Por Marcos Pinto
Em meados do século XIX e inÃcio do século XX vetustas e tradicionais famÃlias sertanejas fixaram-se nas solidões vastas e desoladoras da inóspita Ribeira do Panema. Traziam consigo uma rubrica com liames genealógicos pernambucanos e paraibanos, emblematizando nobreza e fidalguia. Venceram os obstáculos do ermo, atropelando dificuldades com a humildade dos grandes espÃritos. Tinham a região do Assu como polo irradiador do povoamento interiorano da região do médio Oeste potiguar.
Esse desiderato histórico revela uma quantidade enorme de figuras humanas que deixaram marcas significantes dos seus rastros nas veredas do tempo. Foram fantásticos personagens , os quais nunca devemos permitir que desapareçam na poeira do tempo, existindo apenas em páginas amareladas de livros esquecidos por seus donos em estantes desconhecidas.
No contexto histórico do povoamento da antiga Ribeira do Panema sobressaem-se as tradicionais e honradas famÃlias Marques Bezerra, Freire de Amorim e Medeiros. Foram patriarcas que aportaram no sertão Upanemense trazendo consigo valores tradicionais que contribuÃram decisivamente para a evolução social da gente que lhes antecederam no processo de ocupação do solo, numa região em fase de expansão.
As referências conceituais mais importantes atrelam-se às exponenciais figuras dos patriarcas Antonio Marques Bezerra, Manoel Bezerra de Medeiros (Né Bezerra) e os irmãos João Francisco Freire e Francisco Freire de Amorim.
A sucinta análise do pioneirismo desses nobres varões sertanejos nos remete ao exato sentido da vida, enfocando cenas, circunstâncias e ações dignificantes. Foram homens que deixaram um imenso legado de exemplos que nos ensinam que os valores tradicionais podem contribuir para a evolução do indivÃduo e da sociedade.
O patriarca Antonio Marques Bezerra nasceu no ano de 1830 no sÃtio “Caiana”, municÃpio de Campo Grande-RN, filho legÃtimo de Francisco Bezerra de Jesus e de LuÃza Maria da Conceição. Ainda solteiro, transferiu-se no ano de 1860 para o lugar denominado “Várzea da Laje”, à época do municÃpio de Campo Grande, e depois ao municÃpio de Upanema, localizada à margem esquerda do rio Upanema.
Em seguida adquiriu por compra a posseiros uma gleba de terras medindo 1.500 braças de frente por uma légua de fundos, sendo 1.200 braças para cada lado do referido rio Upanema,terras essas que abrangiam os lugares “Várzea da laje”, “Santa Maria” e “Poço verde de cima” tendo como sede o primeiro.
O Capitão Antonio Marques Bezerra casou em primeira núpcias em Mossoró, na então Igreja-matriz de Santa Luzia a 09.02.1864 com Maria Paula da Silva, que passou a assinar-se como Maria Paula Bezerra, filha do Capitão Antonio Afonso da Silva e de Inácia Maria da Paixão, residentes no sÃtio “Chafariz”, do municÃpio de Mossoró.
Maria Paula faleceu no ano de 1879 deixando uma prole d 08 filhos. O viúvo casou em segunda núpcias com a 08.03.1880 com Josefa Maria Bezerra, filha de João Florêncio de Medeiros e de Geralda Maria da Conceição, residentes na região de Mossoró.
Josefa faleceu no começo da década de 1890, deixando o viúvo e 07 filhos menores. Não se conformando com a viuvez, o Capitão Marques Bezerra casou pela terceira vez no dia 17.04.1895 com Ricardina Bezerra de Medeiros, filha de José Ferreira de Macedo e de Maria Inácia de Medeiros. Desse consórcio nasceram mais dois filhos. Este afamado patriarca faleceu em seu sÃtio “Várzea da Laje” a 06.06.1925, aos 95 anos de idade.
O renomado médico e conceituado empresário Dr. Milton Marques é filho de um filho desse patriarca, da sua terceira esposa, de nome Francisco Marques de Medeiros (Chico Marques), nascido a 21.11.1899. e falecido a 02.07.1944. Chico Marques casou com LuÃza Freire de Medeiros (Lelé) e foram pais de Milton Marques de Medeiros; Manoel Marques de Medeiros e Mário Marques de Medeiros.
