Parcela maciça da mídia do RN, das TV´s, rádios e jornais aos endereços cibernéticos, parece que fechou questão no tocante a um personagem proeminente da “Operação Lava Jato”: o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), potiguar Marcelo Navarro.
Culpado ou inocente? Vítima ou farsante?
Mas o escudo que se forma em torno de Marcelo Navarro e da hagiografia que possuía até bem pouco tempo, convertida em quase prontuário, depõe muito mais contra a imprensa do que em relação a ele.
Intocável, vestal no mundo jurídico e queridinho da imprensa, Marcelo vê o círculo se fechar. Até ano passado, quando surgiram os primeiros sussurros ou notícias que apontavam para consórcio abjeto entre ele e o Governo, numa troca de favores própria de submundo, sua defesa no RN era bem maior.
Não faltaram notas de desagravo, eventos de incenso e coro na mídia o escudando. Hoje, essa mobilização ‘espontânea’ é menor ou mesmo escassa.
Apesar de estar frequentemente sendo citado pela chamada Grande Imprensa nacional, por supostamente ter sido nomeado para o STJ – dia 17 de agosto de 2015 – em troca de atuação em favor de empresários presos, ligados ao Governo Dilma Rousseff (PT), a aparição de Navarro – em ‘trajes sumários’ – em noticiário no estado é quase zero. É um intocável.
O implacável Ribeiro Dantas – 20 de dezembro de 2015
Do blog O Antagonista
Antes de votar pela liberdade de Marcelo Odebrecht, quando ainda no TRF da 5ª Região, Ribeiro Dantas era um juiz implacável com os réus presos. O comentário veio de uma fonte do Ministério Público ouvida pela coluna Expresso, da revista Época. Por que, então, os advogados dos empreiteiros presos acreditavam que Ribeiro Dantas seria “mais sensível” aos argumentos pró-libertação de seus clientes?
No máximo surge a defesa sem o registro das denúncias, inclusive de fatos novos. Suprime-se da sociedade norte-riograndense o direito a ser informada dos fatos. No domingo (15), por exemplo, o mais conceituado site político do país, o Congresso em Foco, dissecou em postagem exclusiva que Navarro é objeto de pedido de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) – veja AQUI.
Abaixo, leia o que diz um trecho da reportagem assinada pelo jornalista Sylvio Costa, diretor-editor da página:
1) O pedido de abertura de inquérito tramita no STF como procedimento “oculto”, formalizado por Rodrigo Janot (Procurador-Geral da República) no último dia 27. “Oculto” é o processo que sequer entra para os registros oficiais da instituição, publicados no portal do Supremo, dado o sigilo que o envolve.
2) Na peça, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deixa clara a necessidade de investigar Navarro e o próprio presidente do STJ, ministro Francisco Falcão.
Corrupção endêmica
Mesmo com o impacto dessa notícia, de sua importância para entendermos a engrenagem endêmica, sistêmica e cientificista da corrupção, adotada como “política de governo”, o assunto é praticamente ignorado por essas plagas.
A mesma matéria especial de Sylvio Costa ainda aprofunda detalhamento sobre o que é investigado, noutros parágrafos:
4) A PGR constata, no documento, que houve “interlocução densa” entre Delcídio (ex-senador Delcídio do Amaral, cassado recentemente) e Navarro e que o depoimento prestado por Diogo Ferreira Rodrigues, assessor do ex-senador, “se harmoniza perfeitamente com o do congressista e veicula pormenores das tratativas anteriores à nomeação de Marcelo Navarro Ribeiro Dantas.
Com efeito, como você pode verificar no original, Diogo fornece detalhes até agora desconhecidos sobre o tema, além de mensagens trocadas pelo celular com Navarro, que não deixam dúvidas quanto ao fato de que Delcídio, na condição de líder do governo Dilma, participou ativamente dos entendimentos para viabilizar a aprovação do seu nome pelo Senado.
Roda Viva, IstoÉ
Reforça o enredo da blindagem e proteção ostensiva do nome de Marcelo Navarro, outro fato jornalístico de grande repercussão veiculado em nível nacional no dia seguinte (segunda-feira, 16) à matéria do Congresso em Foco: entrevista de Delcídio do Amaral ao programa Roda Viva da TV Cultura.
Na entrevista elucidativa (veja AQUI e em vídeo mais acima), Delcídio reiterou o que dissera em delação premiada da Operação Lava Jato, em relação a Marcelo Navarro. Bateu com a reportagem do Congresso em Foco.
Antes, tivemos matéria especial que a revista IstoÉ já publicara há algumas semanas (veja AQUI), em que detalhara onde o ministro do STJ se enquadraria no esquema criminoso de proteção a réus ilustres como Marcelo Odebrecht.
Mas a mídia norte-rio-grandense novamente não viu nada.
Juízo de fato
Mesmo com essa proteção cavilosa da mídia, Marcelo convive com um juízo de valor coletivo que o acusa e também o faz mergulhar no silêncio. Boa parte dos jornalistas/blogueiros que o defende de público, não sustenta o mesmo fervor advocatício no simples cafezinho do shopping ou convescote em restaurante em Ponta Negra.
Ganha robustez maior o “juízo de fato”, uma quase-verdade que produz outro conceito sobre ele.
Também são inaudíveis ou estão refreadas, as notas de repúdio de entidades da magistratura e outros segmentos do mundo forense às acusações e denúncias que o envolvem.
Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, o ministro “Ribeiro Dantas”, é inocente? É possível.
Mas não deve estar tranquilo. O quadro não está favorável.
Delcídio do Amaral não colocaria a própria mão no fogo por Michel Temer, presidente interino do país. Quantos o fariam por Navarro, hoje, no RN?
Uma coisa é certa: o esforço camarada da maioria da imprensa pouco acrescentará à sua defesa e reputação empinada até bem poucos meses.
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A República representativa presidencialista e seus três poderes estão estão em putrefação. Há anos que emana do poder moderador um odor tão fétido quanto o dos outros dois irmãos.
A queda é eminente. Resta saber se será pela revolta popular ou pelas mãos de meia dúzia de homens velhos, brancos e desvergonhosamente ricos.
Há muito que a justiça – na província, na capital e nas altas cortes – despiu a venda, jogou fora a balança e deu brado de espada em riste para onde anda o eldorado. Hoje inspira menos sabedoria, admiração e respeito que temor, receio e medo. Salve, salve o juízo de Salomão!
No país de Macunaíma, ninguém chega às suas altas cortes simplesmente por ser “inocente” ou ter notório saber jurídico… Foi assim com o ministro Dias Toffoli (ex-advogado do PT), e não terá sido diferente com o incensado jurista potiguar.
Na realidade, até agora o que existe no noticiário nacional em relação a esse problema com o Min. Marcelo Navarro são acusações feitas por políticos bandidos e, confessadamente, interessados em provocar escândalos como forma de defesa. Ainda não houve nenhuma manifestação do Ministro acusado, o que certamente quando ocorrer irá calar muita gente. Trata-se de um jovem jurista já renomado, poliglota, e possuidor de uma cultura geral espetacular, que não precisava, sob hipótese nenhuma, se comprometer com nenhum político safado e ladrão confesso para alcançar a magistratura superior do nosso país. Está sendo muito injustiçado, o que será comprovado com o tempo.
Ao Tempo pouco importa o esforço encomiástico, seja este da “imprensa camarada” ou de parentes e amigos.