domingo - 19/08/2012 - 19:09h

Força bruta

Por Cassiano Arruda (Novo Jornal)

Se é verdade, como preceitua o manual de sobrevivência política do velho – e verdadeiro – PSD, que nesta atividade não existe nada por acaso,  no meio de uma campanha que não consegue empolgar o eleitorado surgiu um fato novo que deixa o Governo Rosalba Ciarlini numa situação extremamente desconfortável.

O ato de força, determinado por um secretário de Estado, para, num golpe de mão, tomar o comando do partido de um aliado, permite uma série de raciocínios, todos negativos para o momento vivido por Rosalba.

Afinal de contas, por que precipitar um fato que poderia ser deixado para daqui a 60 dias? Valendo lembrar que 60 dias tem sido o prazo mínimo entre uma tomada de decisão e sua aplicação em nível governamental nos últimos 20 meses.

Nas primeiras explicações, a governadora Rosalba e o seu marido, Carlos Augusto, se dizem surpreendidos pela decisão do secretário Benito Gama, ocupando interinamente a presidência do PTB, de afastar o presidente estadual, deputado  Ezequiel Ferreira de Souza.

Admitindo-se essa hipótese pouco consistente, o sistema governamental ganha um atestado público de falta de comando político, permitindo que ocupantes de cargos em comissão busquem caminhos sem seu conhecimento e à revelia do governo.

Mas,  tratando-se de uma decisão planejada, o Governo pode ter criado uma situação capaz de deixa-lo ainda mais isolado, oferecendo argumentos para todos os aliados terem motivos de sobra para criação de um clima de desconfiança que dificilmente será revertido.

Uma hipótese é de que Rosalba e Carlos Augusto estão convictos de que o DEM não resistirá ao resultado das urnas de 7 de outubro e trataram de criar logo uma alternativa, enquanto o secretário de Desenvolvimento ocupa interinamente a presidência nacional do PTB, partido que teve sua história estuprada pelo general Golbery da Costa e Silva, num dos últimos atos do regime autoritário.

Neste caso, o senador José Agripino, presidente nacional do DEM, terá recebido a sinalização de que o antigo grupo político, que tem se mantido unido no estado há mais de trinta anos,  está irremediavelmente fraturado, especialmente numa hora em que  disputa uma batalha de vida e morte em Mossoró (fundamental para o futuro de Rosalba), onde existem evidências da falta de recursos para a candidata governista.

E, como fica o outro aliado preferencial, o PMDB de Garibaldi e Henrique Alves, que tem sido parceiro do Governo em muitos municípios, inclusive composto com o PTB e o sistema governista, como é o caso do estratégico município de Macaíba?

No meio de enormes dificuldades administrativas, que estão exigindo toda a atenção e ação da governadora do estado (a Saúde em estado de calamidade, por exemplo), fabricou-se uma crise política de consequências ainda imprevisíveis. É que ninguém consegue fazer política sozinho e o que está ruim ainda pode piorar, sobretudo quando é feita a opção pela força bruta.

Nota do Blog – Cassiano, sempre Cassiano Arruda. Conhecedor profundo dos intramuros do poder e interlocutor privilegiado de nomes de proa da política potiguar, ele faz uma série de observações que precisam ser anotadas.

Não se trata, como é comum se afirmar, de “matéria paga” ou de satanização gratuita do Governo Rosalba. Ele faz uma radiografia clarividente da conjuntura política e endossa o que temos escrito há tempos: o governismo está sem rumo e sem prumo. E pode piorar.

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Categoria(s): Artigo / Política

Comentários

  1. Paulo Pinto diz:

    Entre ” situação extremamente desconfortável”, “ato de força, “caminhos sem seu conhecimento e à revelia do governo”, “criação de um clima de desconfiança que dificilmente será revertido” , “uma batalha de vida e morte em Mossoró” e “o que está ruim ainda pode piorar” uma frase teima em saltar aos olhos: “EXISTEM EVIDÊNCIAS DA FALTA DE RECURSOS PARA A CANDIDATA GOVERNISTA”. Abaixo tradução livre:

    Candidata governista – Claudia Regina
    Falta de Recursos – Publicidade e Marketing ( rubrica que responde por um dos maiores gastos nas campanhas eleitorais)
    Arturo Arruda Câmara – publicitário da Art&C – resp pela conta Publicidade e Marketing da candidata Claudia Regina – é filho do jornalista Cassiano Arruda, autor do texto.
    RESUMO DA ÓPERA – A informação procede, a fonte é confiável. Talvez a agência receba dinheiro hoje.

  2. FERNANDO fF diz:

    Isso, ratifica a minha desconfiança! Quem é a candiadata do grupo Rosado? Pergunto a Marco Pinto, conhecedor da politica de Mossoró.Eu tenho quaze como certeza que a candidata do grupo é a filha da prima.Digo, da prima Sandra Rosado.Tô certo? Dr Marcos.

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