Por Bruno Ernesto
Quanto eu era criança, minha mãe me ensinou uma reza poderosa: Santo Anjo do Senhor.
Essa mesmo que, provavelmente, lhe veio à mente neste exato momento; se você tiver uma criação católica.
Quem sabe, quando criança, assim como eu, você tenha rezado amiúde antes de dormir ladeado pelos seus pais, no final de mais um dia puxado.
Quiçá, quando criança, você tenha rezado tão puro quanto um anjo. Sem nódoas na alma e sem se atentar para a maldade que sempre nos espreita. A maldade do gesto, da palavra e do pensamento.
Talvez a ordem delas seja o inverso. Inclusive de grandeza.
Naquele tempo, sempre me perguntava o porquê de tantas rezas e orações contra a maldade.
Depois descobri que não se deve ter receio da maldade. Por incrível que pareça, você até se acostuma com ela.
Ela é muito dócil frente à perversidade. Essa, sim, vem disfarçada das melhores formas que você possa imaginar.
Não confundamos religião e religiosidade. Não por onde, podem ser diametralmente opostas.
Depois, também percebi que um dos motivos de haver tantas orações, rezas e rituais, talvez seja em razão da necessidade de uma certa gradação da proteção espiritual.
Chegados a tal ponto, que o sincretismo religioso passou a ser quase uma necessidade.
Nem mesmo Lampião deixou de exortar o seu bando com suas rezas poderosas, embora tenha tido a filosofia de vida que teve e o fim que levou.
Nem mesmo a Oração da Pedra Cristalina e das Treze palavras Ditas e Retornadas o salvaram.
Mas, quantos livramentos antes do fim se deram? Só ele soube.
Não por onde, o mau agouro vem num sorriso.
Por mais que – aparentemente – se tenha por paradoxal, como dizia Nelson Rodrigues, o inimigo é sempre fiel.
Bruno Ernesto é advogado, professor e escritor
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