O professor Gilton Sampaio é o nosso entrevistado de hoje, completando a série de pingue-pongue com candidatos a reitor da Universidade do Estado do RN (UERN). Ele possui graduação em LETRAS (UERN/Pau dos Ferros) e especialização em Didática do Ensino Superior, mestrado em Linguística Aplicada e doutorado em Linguística e Linguística Portuguesa. Desenvolveu estágio de pós-doutorado em Estudos Comparados pela Université Paris 8 Vincennes-Saint-Denis na França.
Exerceu liderança no Movimento Estudantil da UERN, de 1988 a 1992, sendo Representante do DCE em Pau dos Ferros e, por duas vezes seguidas, Presidente do CA de Letras naquele Campus. Em gestão acadêmica, exerceu as funções de Chefe do Departamento de Letras (2003-2007), Coordenador das Especializações em Linguística Aplicada e Língua Inglesa (2004-2005); Coordenador do Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Letras (2007-2008) e Diretor do Campus Avançado de Pau dos Ferros (2007-2011 e, em segundo mandato, desde 2012), sendo eleito democraticamente pelos pares para todas essas funções de gestão. Vamos à entrevista:
Blog Carlos Santos – Sua campanha é de clara oposição à atual gestão e ao modelo que ela representa. Sua postulação – com apoio do vice Lúcio Ney – é uma alternativa diferenciada e melhor por quê?
Gilton Sampaio – Sim, propomos um novo modelo de gestão, um modelo descentralizado, desburocratizado, funcional e acadêmico, no qual as decisões sejam tomadas em conjunto com as unidades acadêmicas, os campi avançados e os órgãos colegiados, e não em gabinetes fechados, tendo a caneta de um Pró-reitor mais poder que uma Unidade ou um Campus inteiro. Nossa proposta se torna diferenciada porque foi implantada e aprovada; implantamos em Pau dos Ferros, como diretor, um modelo descentralizado, tanto na parte administrativa como na parte acadêmica.
Na nossa gestão os departamentos acadêmicos ganharam poderes, matrículas, diários, declarações de alunos, assinatura de pontos dos professores. Antes centralizados na direção, passaram a ser de responsabilidade e acompanhamento dos departamentos; estabelecemos parcerias com instituições públicas e privadas em prol de melhorias para o CAMEAM e também como forma de contribuir para o desenvolvimento da região, como no caso da luta pelos Campi do IFRN e da UFERSA. Reforçamos ainda nosso espírito de luta e de mobilização que pode ser exemplificado na luta pela conclusão do Bloco Vertical com três pavimentos, o único da UERN que começou a ser construído em 2009 e está em pleno funcionamento desde 2010, os demais estão com obras paradas, em estado de deterioração.
BCS – O senhor tem uma experiência administrativa no Campi de Pau dos Ferros e larga vivência como docente da UERN, bem como no prélio sindical. Do outro lado da mesa, como reitor, como conciliar deveres institucionais com necessidades das categorias funcionais?
GS – Nossa experiência Administrativa e de participação nos movimentos discente e docente nos qualifica para assumirmos a reitoria e mudarmos a situação ‘anêmica’ em que a UERN se encontra. Um dos princípios da nossa gestão é a Indissociabilidade entre ensino pesquisa e extensão como pilar para termos uma Universidade de qualidade. Entretanto, para alcançarmos tal objetivo precisamos de profissionais bem remunerados, bem capacitados, além de um ambiente acadêmico e as condições de trabalho necessárias para que os docentes e os técnicos possam desenvolver suas atividades sem percalços e para que os alunos possam de fato ter acesso a um ensino de qualidade.
De modo que não há uma contradição entre os “deveres institucionais” e as “necessidades das categorias funcionais”; pelo contrário, existe sim uma complementariedade entre os dois. Ao sonharmos e buscarmos uma Universidade de qualidade precisamos antes de tudo valorizarmos nossos recursos humanos, tanto em termos de lutar pela implantação de um plano de cargos, carreiras e salários condizentes com sua atuação profissional, quanto em garantir a capacitação de docentes e técnicos.
BCS – O senhor prometeu – em encontro com estudantes – meios para apoio a residências universitárias, restaurantes, transportes, bolsas remuneradas etc. Como tornar isso factível numa universidade que não tem autonomia financeira?
