Viciado em roubar, pilhar, estuprar e assassinar, Virgulino Ferreira da Silva foi facilmente convencido pelo cangaceiro Massilon Benevides Leites para convocar junção de forças dos maiores bandidos sertanejos, intuindo viabilizar a mais tresloucada aventura do banditismo rural sertanejo através de formidável raid dos sertões pernambucanos em direção ao Estado do Rio Grande do Norte com o objetivo de assaltar a segunda cidade potiguar.
Massilon Benevides Leite, antigo comboieiro que durante anos fez transportes de mercadorias para Mossoró, confidenciou ao chefe cangaceiro que conhecia cada beco da capital do Oeste potiguar, garantindo-lhe que a cidade era extremamente pequena e que possuía agência bancária, casas comerciais, estabelecimentos de exportação e importação, inúmeras fábricas que produziam diversos bens, enfim, era rica ao extremo.
Precisava alguém realmente estar exponencialmente viciado em roubar para acreditar em tal informação de que Mossoró era uma cidade muito pequena, dispondo de tais espacializações geográficas, pois o que foi descrito por Massilon Benevides Leite a Lampião caracteriza espaço urbano sofisticado, sobretudo para àquela época, ano de 1927.
Depois de exaustiva marcha em direção ao Estado do Rio Grande do Norte, marcada pelo uso profuso de violência inaudita, aberrante e abominável, o bando de Lampião chegou às portas de Mossoró. Era o dia 13 de junho de 1927, dedicado ao culto a Santo Antônio.
O bando atravessou o rio Apodi-Mossoró e quando Lampião pode visualizar de forma precisa a “cidadezinha pequena” enfatizada por Massilon Benevides Leite, qual não foi a surpresa do chefe supremo do banditismo sertanejo ao constatar que havia sido ludibriado pelo falatório inconsistente e mentiroso do bandoleiro que o convenceu a empreender marcha de mais de quatrocentos quilômetros em direção ao que desconhecia totalmente, pois em sua profissão honrada de almocreve nunca esteve em Mossoró, devido ter concentrado o transporte de algodão e peles principalmente para a Pedra de Delmiro, no Estado de Alagoas.
Lampião virou bicho quando viu a dimensão espacial de Mossoró. Passou mais de meia hora analisando pelo binóculo os prováveis lugares que poderiam estar empiquetados. Concentrou-se com especial atenção na igreja de São Vicente, construída em 1919 pelos retirantes da grande seca que atingiu o semiárido naquele ano.
O chefe cangaceiro estava com muita raiva por ter sido enganado. Ordenou o inusitado, ou seja, que o bando seguisse pela atual Avenida Alberto Maranhão, justamente em direção aos pontos fortificados. O poder de liderança de Lampião era tão impressionante que os cangaceiros obedeceram sem titubear, sem nenhuma reclamação ou protesto. Agindo assim, talvez o “rei do cangaço” estivesse dando vazão à sua raiva por ter sido novamente traído.
Lampião não entrou na cidade, pois seguiu com sua guarda pessoal para o cemitério São Sebastião, onde assistiu de camarote ao combate cerrado que a população de Mossoró e os poucos militares empreenderam intuindo expulsar o atrevido bando que atacava a segunda cidade potiguar.
No dia 19 de junho de 1927, no mesmo cemitério São Sebastião onde Lampião ficou protegido do intenso tiroteio, era assassinado um dos mais temidos cangaceiros do nordeste, o qual atendia pelo nome de José Leite de Santana, natural de Buíque (PE), cujo apelido no bando – Jararaca – definiu a periculosidade de sua personalidade transviada.
Do cemitério, Lampião notou que a portinhola da parte superior da estação ferroviária se abria. Era Vicente de Sabóia Filho, administrador da ferrovia, que tentava buscar ângulo de visão para ter melhor noção do que acontecia. Virgulino Ferreira da Silva escalou o brinquedinho fabricado pela indústria alemã Mauser, que havia recebido do Padre Cícero do Juazeiro, um ano antes do ataque a Mossoró, desferindo tiro quase certeiro que prostrou Saboinha em um ataque de apoplexia, não obstante não ter acertado o alvo.
