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domingo - 08/01/2012 - 10:23h

Gosto quando te calas

Por Pablo Neruda

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

Pablo Neruda – Poeta chileno (1904-1973)

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Categoria(s): Poesia

Comentários

  1. Elves Alves diz:

    Pelo interesse em comum por Neruda, a próxima paragem natalense do blogueiro será inevitavelmente pelos alpendres e arquivos secretos de Diógenes da Cunha Lima. Ou, se preferir, de Antonio Júnior, seu duplo baiano. Convém, entretanto, não esquecer Cascudo: ‘Natal não consagra nem desconsagra ninguém’. O que é muito do ótimo, como diria o capitão Canindé Queiroz.

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