Cidades de todos os tamanhos crescem a passos largos. Veja o exemplo de Mossoró, que a prefeitura tenta vender como uma expansão criada pela ação do poder público, mas sabemos que Mossoró cresce porque o Brasil cresce.
Estive recentemente em Caicó, lá no Seridó, e pude constatar que aquela cidade vem num processo de crescimento compatível com municípios como Mossoró. Os leigos medem o crescimento de uma cidade pela construção de prédios e nesse ponto Caicó está em franca ascensão.
Mas, voltando ao processo que se estabelece nos grandes centros e nas pequenas cidades com relação ao crescimento, se faz necessário levantar alguns questionamentos, tais como:
– Como os gestores estão avaliando os problemas com a falta de abastecimento de água?
– E os resíduos sólidos gerados pelas cidades vão para onde?
– O ordenamento do espaço urbano precisa ser mais democrático, quem irá entrar nessa seara?
Podemos continuar com tantos outros questionamentos, mas esses pontos já estabelecem um ponto de discussão. Acredito que devemos iniciar um processo de discussão das cidades e, como estamos em Mossoró, devemos começar a pensar a cidade de Mossoró para o futuro, levando em consideração os grandes problemas que cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife entre outras, vem passando.
É mais barato arrumarmos o caminho agora ao invés de procurarmos soluções quando o caos já estiver estabelecido. Por isso sou a favor de uma reforma urbana democrática, onde a população possa opinar sobre as principais mudanças no espaço coletivo.
Não podemos nos furtar a discutir a mercantilização dos espaços, onde o solo deixa de ter o valor de uso para assumir o valor de troca. Esse tipo transformação que ocorre de forma meteórica no seio das cidades de médio porte e que se transveste de crescimento, já deixa para os cidadãos de todas as classes sociais e, principalmente, da classe baixa, sérios problemas que só tendem a piorar ao longo dos anos.
Dentre os problemas podemos citar a segregação social que se observa a partir do deslocamento forçado da população de baixa renda para as periferias das cidades que são áreas desprovidas de infraestrutura que possa atender satisfatoriamente esse contigente populacional, ou seja, falta água, transporte regular, saneamento, coleta de lixo etc.
Além da segregação social, se identifica a seleção de áreas nobres, que o poder público termina por valoriza-las, a partir da implantação ou melhoria da infraestrutura, criando dessa forma as condições para que o capital possa vender extensas áreas de terra imprimindo valores superiores aqueles praticados antes da interferência pública.
Em Mossoró o grande exemplo disso é a área próxima ao Mossoró West Shopping, onde hoje se configura a área mais nobre da cidade e que no pano de fundo favoreceu diretamente os negócios de certo político norte-riograndense.
Por viver e gostar de Mossoró, solicito a todos aqueles que têm uma visão progressista e sistêmica que se junte ao coro daqueles que querem “Mossoró para viver” e não para estarem reclamando e se mudando da terra de Santa Luzia em função dos sérios problemas que ela irá enfrentar se nada for feito agora.
A solução está nas ações que a municipalidade poderá desenvolver com o objetivo claro de manter as condições ideais de moradia para todos os cidadãos e, sobretudo, como ela irá tratar o problema da segregação social.
Gutemberg Dias é geógrafo e dirigente do PCdoB em Mossoró
Ninguem vem construi grandes emprendimento sem visão no FUTURO, paciência. Sim sua preocupação e louvalvel.
Só diria que temos que ter cuidado com “Essa reforma urbana democrática”, pois aqui em Mossoró, isso pode se confundir com amadorismo, interferência popular que pode piorar o caos urbano. Sou a favor do cumprimento doplano diretor em todos os aspectos.
Nossa cidade precisa de um prefeito que tenha noção das coisas urbanas, que possa formar uma equipe que cuide de cada detalhe, desde o transporte público passando pela ocupação de solo e meio ambiente, enfim que traga mais profissionalismo na esfera municipal.
Infelizmente Mossoro só incha, Não se faz obras em consonância com o futuro.. as obras são ações isoladas , sem um plano que siga as diretrizes do plano diretor.
Enquanto a prefeitura cruzar os braços vai ficar pior.
A rodoviária, aeroporto, transporte público,e malha viária são vergonhosos aqui na cidade
Muito pertinente o artigo do Dr. Gutemberg Dias, há que se entender que infraestrutura urbana não se resume somente a asfalto. Urge que uma iniciativa séria, concreta, profissional e, sobretudo, comprometida com o melhor para todos seja tomada, pois que senão o câncer a que se refere o Dr. Gutemberg estenderá suas metastases de forma irreversível.
