quinta-feira - 23/01/2025 - 20:24h
Memória

O “Camaradinha” Caby da Costa Lima é “imorrível”

Resgate da imagem de Caby é uma iniciativa que merece aplausos (Fotomontagem: divulgação)

Resgate da imagem de Caby é uma iniciativa que merece aplausos (Fotomontagem: divulgação)

Aos 23 de janeiro de 2018, há exatos sete anos, Caby da Costa Lima calçou os seus famosos tamancos e partiu para entrevistar o Cara Lá de Cima. Antes, porém, o publicitário, colunista, escritor e “cuspidor de microfone”, como se definia o mais autêntico radialista de Mossoró/RN, deixou, quase pronto, um último livro, intitulado Azougue 8. A obra está sendo lançada hoje, aniversário da partida do autor, no site //dobumba.com.br, igualmente criado em sua homenagem.

A tarefa de realizar os ajustes finais necessários à conclusão da obra – já disponível gratuitamente, em formato digital – coube a três profissionais que o conheceram de perto. São eles, o webmaster Argolante Lopes, amigo e parceiro em diversos projetos; a jornalista Alice Marina Lira Lima, filha do “Camaradinha”; e o jornalista e amigo Cid Augusto. Lopes cuidou da elaboração do site e da diagramação do livro, enquanto Alice tratou da redação e da finalização de textos, além do prefácio.

A 8ª edição do Azougue constitui-se em notável contribuição para a memória de Mossoró. Resultado de minucioso levantamento, o trabalho está dividido em cinco seções: “Do Bumba” e “Da Época” trazem imagens de pessoas que fizeram história; “Mossoró, Meu Xodó” documenta transformações urbanísticas e arquitetônicas da urbe, ao longo dos anos; “Da Bola” captura personagens e momentos importantes do esporte regional; e “Das Enchentes” revela cenas impressionantes de inundações que afetaram a cidade em 1924, 1961, 1967, 1974 e 1985.

Para a página da Internet, os idealizadores escolheram o nome “Do Bumba”, termo do qual o homenageado gostava, chegando, inclusive, a usar como título de livro. Além de hospedar a última pesquisa, o site reúne dados biográficos, fotos e vídeos de Caby, espaço para amigos e leitores deixarem mensagens e playlist do programa de rádio “O Som Do Caby”. Dentro em breve, cópias digitais de outras publicações dele serão disponibilizadas no mesmo espaço.

Contando sobre o surgimento da proposta, Alice declarou: “Painho falou muito comigo sobre esse livro, especialmente devido às fotos das enchentes”. Segundo ela, “a ideia surgiu também da curiosidade que a gente tinha em relação à expressão das pessoas nesses momentos. Falamos tanto disso em edições passadas que ele resolveu trazer páginas especiais e me chamou para escrever o prefácio”.

A pretensão, conforme a jornalista, era ter lançado o projeto antes, mas rever as conversas com o pai remexia com lembranças, dores e emoções: “Gostaria de ter lançado antes, mas era muito difícil rever nossas conversas, mexer em tantas lembranças e seguir firme para fechar o conteúdo, o que nem sempre acontecia”. Apesar de tudo, “assim como ele tanto me ensinou e mostrou, tem coisa que a gente não vai conseguir mesmo só”.

Com essa consciência, diz ela, a solução foi buscar o apoio de “amigos – tão irmãos dele – para concluir, no tempo possível”, a tarefa que ao final é motivo de grande felicidade. “Sei como ele gostaria e também sei que muita coisa pode não andar como o esperado, mas o amor de painho é ‘imorrível’, é potente demais e segue vivo de uma forma às vezes nem tão explicável”, conclui.

Caby da Costa Lima

Filho de José Izídio Lima e de Maria Nazaré da Costa Lima, pai de Alice Marina e Marina Alice, Raimundo Nonato da Costa Lima, o Caby, nasceu em 11 de maio de 1957, em Mossoró/RN, mas dizia, carinhosamente, ser de Patu-RN, em homenagem ao pai, que ficava orgulhoso quando ouvia tal declaração.

Tornou-se radialista por causa do futebol – dizem até que jogava bem. Aos 14 de julho de 1972, participou de um torneio da imprensa contra o time da indústria Fitema. Na ocasião, o comentarista esportivo Lupércio Luís de Azevedo perguntou se ele queria jogar no gol. Caby aceitou e, dessa partida, recebeu o convite para ingressar nos quadros da Rádio Tapuyo, como repórter suburbano.

A marca registrada de Caby era os tamancos que usava desde a juventude, em todas as ocasiões, fossem simples ou requintadas. “Quando você usa tamanco, você fica à vontade, você se solta, você tira o pé fácil e, de repente, está descalço”, justificava, embora tenha enfrentado problemas, como da vez em que foi barrado no Maracanã, no Rio de Janeiro, por causa da peça mais importante do seu figurino. Na época, tamanco era visto como arma nos estádios. Nas vezes seguintes, para driblar a fiscalização, o Camaradinha entrava de tênis e os trocava pelos tamancos assim que chegava à cabine de transmissão.

Como narrador esportivo, ele transmitiu diversas partidas importantes de futebol, uma delas, a da classificação do Brasil para a Copa do Mundo de 1994 (Brasil x Uruguai), pela Rádio Difusora em companhia do repórter Jota Régis. Dos eventos locais, lembrava com nostalgia, a disputa emocionante entre Baraúnas e Potiguar, em 1979.

Além de radialista, com passagem pelas rádios Tapuyo, Difusora, Libertadora, Resistência e Santa Clara, Caby da Costa Lima foi presidente de clube de futebol, o Potiguar, publicitário, escreveu para os jornais Gazeta do Oeste e o Mossoroense, e publicou vários livros. Sua longa trajetória editorial começa com O Mancha e termina com o Azougue 8.

Aos 23 de janeiro de 2018, diretamente do hospital Wilson Rosado, em Mossoró/RN, onde estava internado desde o dia 8 daquele mês, resolveu entrevistar o “Cara Lá de Cima”, como falava, para o Som do Caby. Deixou por aqui uma legião de admiradores e, como costumava dizer, uma lista interminável de “muitos bons amigos”.

Nota do Blog Carlos – Tenho algumas histórias da amizade com Caby. Quase todas hilariantes. Uma delas, por exemplo, de uma ‘amizade arranjada.” Ele entendeu que eu e o radialista caicoense Clóvis Pereira Júnior, o “Pituleira”, teríamos que ser amigos. Conseguiu. Somos grandes amigos. Bem, mas depois eu conto.

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Categoria(s): Comunicação / Gerais

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