Por Ney Lopes
A Índia foi por muitos anos vista como a relação pobre com a China, retida por um setor estatal esclerosado e burocrático. O país tem enormes problemas de pobreza e infraestrutura precária, mas está começando a emergir como rival de seu grande vizinho, com o tipo de crescimento econômico que já foi o orgulho de Pequim. A Índia com população de 1,4 bilhão de pessoas ultrapassou recentemente o Reino Unido, como a quinta maior economia global e pode ser a terceira em 2030
O mundo se familiarizou com super milionários chineses, como Jack Ma, o fundador do Alibaba. A Índia rivaliza e tem empresários de expressão global, como Gautam Shantilal Adani, bilionário indiano e fundador do Adani Group, conglomerado multinacional focado no desenvolvimento e operações portuárias na Índia. Em 2022, Adani se tornou a segunda pessoa mais rica do mundo, de acordo com a Forbes.
O Banco Asiático de Desenvolvimento projetou que a economia da Índia crescerá um ritmo acelerado de 7,2% este ano, o maior entre os 46 países da região da Ásia e do Pacífico.
O PIB do país cresceu 13,8% no final de 2023. Os controles da pandemia foram suspensos e a produção e serviços cresceram. Os fatores que influem nesses resultados são a liberalização econômica do setor privado, rápido crescimento da população ativa e do realinhamento das cadeias de suprimentos globais da China. A participação indiana no produto interno bruto mundial mais do que triplicou, desde 1992. Nesse ano, o PIB dos EUA foi 18 vezes maior que o da Índia. Hoje o múltiplo caiu para sete.
A Índia parece motivada para continuar sua marcha de crescimento, criando situações de ultrapassagem da Alemanha e o Japão. Há a pretensão de aumentar o setor de manufaturas e desafiar a China como exportadora número 1 do mundo. O país beneficia-se de uma classe média de bom nível, o que ajuda a desenvolver setores de TI (Tecnologia da Informação) e produtos farmacêuticos. Também tem uma forte demanda do consumidor, que responde por cerca de 55% da economia, em comparação com menos de 40% na China.
O que poderá dificultar a ascensão indiana são os conflitos fronteiriços com a China, que fazem parte de um impasse militar na região de fronteira disputada pelos dois países, desde 5 de maio de 2020, resultando em combates e tiroteios frequentes.
China e Índia estão separadas pela cordilheira do Himalaia e compartilham fronteiras com Nepal e Butão. Ao longo dos limites terrestres há dois territórios em disputa. Esses conflitos estremecem as relações entre os dois gigantes. Não há qualquer indício de uma solução para a disputa fronteiriça de décadas, o que pode levar a uma nova onda de tensões, a qualquer momento. A verdade é que China e Índia continuam sendo ferozes rivais.
Ney Lopes é jornalista, advogado e ex-deputado federal
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