GS – Vamos assumir esse compromisso com recursos do orçamento estadual e federal, com base num projeto estruturante para a UERN, articulado com os segmentos acadêmicos, com a sociedade civil e com os poderes públicos. Garantir o acesso e a permanência dos estudantes em nossa Universidade será questão de honra para nossa gestão. A luta dos nossos estudantes por Residências e Restaurantes Universitários, por transporte coletivo, por condições adequadas ao ensino aprendizagem é histórica, foi pauta inclusive das últimas greves. Não podemos ficar esperando apenas pelo Orçamento do Estado, que além de insuficiente é imprevisível, nunca se sabe de fato quanto de recursos teremos de fato, nem quando serão liberados.
É preciso captar recursos externos, existem recursos e editais disponíveis em diversos Ministérios, Órgãos públicos e outras Instituições, agora é preciso buscar. Já temos alguma experiência em captar recursos externos, apesar da burocracia uerniana, criar muitas vezes obstáculos para a efetiva utilização desses recursos. Dois exemplos recentes: o Museu de Cultura Sertaneja efetivado com recursos ganhos em edital do Ministério da Cultura, e os recursos do CT Infra para a construção da Biblioteca de três pavimentos no CAMEAM, edital de 2009, este ainda hoje esperando sua efetivação.
BCS – Caso seja eleito, o senhor pretende viabilizar a isonomia entre os segmentos no peso dos votos a reitor e vice, em relação ao próximo pleito? E como viabilizar a autonomia financeira da UERN? Em toda campanha a reitor esses são temas recorrentes e nunca materializados.
GS – Na verdade, não só esses, mas outros assuntos de interesse da comunidade ueniana têm sido postos sempre na campanha e os eleitos nunca os executam. E observe que são mais de 44 anos de continuísmos. Daí porque pretendemos mudar esse modelo de gestão na UERN. Em relação ao voto paritário, essa é uma luta histórica, faz parte da minha identidade enquanto estudante da UERN. E como professor sempre defendemos a isonomia entre os segmentos em todas as instâncias. Essa proporcionalidade é desigual e vergonhosa numa sociedade democrática. Inclusive articulamos junto a alunos e funcionários a aprovação do voto paritário no último processo estatuinte, tanto nos processos eleitorais, como na composição dos conselhos e demais órgãos colegiados da nossa instituição.
É compromisso nosso, de Gilton Sampaio e Lucio Ney, como Reitor e Vice-reitor, retomar logo na segunda reunião do CONSUNI, a reforma do Estatuto da UERN com base no último processo estatuinte. Quanto a Autonomia Financeira, também é um princípio da nossa carta-programa e será bandeira de luta da nossa gestão, não apenas a autonomia financeira, mas a autonomia plena (política, didático-científica, administrativa, financeira e de gestão) que obedeça ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão e atenda aos anseios da comunidade acadêmica. Como conseguir?
Através da articulação com os segmentos acadêmicos, com a classe política (independente de partidos e siglas) e com a sociedade civil organizada, a UERN está em todo o Rio Grande do Norte, seja através dos Campi ou dos Núcleos, precisamos unir forças em prol de uma UERN que proporcione um ensino de qualidade, que tenha projetos de pesquisa e extensão que atenda aos anseios da sociedade, para isso precisamos de uma Universidade Autônoma.
BCS – A Uern é muito criticada por não ter uma inserção social conforme às demandas da sociedade. Às vezes, parece ignorar o que acontece à sua porta. A instituição deixou de ser atuante, preocupada apenas com seu próprio “umbigo”?
GS – A UERN hoje está presente em todas as regiões do Rio Grande do Norte. Mas ela poderia ser mais presente também em termos de formulação de políticas públicas, por exemplo. Entretanto, problemas como a falta de autonomia das unidades, problemas de financiamento da pesquisa, da pós-graduação e da extensão, tem tornado a inserção da UERN na sociedade cada vez mais difícil. Acrescente a isso outras questões, como: qual é a política efetiva e o debate de questões centrais para educação básica, conduzidos pela UERN? Qual é a nossa política para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte?
Nós temos profissionais em diversas áreas que podem ser aproveitados e junto a outros, de outras instituições, pensarem, articularem e implementarem projetos diferentes para uma sociedade diferente, mais democrática, mais ética. É preciso atuar de forma mais concreta na construção de uma sociedade melhor para todos nós cidadãos. A UERN não é a-sociedade; ela não é anti-social. Pelo contrário. Ela é um espaço privilegiado de relações sociais, de projetos coletivos, de produção e de disseminação do conhecimento. E vamos dar maior visibilidade a essas questões também, que muito beneficiará a sociedade.
