O Globo
A intelectual e feminista Rose Marie Muraro morreu aos 83 anos em consequência de uma parada cardio-respiratória. Ela tinha câncer na medula óssea há cerca de 10 anos e, desde o dia 12 deste mês, estava na CTI. O velório começa às 8h deste domingo, no Memorial do Carmo, no Caju, e a cremação está marcada para as 16h.
Rose Marie estudou Física, foi escritora e editora de livros. Foi responsável por publicações polêmicas e contestadoras. Nos anos 70 e 80, foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil.
Na Editora Vozes, ela trabalhou com o intelectual Leonardo Boff durante 17 anos, e das ideias dos dois nasceram alguns dos movimentos sociais mais importantes do Brasil no último século XX: o movimento de emancipação das mulheres e a teologia da libertação. Em 1986, os amigos chegaram a ser expulsos da Vozes por ordem do Vaticano.
— Minha mãe lutou a vida toda por um mundo mais justo. E ela consegui fazer uma revolução por meio da literatura. Foram muitas conquistas, e isso nos deixa muito orgulhosos. — afirma a filha Tônia Muraro.
Um aspecto curioso sobre a vida da escritora é que ela nasceu praticamente cega, e somente aos 66 anos conseguiu recuperar a visão com uma cirurgia.
Ela deixa 5 filhos e 12 netos.
Mulher de grande inteligência e coragem. Sua partida deixa enorme lacuna literária, não só por sua capacidade como pelo pioneirismo de suas ideias, pelas quais lutou bravamente. Resta-nos a lembrança de seu vigoroso trabalho e a suavidade de seu nome: Rose Marie.