Do Blog do Barbosa

Por que a imprensa cala? Por que o Ministério Público que investigou o caso não se pronuncia? Por que é então que o MP deixou vazar só agora os aúdios sobre o Caixa 2 de Rosalba quando candidata ao Senado em 2006? Por que a Controladoria Geral da República arquivou o processo? São perguntas que não querem calar.

Em mais uma interceptação do MP registrada com autorização judicial e veiculada no “Blog De olho no discurso”, do jornalista Daniel Dantas Lemos, fica claro que o dinheiro arrecadado na campanha da então candidata ao Senado, Rosalba Ciarlini (DEM), era mesmo verba de Caixa 2.

De onde veio esse dinheiro, só o marido da governadora, ex-deputado Carlos Augusto Rosado (DEM), pode dizer. Ou mesmo o Ministério Público Estadual, que investigou o caso, mas que cala-se agora, não se sabe o motivo. O fato é que a cada postagem de áudio de Daniel Dantas, fica mais difícil defender o indefensável. Ou seja, de que “tudo é besteira” e que “a Procuradoria-Geral da República promoveu o arquivamento do processo que tratava dos vídeos por falta de indícios de crime”, conforme o advogado da hoje governadora Rosalba Ciarlini, Felipe Cortez.

Não, não se trata de besteira não e muito menos falta de indícios criminosos. O problema foi a falta de interesse em levar o caso adiante. Por que, difícil explicar. Ou melhor, explicação tem, mas quem pode falar sobre isso não se pronuncia, que é o Ministério Público Estadual.

Ainda ontem, falando com um promotor – que me resguardo o direito de não falar o nome dele por questão ética – ele me dizia que “as informações que cabem ao MP, neste caso, devem ser repassadas. Tentei contato hoje com o assessor de imprensa do MPRN, deixei meus telefones (convencional e celular) para retorno, e nada, absolutamente nada. E olha que nem adiantei o assunto, apenas que queria uma informação.

O Caixa 2 de Rosalba foi um fato e jornalismo se faz com fatos. Prova maior disso é a interceptação telefônica feita pelo MP com autorização judicial numa conversa entre o hoje secretário-executivo da governadora Rosalba Ciarlini, Galbi Saldanha, então tesoureiro de sua campanha ao Senado, e uma pessoa de nome Alcineide, onde ele diz:

– Não bote como Fundo Partidário não, se não complica. Fundo Partidário é um dinheiro que vem do governo, e tal, não dá certo não!

Galbi se refere aos R$ 100 mil depositados na conta do deputado Betinho Rosado (DEM), que depois teriam que ser transferidos para a conta de Rosalba. E aí, a solução encontrada foi que esse dinheiro deveria entrar na sua conta como doação do partido, o então PFL, na época.

Clique Aqui para ouvir o áudio da interceptação telefônica da conversa.

Obs do Blog: Será que a judicialização da campanha eleitoral em Natal é mais importante do que um escândalo político abafado e que agora veio à tona? Acho os dois assuntos merecedores de destaque. A conferir!

Nota do Blog do Carlos Santos – Meu caro amigo e querido “Barbosinha”, você é um jornalista de larga experiência e conhece muito os intramuros e escaninhos do poder no Rio Grande do Norte.

A sociologia política do pindorama potiguar é assim mesmo. Não estranhe nada disso. Não estamos diante de exceção, mas de regra, quando se evidencia algo de tamanha gravidade.

Mais do que nunca estão nivelados, na mesma lâmina pantanosa, Rosalba Ciarlini (DEM) e Wilma de Faria (PSB); Carlos Augusto Rosado e Lauro Maia (PSB). Não é uma questão de juízo de valor, mas de constatação. Estamos diante dos estertores de uma época, em quase nada se salva, lamentavelmente.

Sinceramente, lamento que o noticioso político há tempos tenha se transformado em “editoria policial.”