Por Odemirton Filho
De vez em quando eu leio, ou melhor, releio o poema Guardar (veja AQUI e em vídeo mais abaixo), de Antonio Cícero, e fico impressionado com a sensibilidade dos versos e a leveza das palavras.
O que é guardar na visão do poeta?
Guardar é observar, olhar, cuidar. Quando guardamos alguma coisa em um cofre perde-se a coisa à vista. Em seu poema, ele fala sobre o ato de preservar o que é importante, de encontrar sentido na permanência da coisa.
E nós? O que verdadeiramente guardamos? Guardamos os momentos a dois? Desfrutamos do amor, nem que seja por um instante? Guardamos a companhia das pessoas que nos fazem bem? Fazemos a vida valer a pena?
Pense. Pensemos.
Toda vez que eu leio sobre alguém que tira a sua própria vida, sobretudo se for jovem, bate-me uma profunda tristeza. Fico a remoer o quão àquela pessoa sofreu, mergulhada nos problemas d`alma. E Antonio Cícero, autor do poema que ora se desnuda, tirou a sua própria vida. Porém, quem somos nós para julgar essas pessoas?
Assim, guardar a nossa vida é iluminá-la, e por ela ser iluminado, procurando sentido para os nossos afazeres, fazendo o cotidiano ficar interessante, vivo, pulsante, apesar das dificuldades que todos nós carregamos sobre os ombros.
Quando escrevemos, escolhemos cada palavra como se fosse uma flecha que quer atingir o alvo, o coração e o sentimento das pessoas que nos leem.
Por isso, como diz Cícero, quando publicamos um texto ou declamamos um poema, queremos vigiá-lo, guardá-lo, com enorme carinho e devoção.
Como diz o poeta:
“Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro, do que pássaros sem voo”.
Não é lindo o voo de um pássaro?
*Antônio Cícero – (1945-1924) foi poeta, crítico literário, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras
Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos
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