Oriundos da fazenda “Poré”, no Assu, os patriarcas João Francisco Freire e Francisco Freire de Amorim estabeleceram-se em Upanema, onde compraram vasta extensão de terras, denominando-a de sÃtio “Poré”, em homenagem à fazenda “Poré”. no Assu, onde viveram até a adolescência. Esses irmãos casaram-se respectivamente com duas irmãs de nome Francisca Freire (Fransquinha) e Mariinha, irmã de Lelé, mãe de Milton Marques. Chico Freire e Mariinha foram pais de Gileno, José Anchieta (Zezé), Gilberto, Maria Soledade (Dadinha, solteira) e Antonieta (Tetê) pai de Maristela, ex-prefeita de Upanema.
O patriarca Chico Freire e esposa Mariinha foram pais de : Manoel Freire (|Né Freire), que por sua vez é pai de Aermenegildo Freire; Jonas, Juca Freire, que por sua vez é pai de José Hélio Cabral Freire e Zilene Freire; Mozinha, casada com Mário Marques de Medeiros.
Do nobre varão sertanejo Manoel Bezerra de Medeiros nasceu LuÃs Bezerra de Medeiros, que foi pai de: João Lopes Bezerra (João Lopes, da Caraúba); Josefa Bezerra, Antonio Lopes Bezerra, Maria Bezerra e Joana Bezerra.
Essas tradicionais famÃlias upanemenses herdaram as virtudes de elevado espÃrito da caridade e suma honestidade, observando com discrição as coisas de Deus, do crédito, da reputação ilibada e da honra.
Marcos Pinto é advogado e escritor
Para alguns leitores que a essa altura devem estar questionando o motivo dessa justa homenagem, remonto ao ano de 1948, em que o meu saudoso avô materno Joaquim Rosa dos Santos chegava a pacata cidade de Upanema para exercer o seu laborioso e árduo ofÃcio de cobrador de tributos estaduais no cargo de Agente Fiscal. Foi muito bem recebido pelos renomados fazendeiros Juca Freire e Né Freire, ricos fazendeiros e proprietários rurais da famosa fazenda “Por´”, que eles sempre denominaram de sÃtio Poré. O certo é que os irmãos Juca e Né Freira foram os benemerentes cicerones no convÃvio social da pequena urbe sertaneja. Nesse ano de 1948 a minha mãe já contava 14 anos de idade. É um justo preito de gratidão.
Caro Marcos Pinto, parabéns pelo excelentes texto. Obrigado pelas boas referências aos Freire do Poré. Me permita uma pequena correção, referente ao 12o parágrafo:
Os pais de Gileno, Zé Anchieta, Gilberto, Soledade e Antonieta foram João Francisco Freire e Francisquinha.
Complemento os filhos de Seu Chico Freire com Marinha ( Maria Balbina, meus avós paternos ): Seu Né ( Manoel Mario ), Jonas, Juca ( João Francisco ), Niná, Nadir, Maria Alice, Gesita e Mozinha , citados no 13o parágrafo.
Sou irmão de José Helio e Zilene ( também citados ) e de Zilda, Giizelia, Jose Mário, Gerusa e Rosana.
Obrigado e Abç; Bosco Freire
Caro Marcos Pinto, parabéns e obrigado pelo excelente texto sobre esta boa caracterÃstica dos Freire do Poré.
Me permita uma pequena correção:
No 12o parágrafo – os pais de Gileno, Zezé, Gilberto, soledade e Antonieta são João Francisco e Francisquinha.
No 13o parágrafo – complemento os filhos de Francisco Freire e Maria Balbina ( Mariinha ): além de Manoel Mario ( seu Né ), Jonas, Mozinha e João Francisco temos Niná, Nadir, Maria Alice e Gesita.
Sou filho de Juca Freire e irmão de José Helio e Zilene ( também citados ) além de Zilda, Gizelia, José Mario, Gerusa e Rosana.
Abraço, Bosco Freire
Linda história, linda famÃlia!
Sou filha de José Hélio (filho de Juca Freire e Adelzira) e de Syomara Vasconcelos Freire (filha de Francisquinho e Terezinha Vasconcelos)! E pra dar continuidade a essa história e misturar ainda mais, sou casadacom Emanuel Eduardo Paula de Medeiros (filho de Eduardo Antonio e Fatinha)! Emanuel é neto de Mario Marques de Medeiros e Mozinha!
Tereza Raquel Vasconcelos Freire de Meseiros!
