Por François Silvestre
Eu me pus de binóculo no galho da ingazeira. Acomodei as costas na forquilha de um gancho, daqueles que lembram o apoio da baladeira.
Embaixo da árvore armei o fojo, e um quixó ao lado. Se alguma coisa a ser observada escapar do buraco no chão, tapado com tábua falsa, o quixó desabará após ter perdido o apoio do graveto que segura a pedra.
O que vi por esses dias? Vi gente fina, dos tempos da pós- civilização, guardar dinheiro no colchão, nos cafundós das suas mansões. Isso era coisa dos matutos, dos tempos da pataca, tostão, vintém.
Aí inventaram os Bancos de guardar e render dinheiro. Quem mais iria querer a insegurança dos colchões? Os banqueiros, podres de espertos, ficaram podres de ricos. E os ricos não banqueiros passaram a ter segurança garantida para guardar seu dinheiro.
Tudo bem? Tudo, mas tem um porém. Por que danando tem tanta gente, ricos e sabidos, espertos e santos, com tanto dinheiro guardado em casa? Falta de ladrões para roubá-los ou desconfiança nos colegas banqueiros?
Ou de tudo um pouco? Ou apenas não ter explicação para a fonte ganhadora de tanta grana? Colhi uma vagem de ingá.
Girando o binóculo, vejo uma oficina moderna de Gepeto despedindo-se, de armas e matulões, com todos os seus bonecos escondidos, cada qual tentando disfarçar o seu nariz crescido. Colhi a segunda vagem de ingá.
Agora vejo um “diplomata” prometendo relações internacionais na base da canelada, só que as canelas dos pretensos atingidos estão dando dedada no fiofó das intenções do “diplomata”.
E o chefe maior, lá do reino do Norte, mandou um auxiliar para assistir à posse do novo chefe da tribo do Sul.
Tinha coisa importante na agenda, por exemplo, escrever uns twitters contra imigrantes miseráveis.
A terceira vagem caiu, sem que eu tenha conseguido pegá-la.
Antes da terceira visão, cochilei e derrubei o binóculo. E mesmo assim, vejo a olho nu a repetição manjada da promessa de novos tempos.
Como se o tempo tivesse idade, quando na verdade é a apenas a mentira que renasce. Té mais.
François Silvestre é escritor
Meu caro François, votei muito em você quando candidato, em épocas passadas. Mas, me desculpe discordar: Não há gestão mais desastrada da diplomacia brasileira do q a de Marco Aurélio Garcia “top top”. Né não?
Brigado pelo voto equivocado, também fiz essa besteira, votando em mim, Roberto. No resto, seu comentário é perfeito. Abraço e boas festas!.
Porque os Morubichabas guardam o milhões em casa?
Repondo eu : quer coisa melhor do que todo dia e ver aquela ruma de dinheiro e dizer, vixe como sou rico e honesto.
Sinto-me ridiculo!
Caro François, votei em você porque era um grande combatente da ditadura, é acho q votei certo. Retribuo suas felicitações, boas festas e feliz ano novo.
Os maiores perigos pra sociedade ,não são aqueles q explodem agências bancárias.Mas sim, os que sangram os cifra públicos.
Cofres.