Por Odemirton Filho
Aqui ou acolá, boquinha da noite, eu vou à Casa Guaxinim, ali, na rua do antigo Horto Florestal, ouvir uma boa música e tomar uma. É um local agradável, na beira do rio Mossoró.
Fica vizinho ao “Sítio Cantópolis”, local de reunião da ex-prefeita Rosalba Ciarlini com os seus correligionários, principalmente, na época das campanhas eleitorais.
Rosalba em sua primeira campanha em 1988, como nesse comício em agosto daquele ano (Foto: reprodução BCS)
Pois bem. Dias desses, estando na Casa Guaxinim, lembrei-me da campanha eleitoral de 1988 à prefeitura de Mossoró.
Naquele ano, o resultado da eleição foi o seguinte:
– Rosalba Ciarlini (PDT) – 37.307 (49,7%);
– Laíre Rosado (PMDB) – 30.226 (40,2%);
– Chagas Silva (PT) – 2.507 (3,3%);
– Brancos – 3.594 (4.8%);
– Nulos – 1.503 (2%);
– Maioria Pró-Rosalba – 7.081 (9,5%). (Fonte Blog Carlos Santos).
Entretanto, a campanha eleitoral que terminou com a vitória de Rosalba Ciarlini não foi fácil. Na realidade, foi disputada e emocionante, inclusive nos bastidores. Porém, trago ao leitor, tão somente, as minhas lembranças.
O favorito era Laíre Rosado, genro do deputado federal Vingt Rosado. À época, o prefeito de Mossoró era Dix-Huit Rosado. Dix-Huit apoiou a candidatura de Rosalba, Vingt, a de Laíre.
A campanha eleitoral “pegou fogo”. Eu, no junho da minha vida, gostava de ver os comícios com os amigos. Juntos, saíamos numa camionete ou num Jeep. Era bebida até altas horas.
As campanhas eleitorais de antigamente não tinha tanto rigor, pois as leis eleitorais eram mais brandas. Era permitida a contratação de atrações musicais, muitas de prestígio nacional, para animar os comícios. Os trios elétricos sonorizavam as passeatas, o povo numa alegria só.
Havia a distribuição de bebidas, lanches, camisas e bandeiras para animar a galera. Aliás, existia leitor que, não se não ganhasse uma camisa, não votava no candidato. Muitos eleitores gostavam de “arengar” uns com os outros, não muito diferente dos dias de hoje. Alguns, apostavam nos seus candidatos.
Rosalba Ciarlini, a cada pesquisa, conseguia diminuir a vantagem de Laíre Rosado. Então, faziam-se mais e mais comícios. Mais e mais atrações musicais. Uma verdadeira multidão acompanhava as passeatas e os comícios de ambos os lados. A maioria das pessoas, na verdade, gostava era da folia.
Lembro-me de dona Edith Souto acompanhando as passeatas sentada sobre o capô de um Opala. Dos ônibus levando os eleitores pra lá e pra cá. Dos comícios no Largo da Cobal, do Jumbo, na Coelho Neto e no Ferro de Engomar. Quando se recepcionava alguma autoridade “de fora”, o governador por exemplo, a passeata saía do Aeroporto de Mossoró. A concentração “pra descer o alto” era na Churrascaria o Laçador, onde o pessoal já “carregava as baterias”.
Ah, também não se pode esquecer da “Força Jovem”, um braço forte na campanha eleitoral de Rosalba. Uma ruma de rapazes e moças. A turma animava pra valer. Na adolescência, eu ia a todos os comícios, dependendo, é claro, da atração musical.
Jingles animavam os comícios de Rosalba Ciarlini. “Vote, vote, vote pra ganhar, é a força do povo que vai governar”. Doutro lado, a música “Ilariê”, tocava nos comícios de Laíre Rosado. A candidatura do PT, também, tinha o seu jingle: “Chagas Silva, Zé Estrela, tome nota pra votar”.
Foram quase três meses de campanha eleitoral. Um “moído” medonho. Terminada a eleição, escutamos, ansiosos, a apuração pelo rádio. Mas não deu outra. No final da contagem dos votos, Rosalba Ciarlini venceu Laíre Rosado.
Ainda me Lembro do mar de gente descendo a avenida Presidente Dutra. Uma verdadeira festa. “Uma surra de saia”! Como diziam alguns homens vestidos com essa roupa no comício da vitória.
Foi uma deliciosa página da minha juventude.
