Por Bruno Ernesto
Há uns 4 ou 5 anos, o que seria um irritante engarrafamento antes das 7h da manhã, em plena ponte no centro da cidade, enquanto corria para levar meus filhos para mais um dia de aula, se revelou um grande presente.
Embora estressante, esse momento acabou sendo de uma descoberta incrível.
Avistei penduradas num galho de algaroba, tomando um belo banho de sol, bem na margem do rio Mossoró, duas jovens iguanas. Provavelmente um casal.
Desde esse dia, sempre que passo por lá, diminuo a velocidade e olho, ainda que de soslaio, à esquerda.
Se tiver sorte, pego um engarrafamento e vou lentamente seguindo pela ponte e contemplo essas duas belas iguanas por mais tempo e com mais intensidade.
Às vezes tenho a impressão que ela me encara.
Durante esses anos, poucas vezes não as avistei lá, sempre penduradas no mesmíssimo galho – para pegar mais sol ou para olhar melhor o trânsito – e lá permanecem estáticas, adormecidas, quase que anestesiadas, até o “sol esquentar”, como se diz por aqui. Depois somem.
Se fizer tempo de chuva, notei que elas voltam vez ou outra.
Já as fotografei em outras oportunidades, até ficarem adultas; e estão cada vez mais bonitas.
Aliás, para animais herbívoros, estão muito bem cevadas, e desconfio que exista alguma moita de cana-de-açúcar nas proximidades. Só haveria essa explicação.
Nos últimos 3 ou 4 meses, ensaiei parar para fotografá-las novamente, mas a correria sempre cobra o seu preço, e apenas olho e sigo sem parar.
Há um mês, passei novamente decidido a fotografá-las, e assim fiz. Dei a volta, estacionei ao pé da escada da ponte que fica bem atrás do Banco do Nordeste, ajustei a câmera para fazer um registro e me postei bem em frente ao galho.
Dessa vez, só havia uma iguana. Linda como sempre. Procurei pela outra e não a avistei.
Adiei tanto esse registro, que imaginei que ela não voltaria mais, pois nesses anos todos sempre estavam lá, juntas. Naquele dia, não.
Bruno Ernesto é advogado, professor e escritor
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