A angústia de testemunhar e sofrer, também, com a despedida de "Vitória Gabriela". Apenas um bebê em seus 37 dias de vida terrena. Alegria de renovar uma ponta de esperança no homem, com a mão poética e escatológica de Augusto dos anjos: A mão que apedreja, pode afagar?
Mundo dual.
Recorro à poesia de Oswaldo Montenegro, numa produção com mais de 30 anos. "Metade" é uma parte de cada um de nós.
Boa semana. Um abraço, saúde e paz.
Metade
Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
E que o convÃvio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espÃrito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
* Ouça o áudio AQUI.
Parabéns pela coluna sempre atual e informativa.
O poema METADE, declamado por Oswaldo Montenegro,
é de autoria de VinÃcius de Moraes.
Betinho Rosado
Exmo. Sr. Deputado, a autoria da poesia Metade até hoje causa polêmica tendo sido atribuÃda ao poeta Ferreira Gullar quando confundida com o poema “Traduzir-se”, este sim de autoria de Ferreira. Outras polêmicas envolvem um autor português chamado Mauro Burlamaqui Sampaio.
Oficialmente, a autoria desde belÃssimo texto é de Oswaldo Montenegro. Mais detalhes podem ser lidos no link que segue: //my.blog.simplesnet.pt/cgi/mt-comments.cgi?entry_id=10773
Sim Andréa. Acabei de fazer um comentário.
Este poema foi executado por mim, Mauro Burlamaqui Sampaio em Setembro de 1984, Rio de Janeiro, em vésperas de vir para Portugal. Esta é uma versão do texto poético declamado no fim de uma peça de teatro de 1974 «João sem nome» da autoria de Oswaldo Montenegro que possui apenas frases sequenciais. A nova versão, não lhe pertence, executei em pormenor todo o percurso do poema, entregue em mãos a uma amiga familiar de Oswaldo está documentado em ambiente jurÃdico, pois foi aberto um processo de averiguações após a minha denúncia. Tudo muito esclarecido através de nomes e datas, a vergonha fica com quem insiste em mentir e ele nem precisa. Só descobri o uso do mesmo em 2003 quando um amigo em Portugal mostrou uma gravação, simples coincidência. A vida tem disso. Mauro Burlamaqui Sampaio 26 de Abril de 2023.
No meu original a frase ” E essa tensão que me corrói por dentro” está errada; confundiram na cópia a frase correcta é: “E essa tensão que corre por dentro” Em todo pormenor trata-se de uma reflexão de partida, absolutamente pessoal em vésperas de vir para Portugal. São factos da minha vida pessoal ponto