Por Odemirton Filho
Do seu belo e potente carro, com películas escuras, ele observava a cena do cotidiano. Vários pedintes nas ruas. Eram pessoas de sua cidade, de seu país, de outros países.
Ao passar nos arredores do Museu da cidade, pessoas estavam nos becos, nas ruas. Pareciam “zumbis” com a mão estendida e olhos rútilos, pedindo algum trocado. Mas ele continuava o seu caminho. Indiferente a tudo e a todos.
Quando ia à Catedral, a cena se redesenhava. Sobre os bancos da praça que ficava em frente, algumas pessoas dormiam. Estavam maltrapilhos, famintos, sem rumo.
Ao sair da Igreja dirigia-se ao seu carro, dava uma ou duas moedas a algum pedinte, e ia embora cuidar da sua vida. Não era problema dele, os poderes públicos que adotassem as providências.
Ao lado da praça, via-se o imponente prédio dos representantes do povo. Em silêncio. Um ou outro parlamentar é que, vez em quando, levantava a voz em favor daquelas pessoas.
Às vezes, quando ia jantar em um restaurante com sua família, via algumas pessoas distribuindo um “sopão” aos pedintes em alguns locais. Todavia, nunca se dispôs a fazê-lo.
E os animais abandonados? Milhares de gatos e cachorros. Com fome. Sede. Doentes. Tinha um vizinho à sua casa que, diariamente, dava comida aos gatos da rua. E ele não gostava. Incomodava-o aquela ruma de gatos fazendo barulho e sujando as calçadas.
Certa noite, lá pra três horas de uma madrugada fria, deitado em sua cama com lençóis limpinhos, sonhou com um daqueles pedintes que diariamente via nos semáforos, nas ruas, nos becos, nos bancos das praças.
No sonho, o pedinte estendia a mão, chorando, angustiado. Acordou nervoso, com o corpo pingando de suor.
Como era religioso, levantou-se da cama e foi ler a Bíblia para se acalmar. O seguinte versículo saltou aos olhos:
“Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim”. (Marcos 10:47,48)
E lágrimas contritas escorreram em seu rosto.
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça
Grande Odemirton Filho.
Mais uma página admirável
Parabéns!
Abraço.
As lágrimas de arrependimento faz doer o coração de quem pode fazer e não faz, isto deverá ser o sentimento de poucas pessoas comuns que deixou de fazer algo por quem mendiga e não recebeu nem se quer atenção.
Inerente as nossas autoridades os mendigos e moradores de rua entre o museu e a catedral, talvez não conseguiram fazer nenhuma lágrima rolar não nos olhos, imagine no coração de quem vive no mundo da efemeridade, que é o poder.
Que Deus tenha piedade, porque eles não sabem o que faz.
O texto estar supimpa, Oliveira!
Um abraçaço.
Ninguém tem tão pouco que não posso ajudar um irmão.
Qualquer semelhança com Mossoró é mera coincidência.
Quando estava lendo e as imagens em HD vinham em minha mente pareciam reais.