BCS – Na atual gestão do Governo do Estado, a UERN bateu recorde negativo: chegou à greve de maior duração, com 106 dias. Instituição e governadora Rosalba Ciarlini (DEM) estão longe de uma convivência serena. O senhor tem os meios para aplacar essa crise?
GS – Articulação dos segmentos acadêmicos em torno dos interesses da UERN e diálogo sério, transparente e aberto com o governo e com os demais poderes do estado é o caminho. Nosso Estado está vivenciando um momento muito difícil, o Governo que aí está não tem atendido às demandas da população, aos anseios da sociedade que o elegeu. Na UERN em particular, temos a histórica partidarização dos reitores, que são filiados a partidos políticos, e isso não tem trazido nenhum benefício para a Instituição; houve um Reitor que era amigo do Governo e saiu criando núcleos e campi sem estrutura nenhuma e sem discussão interna nos conselhos; outro reitor é inimigo do governo e por isso não dialoga, não busca soluções para os problemas da Universidade.
A UERN precisa de um Reitor que se coloque acima dos partidos políticos, um Reitor que tenha autonomia para lutar pelo melhor para a UERN. Essa será a nossa forma de gestão, nosso partido é a UERN, buscaremos unir todas as bandeiras, estabelecer amplos diálogos com todos os partidos a favor da Universidade. Já fizemos isso diversas vezes, quando fomos coordenadores do Fórum para a implantação dos novos cursos no CAMEAM, quando participamos da luta para a implantação dos Campi do IFRN e da UFERSA em Pau dos Ferros.
BCS – Sua campanha tem apontado interveniência da Reitoria, com uso de meios da instituição, para desequilíbrio do pleito. A disputa está viciada e pode ter um resultado final comprometido?
GS – Lutar contra um grupo que vem se perpetuando no poder há décadas não é fácil. A propaganda institucional que durante meses elevou o seu nome à frente da Pró-reitoria de pesquisa e pós-graduação, mesmo que para isso fosse necessário apagar o brilho dos pesquisadores. Daqueles que são realmente os que elaboram os projetos de mestrado e doutorado, bem como os editais para a busca de recursos externos. Some-se a isso a campanha de calúnia e difamação a minha pessoa e a perseguição aos colaboradores da nossa campanha.
A despeito disso, os apoios e adesão são em grupo e diariamente; estamos confiantes na vitória, temos andado por todo o Estado e recebido apoios em todos os Campi, unidades e setores pelos quais temos passado. Sentimos que os professores, alunos e servidores técnicos e de apoio estão cansados de promessas não cumpridas; o sentimento de mudança é predominante, o sonho de uma UERN melhor, descentralizada, equitativa, mais democrática, mais acadêmica e funcional tem tomado conta de todos os segmentos.
A onda da nova UERN, descentralizada, democrática, funcional e transparente, que emergirá do Campus Central está tomando conta de Mossoró e de todo o estado. Será uma nova UERN dirigida por dois filhos seus. Fui aluno de Pau dos Ferros e do Campus Central. Sei o que é vir da zona rural para a UERN em carros desconfortáveis e sei o que é “pegar carona” na Cobal para poder chegar ao Campus Central. E isso me honra e nos dá elementos objetivos para entender melhor os que sentem os nossos alunos, abandonados em toda a história de nossa universidade. Então, como o dia da eleição, 20 de março, está chegando, conclamamos todos a juntar-se a Gilton Sampaio e a Lucio Ney para construirmos a “UERN do tamanho dos nossos sonhos”. Aproveito para agradecer-lhe pela atenção e pelo espaço.
Esse pleito eleitoral na UERN mostrou pra sociedade mossoroense e das outras cidades onde a universidade possui campis ou núcleos como a universidade está mais do que sujeita a politicagem das mais baixas possíveis. Essa campanha está lamentável. Se encerrará de forma vergonhosa. Haja baixaria. O que em nada condiz com um pleito que é realizado em um âmbito acadêmico. Nas redes sociais… Nem se fala. Nunca vou me esquecer de uma professora-doutora do departamento de Ciências Sociais e Políticas(DCSP) se comportando de uma forma baixa, vil, rasteira, ela é um dos símbolos do que foi esse processo eleitoral. As vísceras da universidade foram sendo arrancadas e mostradas em público da maneira mais nua e crua possível. Mas é bom, porque assim sabemos o quanto anda o pensamento de muitos professores, técnicos, e alunos da universidade. Pobre UERN!
