Por Bruno Ernesto
Quem anda pelo Sertão nordestino, inevitavelmente avistará belos casarões antigos que refletem a arquitetura portuguesa dos séculos XVII, XVIII e XIX, que influenciou toda a colonização na região, com fortes traços barrocos.
Sua arquitetura é plenamente adaptada ao clima quente e seco, com uso de paredes espessas, ladrilhos, telhados amplos, altos e bem inclinados, meia-parede dividindo os cômodos internos, janelões, frontões e construídas basicamente com materiais locais, devidamente caiadas.
Eram, sobretudo, casas simples. Todavia, funcionais para o dia a dia, e que refletiam a economia local, baseada na agricultura e pecuária.
Muitas dessas construções são testemunhas de um tempo que se foi e que agora servem apenas de boas lembranças e de registro histórico.
Embora pouquíssimas dessas construções históricas estejam bem preservadas, o que vemos e esperamos num futuro próximo é desolador.
Se você observar bem, nos centros urbanos, esses casarões, quando não abandonados à própria sorte, somem do dia para noite sem deixar rastro.
No Sertão adentro, a morte desses casarões pode até ser mais lenta. Entretanto, em breve, findarão.
Infelizmente o que vemos nos últimos tempos é que uma combinação de fatores sociais, econômicos e de estilo de vida, praticamente selaram o fim desse estilo arquitetônico.
O intuito e urgência hoje é preservar esses tipos de construções. Se não por inciativa dos seus proprietários, com iniciativa estatal e vigorosos e perenes incentivos governamentais, inclusive de isenção de tributos e linhas de crédito específicas e acessíveis para quem se disponha a tanto.
Inclusive, é uma modalidade de turismo já sedimentada em outras regiões, e que serve como modelo econômico alternativo para regiões sem outros atrativos turísticos, podendo ser criadas verdadeiras rotas históricas, unindo preservação com desenvolvimento econômico sustentável na região.
Além de não haver muito interesse na preservação desse patrimônio histórico, ante o seu alto custo, o estilo de vida moderno tem imposto, além de uma nova cultura social e econômica, outros estilos arquitetônicos mais voltados ao modismo vazio que, sequer, respeitam as condições climáticas, além de não guardar nenhum apego à história local.
O que se vê hoje são construções padronizadas e totalmente vazias de personalidade. Não se espera mais nem que o jardim cresça naturalmente. As plantas já vêm crescidas e ali se planta.
Uma característica fácil de se constatar nessas construções contemporâneas, é que não há nenhum vínculo de memória afetiva nelas, não há qualquer vínculo de memória e história entre a construção e seus habitantes.
Basta ver que quem decora não são os moradores. Terceiriza-se até a despersonalização da casa. Não há uma fotografia, uma mobília ou recordação.
Assim, tal qual Fogo Morto, derradeiro livro de José Lins do Rego, que encerrou o seu “ciclo da cana-de-açúcar”, ao narrar o declínio do Engenho Santa Fé, essa chama não tardará a se apagar dos nossos Sertões.
Bruno Ernesto é é advogado, professor e escritor
Contextualiznte. Com muita dir e revolta, lembro a situaçào do mais que bicentenário Casarão Senhorial do sítio “Sabe-Muito”, em Carsúbas-RN..
VeDetesto quem detesta a história. Não consigo entender como DEUS deu vida às detestáveis figuraa wue detestam a historia, destruindo m⁶onumentos ou desfigurando-os, para que a posteridade não emcontre as máculas traçadas pelo homem egoísta e ganancioso.