Do Diário de Pernambuco
Morreu nesta quarta-feira (24), o último cangaceiro do bando de Lampião: Manoel Dantas Loiola, de 97 anos, mais conhecido como “Candeeiro”.
Ele faleceu na madrugada de hoje no Hospital Memorial de Arcoverde, onde estava internado desde a semana passada, após sofrer um derrame.
O sepultamento está marcado para as 16h, no cemitério da cidade de Buíque.
Pernambucano de Buíque (a 258 quilômetros do Recife), Manoel ingressou no bando de Lampião em 1937, mas afirmava que foi por acidente. Trabalhava em uma fazenda em Alagoas quando um grupo de homens ligados ao famoso bandido chegou ao local.
Pouco tempo depois, a propriedade ficou cercada por uma volante e ele preferiu seguir com os bandidos para não ser morto. No final da vida, atuava como comerciante aposentado na vila São Domingos, distrito de sua cidade natal.
Atendia pelo nome de batismo, Manoel Dantas Loyola, ou por outro apelido: “Seu Né”.
Lampião
No primeiro combate com os “macacos”, quando era chamado de Candeeiro, foi ferido na coxa. O buraco de bala foi fechado com farinha peneirada e pimenta.
Teve o primeiro encontro com o chefe na beira do Rio São Francisco, no lado sergipano.
“Lampião não gostava de estar no meio dos cangaceiros, ficava isolado. E ele já sabia que eu estava baleado. Quando soube que eu era de Buíque, comentou, em entrevista concedida ao Diário: ‘Sua cidade me deu um homem valente: Jararaca’”.
Candeeiro dizia que, nos quase dois anos que ficou no bando, tinha a função de entregar as cartas escritas por Lampião exigindo dinheiro de grandes fazendeiros e comerciantes. Sempre retornava com o pedido atendido.
Ele destacou que teve acesso direto ao chefe, chegando a despertar ciúme de Maria Bonita.
Em Angicos (em grota localizada no estado de Sergipe, próxima ao rio São Francisco), comentou que o local não era seguro. Lampião, segundo ele, reuniria os grupos para comunicar que deixaria o cangaço. Estava cansado e preocupado com o fato de que as volantes se deslocavam mais rápido, por causa das estradas, e tinham armamento pesado.
No dia do ataque, já estava acordado e se preparava para urinar quando começou o tiroteio. “Desci atirando, foi bala como o diabo”.
Mesmo ferido no braço direito, conseguiu escapar do cerco. Dias depois, com a promessa de ser não ser morto, entregou-se em Jeremoabo, na Bahia, com o braço na tipóia. Com ele, mais 16 cangaceiros.
Cumprindo dois anos na prisão, o Candeeiro dava novamente lugar ao cidadão Manoel Dantas Loyola.
Sobre a época do cangaço, costumava dizer que foi “história de sofrimento”.
Os meus antepassados passaram para mim, uma imagem diferente dos cangaceiros. Eram pintados como verdadeiros heróis, vítimas de uma sociedade cruel e desigual. Com o passar do tempo, eu foi chegando à conclusão, que eram na realidade bandidos rurais, sem escrúpulos e perversos. Não posso também deixar de reconhecer que suas histórias mesmo encharcadas de sangue, guarda uma certa magia e provoca curiosidade. Acho fascinante a sua indumentária, principalmente o chapéu quebrado, ilustrado com estrelas, cuja traços provoca temor e respeito.
Pra mim foi o contrário. Crescemos ouvindo que lampião era um monstro e quem o seguia não seria diferente. não sou um pesquisador, mas apenas um pouco curioso sobre o tema e, quanto mais vídeos assisto e textos leio, não consigo mais ver como “monstros”. A pervesidade não surgia de graça e pra qualquer um. Sem falar que inúmeros crimesforam atribuídos a ele pois o cangaço já existia antes dele ingressar no bando de “Sinhô Pereira”. É o que sinto quando vejo pesquisadores comentando sobre entrevistas de quem viveu com Virgulino. Pelo que vi ele tinha princípios e motivos totalmente diferentes dos bandidos de hoje, sem falar do contexto social da época, pois estamos falando do nordeste do Brasil dos anos 20, 30. O assunto não é simples como imaginam muitos que querem resumir essa história em poucas palavras.