Do Canal Meio e outras fontes
Pode parecer só futebol, mas é política também. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro afastou nessa quinta-feira (15), Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol, a CBF. O desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro nomeou um dos vice-presidentes da entidade, Fernando Sarney, como interventor, que deve convocar novas eleições na entidade “o mais rápido possível”.
A disputa pelo comando da CBF chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) , que recebeu duas ações na semana passada pedindo a saída de Ednaldo, sob a alegação de que uma das assinaturas do acordo que encerrou a ação questionando o processo eleitoral da CBF havia sido falsificada, o que foi confirmado por um laudo pericial. O documento permitiu a eleição de Ednaldo a um novo mandato em março. Fernando Sarney, filho do ex-presidente José Sarney, havia rompido com Ednaldo e era um dos líderes da oposição dentro da CBF. (ge)
O episódio é apenas mais um capítulo de uma crise na gestão de Ednaldo, que inclui denúncias de assédio, conflitos de interesse e descontrole de contas. Ele assumiu a presidência da CBF em 2021 de forma interina, sendo eleito ao cargo no ano seguinte. Por decisão do mesmo tribunal do Rio, foi destituído em 2023 após um processo movido por um grupo de cartolas, entre eles o coronel Nunes, que apontavam ilegalidades na sua eleição. Foi quando Rodrigues recorreu ao STF, sendo reconduzido à cadeira da presidência, em um acordo entre ele e os dirigentes, homologado pelo ministro Gilmar Mendes, de quem Ednaldo é muito próximo.
A situação mudou em 28 de abril, quando o portal Leo Dias revelou que o coronel Nunes, de 86 anos, sofre de déficit cognitivo e pode ter assinado o acordo judicial sem condições motoras e mentais, o que poderia anular sua assinatura. (piauí e Portal Leo Dias)
Pessoas próximas a Gilmar Mendes dizem que a permanência de Ednaldo no comando da CBF se tornou improvável. Desde 2023, o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), do qual o ministro é sócio e fundador, tem uma parceria com a entidade esportiva para gerir os cursos da CBF. A repercussão pública da proximidade entre magistrado e cartola e outros desentendimentos estremeceram a relação entre os dois, apontada nos bastidores como que sustentava Ednaldo no comando da confederação. (Folha)
Ednaldo recorreu ao STF para tentar reverter a decisão de ontem no mesmo processo que tem Gilmar como relator. Em entrevista à coluna Poder e Mercado, do UOL, o ministro do STF declarou que não há conflito de interesse em sua atuação no caso. “Eu sou sócio do IDP e, em dado momento histórico, o IDP aceitou uma proposta da CBF para realizar os cursos que a CBF Academy fazia. Foi somente um contrato de direito privado dirigido pela direção do IDP. Não há conflito de interesse em relação a esta questão. O IDP é uma instituição extremamente conceituada no Brasil e no exterior. Neste caso, [o IDP] estava organizando e cedendo seu bom prestígio à CBF, e não o contrário”, disse Gilmar. (UOL)
A maioria dos chefes das federações estaduais já abandonou Ednaldo. Um grupo de 19 dos 27 dirigentes assinou o “Manifesto pela estabilidade, renovação e descentralização do futebol brasileiro” ainda ontem e se propôs a discutir uma candidatura para a próxima eleição. Nele, as federações dizem que a CBF foi “sufocada por uma estrutura excessivamente centralizada”. Das federações mais ricas, a do Rio assinou, mas São Paulo e Minas ficaram de fora. (Lance)
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