Qual a pesquisa certa, afinal?
Os números do Ibope, que atestam possibilidade escassa de existir segundo turno ou a do Start, assinalando eventual disputa entre Rosalba Ciarlini (DEM) e Iberê Ferreira (PSB) em nova eleição?
Meu fone, caixa de e-mail e contatos pessoais nas ruas são objetos da mesma abordagem. A mesma interrogação.
Vamos teorizar e procurar simplificar o cientificismo dos números, sem cairmos na tentação da crítica passional.
Uma dos dois está certo. Pela discrepância entre os dados do Ibope e as informações do Start, eles não têm como se fundir com resultado que sairá das urnas neste dia 3.
Também, por favor, vamos abolir esse lugar-comum que diz: "O que vale é a pesquisa das urnas". Bobagem. Urna não produz pesquisa, urna recebe votos.
Pesquisa estima, avalia, cogita, identifica tendência. Urna recebe e totaliza votos. A primeira é abstrata, a segunda é fato.
O Ibope não afirma, categoricamente, que não haverá segundo turno. Por seus números, Rosalba teria 8% de maioria sobre os demais adversários, margem boa, mas longe de ser confortável e irremovível.
Boca-de-urna
Já o Start, considera que o segundo turno é uma realidade palpável. Os concorrentes de Rosalba somariam 3% a mais do que suas intenções de voto.
Estudos regulares indicam que uma boca-de-urna, ou seja, o último trabalho de catequese eleitoral no dia da eleição, pode produzir até 15% da votação total de um candidato. Ou seja, o resultado das urnas pode contrariar – e muito – uma pesquisa feita dias antes.
Na série de seis pesquisas Ibope, o que se observa é uma flutuação das principais candidaturas, sem aumentos súbitos ou quedas bruscas. Na verdade, algo compatível com a realidade da própria campanha, que não teve episódios marcantes em termos de escândalos, que caracterizassem o chamado "fato novo".
Quanto às rodadas do Start, no total de sete sondagens, há crescente e compreensível elevação de Iberê de 26 de julho a 24 de setembro, até chegar aos 32,4% desse sábado (1º). Ele pulou de 24% no dia 26 de julho para 32,4% nesse sábado (2º). "Engorda" de 8,4% em dois meses e sete dias.
Porém Rosalba desabou 8,5% em 12 dias, do dia 20 de setembro para o dia 2, sem uma justificativa plausível. Tinha 49,3% àquele dia e agora, no sábado (2), estacionou em 40,8%.
A onda de denuncismo contra ela e a presença de Lula na campanha adversária teriam produzido esse solavanco?
Essa erosão acontecera sobretudo em Natal, onde teoricamente o eleitor é mais livre da pressão do poder e avesso ao "cabresto" de lideranças.
Enfim, a pergunta persiste: qual pesquisa está certa?
Os números disponíveis, das duas pesquisas, não me garantem uma afirmação categórica e segura. Entretanto é certo que o Start faz uma aposta de alto risco, pois contraria não apenas o Ibope, mas todos os institutos que pesquisaram e oficializaram os dados até aqui.
De hoje não passa o testemunho das urnas.
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