A bala do fuzil Mauser passou milímetros da cabeça do líder da trincheira da estrada de ferro.
Lampião era tudo que não prestava e ainda sobrava espaço para mais um pouco de desmantelo, mas não era idiota. Quando viu a coisa ficar extremamente delicada, ordenou retirada vexatória, aglutinando o bando e rumando para o Estado do Ceará, onde contava com malha proto-mafiosa dos coiteiros mais afamados do nordeste.
Na verdade, o ataque foi tramado no cariri cearense, nas fazendas do famoso “Coronel” Isaías Arruda.
O governador potiguar Juvenal Lamartine invocou todas as claúsulas do convênio anti-banditismo assinado no ano de 1922 na capital pernambucana, resultando em verdadeiro desastre para o bando comandado por Lampião através de verdadeira caçada, pois dos cerca de setenta e cinco cangaceiros que atacaram Mossoró no dia 13 de junho de 1927, apenas quatro acompanharam o chefe supremo do banditismo na fuga dramática em direção ao Estado da Bahia.
O restante ou estava preso ou foi morto em combate, ou ainda executado friamente, como aconteceu com Jararaca, Mormaço e Bronzeado, assassinados por ordens expressas do vingativo e irascível chefe do executivo potiguar daquela época turbulenta marcada pela violência.
José Romero Cardoso é Geógrafo, professor-adjunto da Uern e meste em Desenvolvimento e Meio Ambiente – romero.cardoso@gmail.com
e por acaso o cemitério e a estação ferroviaria fica em qual cidade? sempre teremos pessoas tentando diminuir o nosso ato bravio…
Meu amigo Carlos Santos tomara que o erário mossorense principalmente da gestão atual tome tenência dessa exposição de fatos e deixe de tanto gasto com contos e improviso desde altos custos com uma cidade inventada a coreografias que nada condiz com a verdade dos causos. esse povo onde tem bufunfa tá os motes. queria ver esse “bafafá’ todo se fosse por pura voluntariedade… arre !
o.O” o cemitério e a estação ferroviaria nao fica em mossoró??
kkkkkk”
Acho que tbm nao moro em mossoró. nunca pisei nessa terra, moro em um cemitério suahs.
o rapaz precisa estudar a geografia de mossoro, ora, ora!
Meu caro jornalista,
é impressionante como vários “mossoroentes”, por motivos políticos e/ou pessoais, tendem a diminuir o feito do povo de Mossoró. Meus amigos, quando o famigerado Lampião foi escurraçado de nossas terras, foi uma façanha dos mosssorooenses, e não de uma parcela pequena de pessoas que detinham o poder à época. E muito me impressiona o título da matéria. Lampião não entrou em Mossoró, ficou no Cemitério São Sebastião, assistindo de camarote, e desferiu um tipo de Mauser em Vicente Sabóia Filho que estava no alto da Estação Ferroviária. Oras bolas, estamos falando de Mossoró ou Moscow?????
Esse historiador é de onde????
Se querem conseguir argumentos para tirar de Mossoró esse feito, que venham com fatos e não escrevendo um coisa numa linha e na outra se contradizendo.
Senhores não há espaço para tanto alarde! O fato é que quem compreende um pouco a história e geografia de nossa urbe amada já sabe que em 1927 os limites de Mossoró era bem resumidos não tinha por exemplo as abolições, santa delmira. O que professor Romero falou é correto, o cemitério aquele tempo estava fora dos limites urbanos de Mossoró. Já no alto são manuel os limites se encerravam na igreja não tinha nada daqueles bairros que vão após a igreja de são manuel até os limites com açu e por aí vai! É só conhecer um pouco que não buscarão discutir por bobagem!
Quer dizer que o Cemitério São Sebastião pertencia a Russas???
Falar em geografia e delimitar a cidade aos arredores da Catedral de Santa Luzia, meu caro, é, no minimo, desconhecer o assunto!!
possivelmente lampião entrou sim em Mossoró, mas a questão aqui, é que ele não participou do combate.