Por Odemirton Filho
No decorrer de nossas vidas muitos são os caminhos percorridos. Cada um traz no coração sentimentos diversos.
Se volvermos o olhar ao passado veremos quantas perdas sofremos e quantas saudades carregamos em nossa alma.
A construção da vida é feita passo a passo. A cada momento de nossa existência conseguimos um pouco daquilo que almejamos.
Nesse trilhar muitos fatos e muitas pessoas ficaram para trás.
Da infância resgatamos os momentos mais doces. Nossos pais, irmãos, familiares e amigos faziam parte de nosso cotidiano. A preocupação era, tão somente, as notas do colégio.
O junho de nossas vidas era marcado pelas brincadeiras nas ruas, sem a violência de hoje.
Os pais guiavam nossos passos e os avós eram a referência.
O tempo passou. Da adolescência guardamos as primeiras paqueras, o primeiro beijo ou o primeiro amor. Sonhadores, queríamos conquistar e revolucionar o mundo.
Sair à noite com os amigos era sinônimo de liberdade. O dinheiro só era suficiente quando fazíamos a “cotinha” entre os amigos para comprar aquela bebida preferida.
Os mais afoitos fugiam de casa às escondidas para aproveitar o que a juventude, de sonhos e desejos, proporcionava.
Se olharmos para o passado muitos irão ver que já não temos nossos pais e avós.
A maioria dos amigos já se distanciou, poucos nos restam. Os amores adolescentes lá ficaram.
A vida continua, é certo.
Porém, as preocupações da vida cotidiana nos fazem perder um tempo precioso, distante das pessoas que amamos e daquilo que gostamos de fazer.
Atualmente, perdemo-nos nas pequenas coisas, o essencial sempre deixamos para depois.
Quando percebemos aquela viagem não deu certo. Os momentos simples passaram. Aquela pessoa que amamos já não podemos abraçar.
Vale a pena tanta correria?
Para a nossa reflexão deixo as palavras de Cecilia Meireles:
“De que são feitos os dias? De pequenos desejos, vagarosas saudades, silenciosas lembranças”.
Odemirton Filho é professor e oficial de Justiça
Perfeito seu artigo professor.
Belas palavras professor Odemirton, texto recheado de verdades.
Sem nenhuma dúvida meu Caro Odemirton, muito vem a calhar sua fala acerca das lembranças sobre pequenas grandes coisas que dia-a-dia, de fato, mais e mais estamos à perder em um ciclo, no qual cada vez mais a vida se torna liquida.
Vida líquida essa, que, basicamente compreende a qualidade da ascensão da sociedade atingida pela capacidade de consumir e não por algo mais sólido, como a educação. Fala das relações humanas que têm se tornado cada vez mais frágeis, comparando-as a mercadorias, que são descartadas quando já não “servem” mais.
Segundo o sociólogo e escritor de origem poloneza Zygmunt Bauman, autor do livro “A vida líquida”, contra o consumo, sobredito escritor entende que:
“Em um mundo repleto de consumidores e produtos, a vida flutua desconfortavelmente entre os prazeres do consumos e os horrores da pilha de lixo”
Então, nada mais oportuno que a criticidade levada a lembrar da alteridade e da empatia com que devamos nos relacionar, mais ainda em um contexto de consumo, de máquinas e maquinações, onde literalmente esquecemos do humano na moldura do tempo…!!!
Um baraço
FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
OAB/RN. 7318.