Acampado na zona rural de Governador Dix-sept Rosado, onde adota uma vida em paz com a natureza, o engenheiro Valtércio Silveira promete-me um ótimo presente. Estou com água na boca.
Ele garante-me por e-mail que está lustrando um jerimum de grandes dimensões. Logo, não ocorrendo contratempos, receberei o mimo em casa.
"Aguarde que, no início de julho, estarei lhe entregando em mãos", diz. "Estimaria apenas que me informasse o número (se possível) do seu celular", complementa.
Porém pondera que pode ocorrer surpresa:
– Para você ter uma ideia, o meu irmão Valdemar Silveira me visitou e quando viu o aludido, imaginou roubá-lo. Deu-se mal, não conseguiu.
Nota do Blog – Valtércio, esconda isso. E cuidado com o Valdemar.
Estou no aguardo para que o jerimum chegue sã e salvo.
Câmbio.
Aí é que está o problema caro Carlos Santos. Dada a dimensão da preciosidade, é inviável escondê-lo. Mas, já tomei providências no sentido de informar à polícia e pedir garantia de vida para o mesmo. ( rindo muito )
Valtercio é cabra bom,em breve,estarei próximo a ele,em uma ‘oca’ que estou preparando lá no Serrote;agora digo,com esse ‘marketing’ todo,esse jerimum talvez não encha a barriga dum preá.
O jerimum gigante (Seria esse dessa mesma espécie)
Nesse período das aulas do MOBRAL deu-se um fato interessante: Nosso Tio por parte de mamãe gostava de aprontar umas travessuras mesmo com já seus trinta anos, era solteiro e muito apegado a nossa família principalmente aos sobrinhos. Certo dia com o intuito de nos agradar com uma surpresa sem medir as conseqüências do que poderia acontecer. Sabendo ele da própria boca do primo, que na sua roça a cerca de quatro semanas vingaram um “jerimum” (Curcubita pepo) a principio comum em todas as suas características, mas com o passar dos dias tornara-se um fruto especial, pois não parava de crescer, na última avaliação do primo já passava dos quinzes quilos, um assombro pra nossa região de solo pobre e sem uso de fertilizantes. Titio foi ver de pertinho o mostro e confirmou o assombro do primo que depois de medir e tentar levantar concluiu que pesava mais de trinta quilos, foi pra casa encantado com a beleza da fruta, matutou premeditou e na outra madrugada foi à roça do primo com muito esforço rolou o jerimum até o leito do rio que corria de mancinho e fez boiar a colossal fruta na fraca correnteza, subindo o rio transpôs os obstáculos e com muito esforço conseguiu chegar a um areal onde cortou palhas de carnaubeira deixando os talos longos, atou entre si as palhas verde da palmeira, e botou o jerimum encima das palhas protegendo do atrito no chão, usando o corpo como tração arrastou-o por mais de quinhentos metros. Sorrateiro colocou num ponto estratégico na nossa casa e foi descansar. Papai costumava sair da cama ao clarear do dia para ordenhar as vacas, ao abrir a porta da cozinha, ficou surpreso com aquela anomalia genética de cor verde escuro com pintas irregulares na cor e tamanho. Chamou mamãe que muito assustada ficou, de onde teria vindo tão grande coisa? Invocou todos os santos e disse que pelo amor de Deus papai não mexesse naquilo. Pensou e concluiu que já conhecia a história da mitologia grega, podia sim, tratar-se de um novo cavalo de tróia – no caso uma abóbora de tróia que também podia esta recheada de maldades para a nossa família. Logo todas as crianças estavam despertadas com a movimentação estranha na casa, despenteadas, limpando e espantando os mosquitos que teimavam e comer as remelas dos olhos, sem entender o que se passava: choravam pensando tratar de coisa do outro mundo, tamanho era o assombro de mamãe. Nosso tio exausto pelo esforço do traslado e pela noite mal dormida, só apareceu depois das dez da manhã, para prevenir que nada contássemos do grande presente recebido. Papai que não gostou, disse: já é tarde, pois o compadre aqui veio e com ajuda do seu machado conseguimos partir-lo em talhadas e ele levou um pedaço pra sua casa. Enquanto isso o primo já deram por falta da raridade e saiu seguindo as pistas, que eram muitas deixadas por nosso tio, antes que cozinhasse a primeira caldeirada o primo chegou muito bravo, pergunto quem havia lhe furtado a sua raridade. Papai interveio contado que o jerimum amanhecera na sua porta e que não tivera culpa. Titio que estava escondido: atrás da porta, antes que papai lhe dedurasse, apareceu, e o primo disse: já de sorriso nos lábios: só podia ser coisa desse safado! Meu tio argumento e convenceu o primo. Que já calmo e degustando o primeiro pedaço, chupando os dedos lambuzados com a polpa vermelha cosida, disse: seu eu soubesse que você queria tanto da um presente para minha madrinha Eneildes, eu também teria vindo ajudar no transporte! E depois de todos comerem muito jerimum com leite, papai fez um acordo com o primo: comprometeu-se a pagar a metade e devolveu para o primo à outra metade do jerimum. Selada a paz e todos recompensados eles votaram pra casa, descendo o rio, e alguém os viu sentados: um em cada lado, fazendo da banda do jerimum uma canoa pescando traíras. E lá em casa papai vizinhou com toda a comunidade e ainda sobrou um bocado.
Rabisco em forma de lembranças da minha Mãe e do meu tempo de criança no vale do riacho mulato no Município de Caraúbas.
Anchieta Câmara – Empresário