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça
Matéria perfeita e tudo contado nos mínimos detalhes, amigo Odemirton. Só que faltou um dos detalhes mais importantes, que foi a presença da galêga cantora baiana Kátia de Tróia, nesta campanha com o seu aché, atração dos comícios e passeatas de Laire, foi o maior carnaval fora de época de Mossoró, levava multidões pra nossas avenidas; principalmente a Dutra, que chegava a faltar chão, e o resultado eleitoral de uma decepção imensurável. Só quem não teve decepção foi Dr. Vingt, eu estava no prédio da emissora de rádio FM, de propriedade da família, neste tempo a rádio funcionava na av Rio Branco, ao lado da praça dos skates, nesta época não me envolvia com política, tinha ido as instalações da emissora pra acertar com Laire e Sandra, a visita que o mesmo faria a empresa SOSAL, onde eu trabalhava, pois bem no exato momento havia chegado o resultado de uma pesquisa eleitoral, e dr Vingt quando viu os números, olhou para os que estavam presentes e disse, perdemos a campanha.
Realmente o resultado foi decepcionante. Acho até que foi a partir daí que nossos políticos começaram a fazer campanhas de modos diferentes.
Para mim o momento de 1988 serviu e muito, pois anos depois estava eu a coordenar diversas campanhas políticas, e em cada reunião com equipes recordava o carnaval fora de época que marcou para sempre uma decepção aos nossos políticos e um aprendizado para os que militam profissionalmente com política até hoje.
Parabéns pelo rico artigo histórico político em tela.
A foto que estar ilustrando seu artigo, reconheço todos: Carlos Augusto, Evaristo Nogueira (era o locutor oficial da campanha, funcionário da Radio Tapuyo), Cecéu (vereador) Rosalba e Luiz Pinto, as crianças filhas de Rosalba, Karla e Lorena.
Odemirton Filho. Amigo li atentamente seu texto, e viajei no passado para a eleição de 1988. Na época eu trabalhava no AFIM. Era encarregado de vendas, pois naquela época o AFIM tinha vários postos de vendas espalhados por vários bairro de Mossoró. Chegava em casa depois das 5 horas, era só tomar banho e correr pro Sítio Cantópolis. E dali fazer o que eu mas gostava na época, participar das festanças que os comícios nos proporcionavam. Vou te contar até uma presepada comigo e dois colegas. Depois das eleições de Rosalba, veio a de Luiz Pinto, participei dela também. Ai a presepada, na eleição pra deputado federal de Betinho, eu era responsável de pegar uma Kombi no Sítio Cantópolis, e levar as merendas e muitas biritas pra turma que participavam das caminhadas nos comícios. Moral de história, no dia da votação de Betinho eu estava com essa Kombi cheia de quentinhas, água, sucos ou refrigerantes e muitas biritas (como sempre rsrs) e saia entregando as nossas turmas nos locais de votações. No lanche da tarde ( por voltas das 15:30 hs) após o lanche, quando ia saindo da Escola Municipal Prof. Manoel Assis no bairro Boa Vista, vários policiais cercou a Kombi mandou abrir e viu o restante dos lanches (dei sorte só faltava um setor de dez de votações rsrs) Prendeu eu e meus colegas. Final da história, ficou eu e meus colegas de “trabalho” preso lá na ACDP até as 18:00 hs. Fomos soltos por um primo da minha mãe o ex deputado Estadual e Advogado Manoel Mário de Oliveira que na época apoiava o grupo do deputado Carlos Augusto. Domingo “Dia de amenidades” como dizia o grande jornalista Emery Costa. Que tempos alegres! Simmm lembrei do nome da delegada que comandou a eleição naquele dia, e estava de plantao na ACDP Josemária Patrício.
Hoje em dia a Rosalba não ganha nem bom dia no meio da rua quanto mais uma eleição!!!
Fiz parte dessas campanhas de Rosalba e também de José Agripino! Eu trabalhava em f.souto nessa época e era um dos motoristas dos opalas que puxavam as passeatas ! As vezes eu estava viajando para Natal, fortaleza ou Recife ! Mais dona Edith me avisa logo. venha antes do final de semana porque nesse final de semana tem comício grande!!
Morei em Mossoró nessa época tinha 10 anos de idade minha família era do bacural de laire sofremos muito com a derrota pra Rosalba a Rosa tempo bom.saudades da época q o comício passava a noite toda de Geraldo Melo o tamborete kkkkk hoje com 45 anos olho pra trás e vejo um tempo bom q não volta mais ….🥰❤❤❤❤❤❤