Por Bruno Ernesto
É muito difícil encontrar alguém que não goste de um bom humor.
Particularmente, sendo bom, não dispenso uma boa piada, especialmente as sarcásticas e de humor ácido.
A despeito da inteligência artificial estar no ápice das discussões em todos os seguimentos, em especial na produção intelectual e científica, que são as áreas formadoras da sociedade moderna, o que mais preocupa o cidadão comum é se, num futuro muito próximo, o que Karl Marx denominou de classe trabalhadora, ou seja, aqueles que vendem a sua força de trabalho em troca de uma contraprestação para sobreviver, terão seu emprego ou atividade econômica garantidos quando a inteligência artificial se estabelecer como ferramenta autônoma.
Estamos vivendo uma nova corrida espacial, tal qual se deu na década de 1960, quando os Estados Unidos e a União Soviética, travavam uma guerra tecnológica para enviar o homem ao espaço e estabelecer novas fronteiras.
Muitas tecnologias desenvolvidas durante a corrida espacial hoje são utilizadas pelo cidadão comum sem nem mesmo supor a sua origem, e que trouxeram avanços práticos como, por exemplo, o revestimento teflon, que impede que o ovo grude na panela ao ser preparado no café da manhã, ou o GPS que você usa no carro.
Claro que ao falarmos de uma tecnologia tão mais complexa e tão mais impactante para economia de um modo geral, pois é possível que impacte sobremaneira o mercado de trabalho, penso que a inteligência artificial, inevitavelmente, terá o mesmo desfecho.
Entretanto, segundo dizem os especialistas, há dois aspectos cuja inteligência artificial encontra óbice: os sentimentos e a criatividade.
Embora possa ser treinada para ter emoções, o que a inteligência artificial faz é, basicamente, pensamento analítico, o que fará com que o conhecimento seja transformando numa commodity como é o café, arroz, soja ou ferro.
Não por onde, o recente lançamento da inteligência artificial chinesa DeepSeek – que tem o código aberto e foi desenvolvida por uma fração do preço da norte-america ChatGPT – causou, num só dia, um prejuízo de um trilhão de dólares nas empresas de tecnologia norte-americanas, dando um recado claro que o futuro da economia global está indiscutivelmente atrelado à inteligência artificial.
Bem, pelo menos nesse primeiro momento quem suportou o prejuízo foram as empresas e não o trabalhador, para a alegria dos marxistas.
A despeito da piada e do humor ácido, lembro muito bem de um episódio em que o brilhante Chico Anysio interpretava o personagem Justo Veríssimo, um deputado sem meias palavras ou subterfúgios quando o assunto era ter vantagem, e que tinha horror aos pobres e trabalhadores.
Na ocasião, durante uma reunião em que se debatiam as novas perspectivas de emprego, o deputado Justo Veríssimo disse que o futuro era dos robôs.
O interlocutor, apreensivo, retrucou dizendo que as pessoas iriam perder os empregos para os robôs e o deputado, de imediato, retrucou dizendo que era melhor ter robô mesmo trabalhando, pois robô não faz greve, não recebe salário, não precisa de descanso, nem namora a filha do patrão.
Nada mais justo.
Bruno Ernesto é advogado, professor e escritor
Em todos os segmentos sociais dão seguimento às iparlapatices asinhas. Essa é de lascar.
Corrigindo : …dão seguimento às parlapatices asinhas.
Digo : Parlapatices asininas.
A IA já é uma realidade. O grande problema que eu vejo (como leigo) é a apropriação indébita. O crime está aí cada vez mais forte e usando essa tecnologia. E quem garante se, no futuro próximo, a saga Exterminador não se tornar realidade? Ah, por enquanto é até divertido usá-la, não é? Fazer um texto e arrumá-lo com IA, colocar voz em quem já não está mais por aqui. Outro dia, um conhecido meu começou a “aparecer” com vários textos e, cada um deles, mas profundo que o outro. Bem, capacidade textual e conhecimento plural ele tem, não restam dúvidas. O problema é que a preguiça e o seu tempo quase todo tomado pela profissão não o ajuda muito. Aí não deu outra: textos originados pelo ChatGPT. Esquisito… Bruno, muito boa a sua crônica.