domingo - 29/06/2025 - 18:08h

Manuelito tinha razão

Por Bruno Ernesto

Reprodução de foto da área central de Mossoró (Acervo Manuelito/Museu Municipal)

Reprodução de foto da área central de Mossoró (Acervo Manuelito/Museu Municipal)

Nos últimos anos os mapas digitais e o GPS têm facilitado nossas vidas e auxilia enormemente quem anda por lugares desconhecidos. Sua utilidade é inegável.

Todavia, mantenho o velho costume de observar por onde ando e que carrego desde sempre, por orientação do meu pai.

Ele me dizia que num lugar desconhecido, quando possível, sempre buscasse um ponto de referência para poder me orientar.

Tanto na zona urbana, quanto na rural, esse costume me salvou de muitas situações potencialmente estressantes.

Hoje, com o auxílio do GPS, praticamente ninguém observa mais nada ao seu redor.

Eu mesmo costumo testar o meu filho Pedro, de 12 anos, para saber se ele sabe se localizar na cidade e, na maioria das vezes, ele está desorientado.

Então, há uns anos, venho moldando a sua percepção de localização para que ele não dependa exclusivamente de um GPS para andar na própria cidade em que mora. E tem funcionado satisfatoriamente, na medida do possível. Especialmente quando digo que estou em tal região da cidade, pois ele já começa a ter noção se chegarei rápido ou vou demorar.

Outro reflexo dessa vida moderna, é que muitas pessoas ignoram totalmente a geografia do local onde mora. Tem gente que não tem a menor noção dos lugares históricos.

Isso é um reflexo não apenas da tecnologia, porém, do desinteresse pela história e geografia humana local. E isso não se aplica a pessoas da idade de meu filho Pedro.

Canso de perceber que pessoas com mais idade – inclusive moradores antigos -,   muitas vezes não reconhecem nada numa foto antiga da cidade. Sequer um ponto de referência, quando mostro uma fotografia antiga e interessante a que tive acesso.

No caso de nosso País de Mossoró, tantos registros interessantes temos no Museu Lauro da Escóssia, lá, adormecidos, de um passado que já se distancia de tal forma que, em pouquíssimo tempo, não restará mais nenhuma testemunha ocular.

Quantos momentos bons tenho e trago na memória e relembro toda vez que visito aquele templo da nossa história local, tão preterido.

As imagens antigas de Mossoró, tão preciosamente registradas por Manuelito, realmente são fantásticas.

Ele registou o cotidiano da cidade, das pessoas; aquela cidade pulsante que aos poucos vai se transformando.

Se você não tem familiaridade com a sua cidade, com as ruas e lugares, não entenderá bem a dinâmica dela. Nem de antes, nem de agora, nem além.

O movimento de um museu diz muito sobre a cultura local e seus habitantes.

Os de ontem, os de hoje e os de amanhã.

Bruno Ernesto é advogado, professor e escritor

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Categoria(s): Crônica

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