Por Antônio Francisco (Música e interpretação Genildo Costa)
Quando a seca vem devora
Do Nordeste toda flora
Nordestino vai embora
Para o Sul a todo instante
Trabalhar como gigante
E ganhar como menino
Molhando o solo sulino
Com sangue, suor e pranto.
Meu Brasil de canto a canto
Tem suor de nordestino.
Numa favela jogado
Lá no Rio de Janeiro
Sem emprego e sem dinheiro
Na sombra do Corcovado
Todo o tempo ajoelhado
Esse pobre peregrino
Pedindo a Jesus divino
Que lhe cubra com seu manto.
Meu Brasil de canto a canto
Tem suor de nordestino.
Foi soldado da seringa
Lá pelas bandas do Norte
Brincou lá com sua sorte
Longe de sua caatinga
Seu suor ainda pinga
Dos galhos do cipó fino
Num testemunho divino
Que o nordestino é um santo.
Meu Brasil de canto a canto
Tem suor de nordestino.
Por esse pau-de-arara
Brasília foi construída
Esse pedaço de vida
Tem ferida que não sara
Gastou o suor da cara
No governo Juscelino
Merecia estátua e hino
Quem trabalha do seu tanto.
Meu Brasil de canto a canto
Tem suor de nordestino.
Antônio Francisco é poeta e escritor mossoroense
Israel
Moacyr Franco
(Israel, Israel, Israel, Israel)
Cruzando os mares
Vencendo os montes
Perdi as flores
E minhas plantas
Pelas sementes
Cerrei os punhos, por que
Até areia me bastaria
Eu viveria e cresceria
E lá as plantas nascerão
E um dia florirão
Depois te amará
Mesmo quem não te quis jamais
(Israel, Israel, Israel, Israel)
Preciso fogo para aquecer-me
Que já não tenho as minhas carnes
Em vez de pão, pra minha fome
Me deram aço, para o meu corpo
Mais eu não choro, não, não lamento
O ódio não constrói
O meu sofrer não dói
Depois as plantas nascerão
As flores florirão
E agora te amará
Mesmo quem não te quis jamais
(Israel, Israel, Israel, Israel)
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Música deste nível está totalmente caindo no esquecimento.
Uma lástima.
Este é um grande valor da nosso música popular e que a mídia deveria usá-lo e mostrar para o Brasil a poesia cantada em versos. Parabéns, grande Genildo!
Pelo que estamos vendo nas mídias sociais… Com o preconceito ANTI-NORDESTINOS grassando, isto deve ser divulgado e reconhecido. Que nem diria Lupicínio Rodrigues: “Esses moços, pobres moços…”