Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
– não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E sei que um dia estarei mudo:
– mais nada.
Cecília Meireles (1901-1964) – Poetisa, escritora, pintora e jornalista carioca.
Coisa mais linda…
APRENDÍ COM AS PRIMAVERAS A ME DEIXAR CORTAR PARA VOLTAR SEMPRE INTEIRA.
CECÍLIA MEIRELES