Por Odemirton Filho
Outro dia li uma crônica do escritor Ferreira Gullar. O texto falava sobre as garrafas de areias coloridas da nossa praia de Tibau.
Há muito tempo, conforme Gullar, em São Luís do Maranhão, tinha visto uma dessas garrafas de areias coloridas e ficara admirado. Achara de extrema habilidade o trabalho do artista.
Segundo lhe contaram, um grupo de mulheres lideradas por Maria Francisca, moradora da cidade de Tibau, fazia essas garrafas. “Belíssimas! Um encanto”, dissera o poeta.
De acordo com o narrado por Maria Francisca, quando ela era menina houve uma grande ressaca na praia de Tibau, pondo à mostra a variedade de areias coloridas ali existentes. Ela e a irmã começaram a brincar e levar para casa. Uma delas resolveu guardar as areias coloridas dentro de uma garrafa e, daí em diante, começaram a fazer desenho simples. Com o passar do tempo foram aperfeiçoando os desenhos. A história é verdadeira? Não sei, estimado leitor.
Mas, de toda forma, fiquei impressionado com a narrativa de Gullar. Eu, particularmente, desconhecia. Com certeza, muitos não sabem sobre esse pedaço da história de Tibau.
Cá de minha parte, pensei o quanto damos tão pouco valor as coisas de nossa terra. Nunca imaginei que um poeta da estatura de Gullar tivesse escrito sobre a arte da nossa linda e gostosa praia de Tibau. Aliás, nesses tempos difíceis, um banho de água salgada faz bem.
Em vários momentos, já relatei neste espaço as lembranças da minha Tibau da infância e juventude. A crônica de Gullar me fez voltar ao morro do labirinto e suas areias coloridas, no qual brincava com os meus primos naquelas tardes de veraneio, depois tomava banho no “pinga”. Sempre vem uma doce saudade daquele tempo.
Infelizmente, não encontro à venda as garrafas de areias coloridas como antigamente. Hoje, de vez em quando, deparo-me com algumas. Talvez, os mais jovens já não exerçam a arte como faziam os seus pais e avós.
Aos leitores, deixo as palavras do grande poeta Ferreira Gullar como uma homenagem à nossa arte: “as garrafas valem pela sua beleza inesperada, pela força poética que arrebata objeto tão cotidiano para os campos dos sonhos. Eis uma das coisas mais puras e mais fascinantes da arte popular brasileira: As garrafas do Tibau”.
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça
Caro Odemiron, por motivos ” difusos e aleatorios” estive ausente da vida cultural de Mossoró, embora seja apenas um incherido, mas tenho batido nesta tecla ultimamente; vamos valorizar a nossa cultura, cade o grude, o gelé, as garrafas com areias coloridas de Tibau? Seu Caverna e Chico de Lodinha de Areia Alvas?
Mossoró com seus poestas, escritores, contadores de causos, o pastel com suco que Seu “Fransciquin” que quando pediam pasteis, dois no caso com o gesto em V ele dissia; sai de um em um, saculejava a garrafa do suco colocando o dedo pra tampar a boca, os “metirosos oficiais” de nossa urbe? Ninguem se lembra mais! Que saudades! Das cantorias, das emboladas!
Pois bem, sou saudosista mesmo.
Um abraçaço.
NR dizia.
A velha Beliza é uma das artesãs responsáveis por tão bela arte do primitivismo de Tibau, além da culinária impecável tendo como prato de referência a peixada, por sinal muito saborosa, além da peixada também se destacava o seu doce de caju feito de modo artesanal (rasgado o fruto com as mãos) o doce tinha o sabor da fruta, hoje já não mais o encontramos.
Referente as garrafas de areias coloridas, hoje existe um santo no céu que foi presenteado com uma destas peças artesanais oriundas do chão de Tibau.
São João Paulo II, o Papa do povo.
Acho que em Tibau não existe secretaria de turismo e cultura, pois nada disto é difundido e tornado em história.
Que pena!!!
Meu caro, Odemirton,
Essas garrafas de areia colorida que são vendidas hoje, são coloridas artificialmente, onde eram retiradas as areias coloridas que tanto nos encantaram, hoje existe um condomínio que pertence ou pertenceu aos porcinos.