Uma série de webleitores indaga-me: “Você não dorme?”
Pareço insone, perturbado psiquicamente. A segunda hipótese é possível, a primeira pode descartar. Por enquanto sou quase normal. “O inferno são os outros”, diria Sartre. Pode ser. Faço o “mea culpa”, sem o complexo de transferência de pecados.
Durmo muito bem, não muito. Já li bastante sobre o assunto e é algo consensual: cada indivíduo tem metabolismo próprio, com cada organismo estabelecendo sua necessidade de repouso.
Eu não preciso mais do que cinco ou seis horas/dia (preferencialmente à noite) de sono. Deslizo serenamente na cama ou rede.
Com o computador sempre à mão, uma rede de contatos que me acessam sobretudo através de e-mails e torpedos telefônicos, é possível ter um razoável leque de informações. A maior parte do tempo à postagem de matérias, comentários ou abobrinhas mesmo, levo no processo seletivo e revisão. Nem sempre publico o que parece importante e, sim, o interessante e até burlesco.
Não posso me desculpar nas desavenças com o vernáculo, jogando a responsabilidade no “revisor” ou em algum webmaster, diagramador etc. Eu sou culpado de tudo. “Eu sou o Blog do Carlos Santos“, proclamo à la Luís XIV. Outra vez escalo Jean-Paul Sartre: “Estamos sós e sem desculpas.”
Quanto às madrugadas produtivas, não significam que eu tenha suprimido o sono necessário. O normal é trabalhar muito, para me tornar um refém voluntário do travesseiro.
TECNOLOGIA
Como há tempos me desvencilhei do hábito, diarista, da imersão na vódca e no uísque, não tenho empecilhos maiores. Não faço o tipo geração saúde, com cuidados pernósticos. É-me necessário fazer o que gosto, a meu modo. Isso tem sido possível.
A alta tecnologia que me assustou no início, revelando traços de tecnofobia, hoje é minha aliada. Deixou de ser esfinge. Entretanto continua como descoberta permanente. Daí, talvez, o segredo por essa crescente paixão que resulta em profunda dedicação ao Blog, com resultados empolgantes.
Tenho conseguido uma considerável interação com o leitor. Webleitor, como se diz. No início identifiquei um certo temor, muita observação sem interveniência. Você tem perdido a inibição e participado com naturalidade de nossa produção diária com críticas, sugestões, aplausos, censuras etc. Seria impossível tamanho desempenho sem essa parceria, uma troca mútua vitoriosa.
Então, espero ter desmitificado a crença de que não durmo. De que seria um vigilante da notícia 24 horas/dia. Não detenho a capacidade do mitológico Argos. Segundo os gregos, ele possuía 100 olhos, sempre se resguardando com 50 deles abertos.
Bom-dia. Acorda! Já estou de pé há tempos. Vamos à luta.
Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas – Tradução de Mário Faustino).
Parabéns pelo trabalho amigão. Nada se insônia ou enfado, quem bota a mão no teclado não pode mais fugir da tarefa. Sigamos em frente, pilotando com atenção, pois como falastes, “se não faremos como a maioria e sobraremos no primeiro retão”.
SEu endereço eletrônico parada obrigatória para que deseja uma boa leitura informativa. Sabemos que dormes bem, pois sobre seu travesseiro repousa uma cosciência limpa e tranquila pela convicção do dever cumprido.
Ser ponta de lança não é tarefa para qualquer um. Ser mais um é fácil, difícil mesmo é ser espinha de garganta; catucar a onça com vara curta e atingir a parte nevrálgica da presa. Isso você sabe fazer bem e por esta razão és o baluarte deste ambiente virtual, onde prevaricar não é defeito e sim virtude dos talentosos.