domingo - 02/03/2025 - 12:38h

Hoje é Carnaval

Por Odemirton Filho

Arte ilustrativa

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Na minha juventude eu gostava de brincar o carnaval. Era tempo de viver a vida sem qualquer preocupação, a não ser os estudos. A adolescência, creio, brinda-nos com os melhores momentos de nossas vidas.

Eu brincava o carnaval lá no clube Creda, em Tibau. Os meus pais compravam as senhas para que pudesse curtir os quatro dias; “compravam a mesa”, como se dizia.

No finalzinho dos anos oitenta, ainda se tocavam as marchinhas de carnaval, porém, o axé começava a despontar como ritmo a animar os foliões.

Lembro que quando tinha uns dez ou doze anos, os meus pais me levaram para um baile de carnaval na ACDP, no início dos anos oitenta. Acredito que foi um dos últimos bailes realizado no clube. Sentia um cheiro de perfume no ar, nem sabia o que era, e, sentado à mesa, tomava guaraná Antarctica. Meus pais, juntamente com amigos, divertiam-se pra valer.

Bandeirinha, um amigo de meu pai, gostava de cantar (desculpe o trocadilho), “bandeira branca, amor… Ele pensava que cachaça era água, mas cachaça não é água não ….

Tio Espínola (de saudosa memória) e tia Adna chegavam mais cedo lá em casa, na rua Tiradentes, e tomavam umas pra carregar as baterias, antes de irem para o clube com os meus genitores.

Disse meu pai que os carnavais no clube Ypiranga e da ACDP eram maravilhosos. À época, era comum os famosos “assaltos” nas casas de algumas pessoas, e os anfitriões serviam comida e bebida à vontade aos presentes.

O saudoso colaborador deste Blog, Paulo Menezes, também escreveu sobre os carnavais de outrora. Segundo ele, “os blocos de salão mais famosos da época eram: Hi-fi, Sky e Os vips. A recepção era com muita bebida e salgadinhos de finos paladares. Não faltava também o “Lança-perfume Rodouro”, aromatizando o ambiente e embriagando-nos ao tempo que nos transportava para um mundo de sonhos e fantasias”.

Era o tempo das marchinhas de carnaval. Aliás, “ô abre alas, que eu quero, eu sou da Lira, não posso negar, Rosa de Ouro é que vai ganhar…” foi a primeira, de autoria de Chiquinha Gonzaga, em 1899.

Ao lado de amigos, eu passava o dia na praia. Às vezes, quando o dinheiro acabava, e não dava pra comprar cervejas, deixávamos no “prego”, pois o dono da barraca era nosso “chegado”. “As águas vão rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar, eu passo a mão, na saca, saca rolha, e bebo até me afogar”.

À noite era no clube Creda. A turma jovem lotava o espaço, e todos eram nossos conhecidos. Eram quatro noites de folia. Somente tempos depois o clube Álibi foi inaugurado.

Quando o carnaval da cidade de Aracati começou a ganhar fama, eu e alguns amigos, acompanhados por nossas namoradas, íamos até lá, numa das inúmeras aventuras da adolescência. “Chegou à turma do funil, todo mundo bebe, mas ninguém dorme no ponto…

Hoje, entretanto, a história é outra. A maturidade já não me anima a brincar o carnaval; curto os dias de momo ao lado da minha família, escutando músicas do meu gosto, acompanhado de umas boas doses, é claro, porque ninguém é de ferro.

Leia também: Um Carnaval que não será igual ao que passou (Paulo Menezes, 14/02/2021)

Enfim, peço desculpas por trazer à baila essas reminiscências, mas “eu quero matar a saudade (…) não me leve a mal, hoje é carnaval …

Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. ROZILENE FERREIRA DA COSTA diz:

    👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏, Odemirton Filho.

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