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domingo - 01/01/2012 - 10:34h

Folclore político, por Sebastião Nery

Por Sebastião Nery

Os dez mandamentos do político mineiro:

01 — Mineiro só é solidário no câncer;

02 — O importante não é o fato, é a versão;

03 — Aos inimigos, quando estão no poder, não se pede nada. Nem demissão;

04 — Para os amigos tudo. Para os inimigos, a lei;

05 — Respeitar, sobretudo, o padre que consegue votos; o juiz, que proclama o eleito; e o soldado, que garante a posse.

06 — Nas horas difíceis, cabe ao líder comandar: “Preparemo-nos e vão”;

07 — Voto comprado não é atraso, é progresso. Se o voto é comprado é porque tem valor;

08 — Em briga de político, geralmente perdem os dois;

09 — Mais vale quem o governo ajuda do que quem cedo madruga;

10 — É conversando que a gente se entende.

José Cavalcanti, o filósofo de Patos (Paraíba): “O homem de responsabilidade política não mente: inventa a verdade.”

Tem mais dele, José Cavalcanti: “Político é o indivíduo que pensa uma coisa, diz outra e faz o contrário”;

– O político, quando se elege, assume dois compromissos: um com ele mesmo e outro com o povo. O primeiro ele cumpre;

– Dinheiro é como azeite: por onde passa, amolece;

– Político sem mandato é como chocalho sem badalo: balança mas não toca;

– O bem público não quer bem a ninguém, a não ser a si mesmo;

– João Agripino (ex-governador paraibano, irmão do ex-governador do RN Tarcísio Maia) é como mandacaru: não dá sombra nem encosto;

– Político pobre é como mamoeiro: quando dá muito, dá duas safras;

– Se queres ser bem sucedido na política, cultiva essas duas grandes virtudes: a sinceridade e a sagacidade. Sinceridade é manter a palavra empenhada, custe o que custar. Sagacidade é nunca empenhar a palavra, custe o que custar;

– Oposição agora é como grama de jardim: tem direito de viver, mas sem direito de crescer. (Obs: dito durante o regime militar de 1964);

– Oposição é como pedra de amolar: afia mas não corta;

– Governo técnico é como maestro: rege a orquestra de costas para o público.

Domingos, filósofo de Jaguaquara (Bahia): “Oposição e sapato branco só é bonito nos outros”.

– Sabedoria, quando é demais, vira bicho e come o dono;

– Candidato é como puta: se não ficar na janela, marinheiro não vê.

Ulisses Guimarães, o filósofo da oposição (traçando a estratégia da escalada do MDB em 1974, 76 e 78): “No alto do morro estavam dois touros. O touro velho e o touro novo. Viram lá embaixo o pasto cheio de vacas. O touro novo ficou aflito: — Vamos descer depressa e pegar umas dez. O touro velho balançou a cabeça: — Nada disso. Vamos descer devagar e pegar todas.”

– Deus manda lutar, não manda vencer;

– 1974 não foi uma tempestade. Foi uma tromba d’água (referência às vitórias do MDB em 16 dos 22 estados da federação, em 1974;

– O destino do MDB não é a oposição. O destino do MDB é o poder.

De Millor Fernandes sobre Sebastião Nery, sua obra e a política do bom humor: “No decorrer de sua experiência de mais de duas décadas como repórter especializado, Sebastião Nery pode colher, nos anfiteatros mais engraçados do Brasil, o Senado e a Câmara, muitos de seus momentos mais hilariantes”.

E prossegue: (…) “Nery aprendeu que, muitas vezes, parar de enfrentar o tigre frente a frente e puxar-lhe o rabo inesperadamente é mais útil à causa e muito mais eficiente. Já foi muito dito mas nunca é demais repetir: castigat ridendo mores, ou seja, “rindo é que se castiga os mouros“.

Sebastião Nery é jornalista, escritor, bacharel em direito e político

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Categoria(s): Grandes Autores e Pensadores

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