Agora fazendo uma análise do fim de mandato de Milton Marques á frente da UERN, só posso dizer que vendo como parte integrante da sociedade mossoroense, nada me agradou, ele pouco fez, os méritos se devem em sua suma maioria aos pró-reitores, pesquisadores e entre outros que o auxiliaram, esses sim merecedores de parabéns, e nem todos por sinal, mas alguns fizeram bonito. Eu pelo menos penso que Milton nem perfil de reitor tem, com todo respeito a ele, Ana, Gilton e Pedro, os candidatos desse pleito de 2013 possuem perfil de reitor, Milton não. Achei uma lástima a forma como foi tratado muitas das vezes Aécio Cândido, a ele foi dado o que já era dele por direito, o simbolismo acadêmico, as decisões, em sua maioria absoluta sequer nunca passaram por sua mesa pra saber o que ele como um grande intelectual pensava do que estava sendo decidido, aliás, sempre achei a escolha de Aécio pra ser vice de Milton algo como puro simbolismo mesmo, pois como bem se sabe, Aécio é um dos grandes nomes da história da universidade, e Milton o ter como companheiro de chapa seria absolutamente maravilhoso, tendo em vista que Milton não possuia e nem possui perfil de um reitor. Eu só espero que quem vencer desses 3, Ana, Gilton e Pedro faça aquilo que realmente tem que ser feito na universidade, a UERN está com um atraso enorme, as gestões anteriores nada fizeram pra tirar a Universidade dessa situação, e se os que forem eleitos não fizerem, a bomba vai estourar, porque enquanto mais as coisas forem acumulando, um dia tudo foge do controle. Creio que a chapa Pedro e Aldo Gondim vença, entre os discentes sei que não irão vencer, pois esses como os grandes vivenciadores dos problemas da UERN devem optar por votar em Ana ou Gilton, mas como docentes possuem 70% do peso dos votos e as outras duas categorias possuem 15 % cada, técnicos e discentes, Pedro e Aldo devem confirmar o favoritismo, pois entre os docentes e os técnicos eles devem levar a maioria dos votos. Desejo muito trabalho pra quem irá assumir a cadeira de reitor e vice, pois a UERN está precisando urgentemente de pessoas que vão a luta de verdade, e não que fiquem sentadas em suas cadeiras se apoiando somente no trabalho dos outros e fazem da burguesia a sua grande marca.
Bom, mas pra ninguém ficar dizendo que vim aqui só pra falar desse pleito da UERN, e da gestão de Milton… Quero dar meus parabéns a Carlos pela rodada de entrevistas com os candidatos a reitores. Quero também me desculpar com o blog por um infeliz comentário que fiz dizendo que esse veículo de comunicação estava privilegiando Pedro Fernandes, fui muito estúpido. E mais uma vez Carlos, parabéns. Você mostrou com essa rodada de entrevistas com Ana, Gilton e Pedro que esse blog é um veículo de comunicação de primeira qualidade e que presta um grande serviço a sociedade mossoroense e potiguar. Em minha humilde concepção, um dos melhores blogs sem sombra de dúvidas do RN. Vida longa ao coluna do HERZOG por Carlos Santos jornalismo de opinião.
IVO HOLANDA PEREIRA CANDIDATO QUE POSSUI PERFIL DE UM REITOR E GILTON A HUMILDADE E O SONHO DE UMA UNIVERSIDADE MELHO NÃO TEM DOVIDA
Fui servidora do CAMEAM e conheço trabalho de Gilton, fui contagiada naquela unidade por uma sede imensa de mudança, de desejo pela pesquisa, pela formação; sei principalmente da dignidade desse homem, do seu caráter e reconheço seu trabalho a frente daquele CAMPUS, por isso peço que analisem bem as propostas antes de votar, reflitam, pois veremos que esse nome é a melhor opção para mudança da UERN. QUEREMOS UMA UERN DO TAMANHO DOS NOSSOS SONHOS.