Parabéns ao Gutemberg Dias pelo excelente artigo sobre a Urnanização em nossa cidade, assim como ele observo a ocupação do nosso espaço sem a preocupação devida aos problemas futuros ocasionado pelo inchaço populacional que aqui temos visto.
Só temos um probleminha em relação a isso. Enquanto a economia cresce as cidades expandem, nosso políticos tradicionais tem uma mente atrofiada tratando as cidades como aquelas cidadezinhas do interior onde seu povo deve ser submissso e tudo que nela deve acontecer tem que passar pelas mãos das pessoas que estão no poder, padre, delegado, juiz, prefeita, vereadores, babões, olheiros, pessoas essas conservadoras, pouca visão de futuro, enclausurados na arrogância em ter a grande massa ignária a seu favor e sobre seu dominio. Não veêm a macro econômia chegando a largos passos e a micro abrindo caminhos para os mais pobres. Temos urgentemente de adotar um sistema de eleições de cinco em cinco anos para que as instiuições possa respirar e os projetos sociais e ecônomico atraves de suas instituições terem tempo para realizar suas ações. Eleições de dois em dois anos os políticos em geral dormem, comem, fazem sexo, necessidades fisiológicas, pensando na proxima campanha e para isso interfere na evolução natural do desenvolviento social num todo. Caso uma situação venha a beneficiar uma grande parcela da população, mas não vai dar votos para a próxima campanha, deixam-na de lado mesmo que o prejuizo sejam enormes. E sem combater a corrupção a fundo, lá no fundinho mesmo, vamos caminhando a passos de tartaruga e as drogas e a guerrilha urbana dos traficantes evolui consideravelmente.
Desde o ano de 1974 que ouço falar no tão propalado plano Diretor de Mossoró, à época administrada pelo velho Alcáide DIX-HUIT ROSADO. Sabe o que aconteceu de lá prá cá ? Os(as) gestores(as) $ob motivos nada republicanos permitiram, via conivência, que a bela arquitetura da muralha (Construída em 1946 pelo Prefeito Padre Mota) para proteger a área ribeirinha e a mata ciliar do rio Apodi/Mossoró, no âmbito urbano, que tinha início onde hoje é o início da Av. Cunha da Mota, e culminava na barragem do centro, fosse demolida em alguns trechos (Da loja “Cilopeças o Eurides” até o antigo restaurante “O Sujeito” (Atual “Carcará”) para dar lugar à edificações particulares. Resta uma indagação ? Por quê os(as) gestores(as) permitiram construções em áreas tidas como reservas de proteção ambiental , que não permite edificações à menos de cem metros do leito do rio ? O que se observou tristemente, foi que a própria gestora Rosalba Rosado deliberou, sem nenhum respaldo técnico-legal, em constuir, também invadindo a área ribeirinha, um ilegal estacionamento nas duas margens do rio, trecho entre as duas pontes do centro da cidade. Conclusão: Falta de capacidade da gestora, que foi acolitada por Secretários incompetentes e descompromissados (deliberadamentes!) com a evolução urbana e as normas legais que regem os planos Diretores. Permitiram o surgimento de inúmeras favelas surgidas quase no centro da cidade (Favela da Esam, Tranquilim, Ouro Negro etc) com vielas onde só é possível transitar à pés ou em bicicleta. O pior – Em ano eleitoral é comum a presença de cabos eleitorais, vinculados à cargos comissionados da Prefeitura de Mossoró, cabalando votos sob a alegativa de que, para serem mantidos nas áreas faveladas, teriam que “ungir” o(a) candidato da situação, sob pena de que, caso não haja vitória do(a) mesmo(a), ser determinada a desocupação/ destruição das favelas por ação das máquinas da Prefeitura municipal. No dia em que nos deixarmos contagiar pelos emblemáticos recados das músicas “DISPARADA” (Jair Rodrigues) e “PRÁ NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES” (Geraldo Vandré), com certeza teremos um NOVO AMANHÃ E UM NOVO TEMPO.
Discutir e planejar o espaço urbano de uma cidade é um compromisso de todos os cidadãos. Cabe sim ao gestor público uma ampla visão e conhecimento da necessidade de se fazer um plano diretor que contemple um estudo macro do espaço urbano, mas sempre com uma ampla participação das principais entidades públicas e com a sociedade. Nada imposto, mas plenamente discutido. Aí sim teremos uma cidade planejada para o futuro.