Damiana era natural de Pianco?ou de santana de garrote no sertão da paraiba.pois no site family search diz que era moradora do povoado de pianco. ai fico a mim perguntar:isso seria um bairro da cidade de Inga ou de serra redonda?ou esta se referindo a cidade de Pianco no sertão perto de Itaporanga? Como tambem gostaria de saber de onde veio meu avô paterno.filho de Joao goncalves Alves.Lucio Pereira de Araujo.falecido em nazare da mata em pernambuco.era casado com maria jose barros bezerra de araujo.tiveram 12 filhos.os filhos conheci.mas ele?não sei se e de paudalho.ou goiana.ou limoeiro.se puder mim ajudar vou ser bastante grata. E nunca vi uma foto.pois e diferente do meu biza targino que guardo a foto dele e da damiana.inclusive botei a fotoo no site da igreija dos mormos.sao muitas duvidas.nao sei de onde veio o Lucio pereira de araujo.setinha irmãos? Se puder mim ajude que eu agradeço. Meu fone 83 988501345.
Boa Noite Carlos!
Nesse texto você comenta que Francisco Xavier Dantas seria objeto de outro artigo.
Pergunto se tjá publicou esse artigo.
Abraços,
Demóstenes
NOTA DO BLOG – Demóstenes, o autor do texto é o escritor Marcos Pinto.
Até aqui ele não fez artigo ou crônica sobre esse personagem. Mas, pode provocá-lo.
Abraços.
Através do family search venho descobrindo minhas raízes familiares Cunha, Cavalcante e Lobato em Santana do Matos e Assu pelo lado paterno…
O registro de casamento de meu tetravô José de Araújo Cavalcanti na Bahia (1818) foi encontrado e anexado ao perfil dele no site Family Search (ID GC4D-5RZ). A mãe dele realmente se chamava Bertholeza Dantas.