Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas…
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!
Os dias são Outonos: choram… choram…
Há crisântemos roxos que descoram…
Há murmúrios dolentes de segredos…
Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!…
Florbela Espanca – (1894-1930)
Dileto Carlos, bom dia e feliz dia das crionças!!!
Uma poesia poderosa, linda e verdadeira, não pelo título da mesma, mas pela abrangência dela, coloquei a primeira estrofe na lapela do paleto do meu saudoso pai quando o mesmo foi encaminhado para o sepúlcro, querendo dizer que longe dele não há vida.
carlos, “são dois velhos pobrezinhos ou dois velhos pobres rios”?
“Meus olhos são dois pobres, tristes rios”?
Carlos, esta poesia cantada por Raimundo Fagner se constitui em uma de suas melhores interpretações. Excelente lembrança de minha infância. Um abraço.