Por Mariana Oliveira (TV Globo Brasília), G1RN e Blog Carlos Santos
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito para investigar o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), e o deputado federal Fábio Faria (PSD-RN) com base nas delações de executivos da JBS.
Apresentado na semana passada por Janot, o pedido só foi tornado público no sistema do Supremo nesta quarta-feira (5).
Em nota conjunta, Robinson Faria e Fábio Faria, reforçaram o posicionamento feito após denúncia de delator e afirmaram que conheceram a JBS no período eleitoral e confirmam que receberam “doações da empresa citada, somente durante o período de eleições, oficialmente, legalmente, devidamente registradas na Justiça Eleitoral e sem qualquer contrapartida nem ato de ofício”
Ao STF, Rodrigo Janot também pediu que o caso seja sorteado para um novo relator, por não ter relação com as investigações da Lava Jato. As delações da JBS estão sob a relatoria do ministro Edson Fachin.
O pedido de Janot
Segundo o pedido enviado ao STF, o executivo da J&F (grupo que controla a JBS) Ricardo Saud afirmou que Fábio Faria e Robinson Faria receberam doações não declaradas à Justiça Eleitoral.
O delator disse que a J&F repassou R$ 10 milhões, sob a condição de ser privatizada a Companhia de Água e Esgoto do Estado do Rio Grande do Norte, “dando conhecimento prévio do edital a empresa para que pudessem alterá-lo a seu favor, a fim de obter vantagens competitivas em detrimento ao mercado”.
Janot destacou que, apesar de ter havido o pagamento, a contrapartida não foi efetivada porque a empresa perdeu o interesse no projeto.
Conforme o procurador, há suspeitas de caixa dois (não declaração de valores) e corrupção passiva.
Janot pede coleta de dados sobre prestação de contas; depoimentos sobre os repasses de dinheiro a Fábio Faria no supermercado e em relação às notas emitidas; além dos depoimentos de Fábio Faria e Robinson Faria.
O OUTRO LADO
A assessoria de Robinson e Fábio divulgou nota conjunta em que afirma:
1 – Ambos informam que conheceram a JBS no período eleitoral e confirmam que receberam doações da empresa citada, somente durante o período de eleições, oficialmente, legalmente, devidamente registradas na Justiça Eleitoral e sem qualquer contrapartida nem ato de ofício;
2 – Não existia, da parte de Robinson e Fábio Faria, qualquer motivo para que houvesse desconfiança em relação à origem da doação feita por meio de contatos do PSD Nacional;
3 – É importante ressaltar que, desde a campanha eleitoral, Robinson Faria tem destacado em inúmeras declarações públicas e entrevistas que não pretende e nem irá privatizar a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), o que seria, segundo o delator, a motivação do suposto pagamento irregular;
Por fim, Robinson e Fábio Faria consideram absurdas as declarações do delator que chama de propina contribuições eleitorais lícitas, com o claro objetivo de se livrar de crimes graves praticados.
A situação de Robinson Faria e Fábio Faria é particularmente delicada. As delações da JBS (veja vídeo de um dos delatores acima) são muito contundentes, o que não significa dizer irrefutáveis e absolutamente verdadeiras. Mas levam pai e filho ao canto da parede, transformando a dúvida num elemento de juízo de valor que normalmente a opinião pública sentencia contra os acusados.
Robinson, Fábio, Caern e um delator
O ex-diretor de relações institucionais da J&F (controladora do Grupo JBS) Ricardo Saud, resumiu o que teria sido a relação financeira com Robinson e Fábio, em seu depoimento a procuradores federais:
“Eles procuraram a gente, nós fizemos um jantar na casa do Joesley (Joesley Batista, um dos dirigentes do JBS). Nós não tínhamos nada no Rio Grande do Norte, mas nós estávamos montando uma empresa de concessão de águas e esgotos. (…) E lá nós falamos com eles que nós temos interesse muito grande desde que você privatize – nós já tínhamos feito um estudo mais ou menos das empresas que estavam quebradas, assim, de companhia de água e esgoto, que a gente poderia comprar, desde que nós participássemos do edital pra facilitar porque senão ninguém concorria com a OAS e com a Odebrecht Ambiental, era impossível isso. Porque o mesmo dinheiro que tomou da gente tomou das outras duas também falando que ia vender a água e esgoto”.
Robinson e o filho também apareceram em delações de executivos da Construtora Norberto Odebrecht.
Veja AQUI (Robinson) e AQUI (Fábio) conteúdo que envolve ambos.
Dama de Espadas
Nas investigações da “Operação Dama de Espadas”, que apura desvio milionário que passa dos R$ 9 milhões na Assembleia Legislativa, Robinson também é mencionado em delação premiada (veja AQUI).
Leia também: Robinson e Fábio receberam 10 milhões da JBS, diz delator (AQUI);
Leia também: Caern é a “última joia da coroa” para negociatas eleitorais (AQUI);
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E agora? O que a esposa vai dizer? Será que vai repetir que ele nasceu em berço de ouro, que a família é muito rica….e que não precisa de dinheiro alheio?
Rita, a esposa vai dizer que os dois acabaram de lavar as mãos.
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OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS NESTE MILÊNIO?