Muito obrigado prezado João Bosco Freire, pelas oportunas correções e imprescindÃveis adendos. O equÃvoco de minha parte tem origem no fato de ter feito as anotações de afogadilho, o que suscitou as incorreções e as lacunas. A minha fonte informativa foi Sêo Sebastião Lopes Bezerra, conhecido em Upanema como Sebastião de João Lopes da Caraúba, que é primo em segundo grau do Dr, Milton Marques, como também uma cópia de um livro a ser publicado, de autoria do Sr. ArtemÃsio Lopes Bezerra, antigo Tabelião em Upanema. Vou inserir vossas oportunas observações na minha página do Facebook, cuja transcrição do artigo foi efetivada, informando a importante veiculação no Blog mais lido e celebrado de Mossoró, que é o nosso BLOG DO CARLOS SANTOS, pelo qual tenho lÃdima estima e irrestrita confiança. Forte abraço à todos honrados componentes das tradicionais famÃlias do vetusto Poré, detentor de denso referencial histórico-toponÃmico.
Amigo Bosco Freire, será que o amigo teria condições de me subsidiar com informações genealógicas sobre quem foram os pais dos patriarcas JOÃO FRANCISCO FREIRE e FRANCISCO FREIRE DE AMORIM ?. Outra coisa: Sua genitora é a professora Aldezira Cabral, tia de Wilson Cabral ?. Dona Aldezira é irmã de Inalda Cabral ?. Desde já antecipo agradecimento. Abraço.
Caro Marcos, segue conforme solicitado;
Os pais de Francisco Freire de Amorim ( meu avô ) e João Francisco Freire Filho ( pai de Gileno ) foram:
João Francisco Freire de Amorin nascido em 1865 em Santana dos Matos e falecido em 1930 era alfaiate
Maria Lopes Viegas filha do Alferes Guilherme Lopes Viegas e Maria Belizaria Ferreira Chimbinha de Itaja dos Lopes.
João Francisco Freire de Amorin ficou viúvo e depois casou com Josina Izabel de Medeiros sem filhos.
Sim minha mãe foi a professora Adelzira Cabral Freire, falecida no dia do professor 15 de Outubro, filha de Pedro Alves Cabral e Antonia Neri Cabral da cidade de Pau dos Ferros.
Era irmã das também professora Guiomar Cabral ( falecida ), Inalda Cabral ( mãe da jornalista Lucia Rocha Cabral ), Ana ( mãe de Wilson Cabral ), de Maria ( mãe de Canindé Alves ), de Julia ( mãe de Edmundo Alves ), além de Chico Cabral, de Cirilo, de Jose, de Vescia, de Francisca, de Regina e Odilio
Bom dia Tereza Raquel. Alegra-me saber que você é bisneta materna do maior intelectual apodiense de todos os tempos, portanto, meu ilustre conterrâneo – o intelectual polivalente JOSÉ MARTINS DE VASCONCELOS, autor do belÃssimo e contagiante hino oficial de Apodi, cujo hino você poderá ter o prazer de ouvir via Youtube. Informo-lhe, ainda que José Martins de Vasconcelos é considerado o segundo maior folclorista do RN, trazendo para as páginas do folclore a estória do monstro LABATUT, habitante da vasta mata nativa da extensa serra do Apodi. Quando aportei em Mossoró, no ano de 1974, oriundo de minha amada cidade Apodi, residi vizinho à residência de Sêo Francisquinho Vasconcelos, quando vim a conhecer a sua mãe Syomara e Francisco. Abraço extensivo aos seus pais, e demais familiares.
Marcos vc viu minha resposta dia 28/6 a sua solicitação de 22/6 ? Atendeu ?
Caro Marcos, caro Bosco, fazendo uma pequena correção, João Francisco Freire Filho e Francisco Freire de Amorim, eram filhos de João Francisco Freire e Maria Lopez Viegas, ela filha do Guilherme Lopes Viegas e Maria do O Maia Carapuça , o seu primeiro casamento, o Guilherme ficou viúvo e casou-se com Maria Belizaria Ferreira Chimbinha, Marcos estou escrevendo um livro da famÃlia Freire, sou neto de João Francisco Freire Filho
Embora tenha saÃdo de Upanema com 11 anos(1963), retornando, apenas, em Dezembro(próximo passado) aos 64, tenho registrado na memória de que seu Né Freire não tem como filho apenas Hermenegildo, conforme está colocado neste Artigo.
Olá! Boa tarde!
Gosto muito de ler e saber das coisas da famÃlia e pesquisando sobre familiares encontrei aqui no seu blog, Antonio Marques Bezerra e Maria Paula Bezerra, eles eram bisavós da minha avó, eu não tinha ainda os nomes dos pais deles, muito obrigada pela informação e já queria saber se você teria mais sobre essa famÃlia, avós, bisavós…?