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domingo - 18/04/2010 - 09:10h

O ataque de Lampião – A visão de Maria Leonila Cardoso

Uma das mais importante e arriscada ação criminosa de Lampião foi a tentativa de ataque a Mossoró, o mais expressivo município do interior do Estado do Rio Grande do Norte.

Planejado, provavelmente em Aurora, Estado do Ceará, auspiciada pelo “Coronel” Isaías Arruda, chefe político local e entusiasta ferrenho do coiterismo, o ataque a Mossoró foi incentivado por cangaceiro de nome Massilon Benevides Leite, natural de Pombal, Estado da Paraíba.

No dia 13 de junho de 1927, dedicado a Santo Antônio, conforme a tradição cristão-ocidental, houve a invasão do bando de Lampião à importante urbe potiguar. No dia anterior havia aprontado uma série de tropelias inimaginável na pequena localidade de São Sebastião, saqueando-a e matando moradores indefesos.

Os cangaceiros tomaram conta da estação ferroviária e a incendiaram. Tentaram, inclusive, assassinar o gerente de nome Aristides de Freitas.

Mossoró havia sido avisada dos planos de Lampião através de carta remetida pelo “Major” Argemiro Liberato de Alencar, de Pombal (PB), endereçada ao “Coronel” Rodolfo Fernandes, prefeito da cidade visada pelos bandoleiros das caatingas, com base em informações fornecidas por cidadão residente em Itaporanga (PB), no vale do Piancó, de nome Antônio Pereira Lima, irmão do “Coronel” Zé Pereira, de Princesa (PB).

A defesa em Mossoró foi constituída, majoritariamente, por civis convocados pelo prefeito, “Coronel” Rodolfo Fernandes. O espaço geográfico urbano foi de fundamental importância para a resistência. Diversos prédios, a estação ferroviária e as torres das igrejas foram empiquetadas com centenas de homens armados.

No calor da hora, pavor e incertezas rondaram as barricadas do prefeito, diversas feitas com fardos de algodão. O domínio do território e a serenidade do chefe executivo foram decisivos para a vitória da resistência mossoroense.

Dona Maria Leonila Cardoso foi uma espectadora assustada dos acontecimentos tétricos registrados naquela época. Estava em São Sebastião, hoje Município de Governador Dix-sept Rosado (RN) quando os bandoleiros ali se arrancharam. Viu a depredação e os estragos que a violência do banditismo rural patrocinou.

Ela era filha do senhor João Jacinto da Costa, que ocupou o cargo de sub-prefeito da localidade distante cerca 36 Km de Mossoró (RN). Sua memória enfatizou que os disparos que feriram o cangaceiro “Jararaca”, hoje cultuado como “santo milagreiro", foram feitos por cidadão de nome Severino Alves, natural de Pombal (PB), ao contrário do que nos informa a maioria dos escritos literários sobre o assunto, incluindo Raul Fernandes, cujo clássico por título “A marcha de Lampião – assalto a Mossoró”, destaca que esta “façanha” coube a outro cidadão de nome Manuel Duarte.

Entrevista Pessoal CARDOSO, Maria Leonila. Mossoró (RN), 15 de janeiro de 1989.

José Romero Araújo Cardoso é geógrafo e professor-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), além de mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

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Categoria(s): Fred Mercury

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