segunda-feira - 07/01/2008 - 22:04h

O “crack” que Potiguar e Baraúnas insistem em produzir

Os times (ou clubes) de futebol profissional de Mossoró estão com sintomas de uma recidiva: o amadorismo. É indisfarçável que Baraúnas e Potiguar oscilam de tempos em tempos entre a profissionalização necessária e o primitivismo de várzea.

Para o início da temporada 2008, o que vejo na imprensa que costuma cobrir o setor é preocupante. O tricolor do bairro Doze Anos mergulhado em muitas interrogações quanto à saúde financeira e o alvirrubro sem ter pelo menos um campo para treinar.

Nos dois casos, o problema é o mesmo: trata-se de um surto de amadorismo, sobretudo porque insistimos em realimentar velhos conceitos de comando, onde paixão toma lugar da razão. Há uma mistura de deslumbramento com despreparo.

Some-se a isso, a própria atmosfera imediatista que o esporte exige, a partir da pressão das arquibancadas. O torcedor quer títulos, vitórias, a qualquer preço, como se houvesse uma fonte divina ou mágica para seus sonhos.

Nesse ambiente, há o paliativo "fácil" da cobertura financeira pública. A Prefeitura de Mossoró é uma mãe, mas quando não esteve sadia como em boa parte do ano passado, foi execrada por torcedores, ao se negar em patrocinar o Potiguar na Terceirona.

O que acontece com o futebol profissional de Mossoró é parecido com a experiência que se enraizou nos últimos anos, por coincidência, quanto à imprensa da cidade. Raros são os veículos de comunicação que se sustentam sem o erário do município. É mais "fácil" do que profissionalizar, montar departamentos comerciais e tratar a empresa como empresa e não como arma de achaque, chantagens e terceirização de matérias. 

Potiguar e Baraúnas vivem com olhos cintilando, diante do cofre público, porque é mais "fácil". Como era "fácil" no passado recorrer aos bingos. Os dois times (ou clubes) realizaram vários deles e em boa parcela sobraram mais dúvidas quanto a supostos desvios de recursos do que dinheiro para investimentos sólidos.

Chega de sangrar o cofre municipal!

A prioridade do serviço público tem que ser o social, o atendimento a serviços básicos – saúde, educação, viabilização de emprego, apoio a idosos e jovens etc. Até aqui, alvirrubros e tricolores praticamente não deram nada em troca à sociedade, além do bem imaterial da alegria por títulos recentes. É muito pouco.

O patrocínio da prefeitura deve ser convertido em contrapartida de apoio à criança e ao adolescente. Bobamente, nós adotamos a miopia seletiva e não enxergarmos que Potiguar e Baraúnas são apenas usados como máquinas de propaganda politiqueira. Poderiam ser mais úteis a Mossoró.

Numa civilização que pouco a pouco vai tendo outra noção do que seja a palavra "craque", futebol precisa rimar com educação, saúde e bem-estar da juventude. Infelizmente, o "crack" que prospera é sinônimo de morte e desagregação familiar. Muito longe do que o esporte pode e deveria oferecer.

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Categoria(s): We Are The Champions

Comentários

  1. Alexandre Correia diz:

    Boa observação sobre os clubes mossoroenses… Acrescento ainda que em um estado em que o futebol do interior igualou-se com o da capital nos últimos anos, dentro do estado do RN, há espaço para que se tenha mais inciativas privadas (dentro da realidade do nosso futebol) nos clubes mossoroenses.

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