Assisti ontem à tarde pela TV, o confronto entre o Barcelona (Espanha) e Inter de Milão (Itália), pela Liga dos Campeões da Europa. Poderia ser melhor. Mas valeu.
Sou apaixonado pelo futebol. Não o vejo apenas como esporte. Para mim, é uma reprodução da vida aqui fora, metáfora da própria vida. Ele não oferta-nos apenas as alternativas do ganhar ou perder, empatar; fazer gol ou impedir que o adversário o faça.
O confronto "Barça" x Inter provou novamente como é recorrente utilizar o futebol para aprender, rever conceitos e promover questionamentos sobre certas "verdades."
A expectativa de um jogo corrido, lá e cá, com uma sucessão de lances emocionantes, foi substituída por movimento bate-estaca de defesa contra ataque. Porém nem aí, menos emocionante e didático.
O treinador de origem portuguesa, José Mourinho, transformou seu time italiano – que tem vocação para o ataque, num paredão quase inexpugnável. Tendo a vantagem de poder perder por até 1 x 0 (o que ocorreu), para ir à decisão contra o Bayer de Munique (Alemanhã), ele jogou com o regulamento.
As circunstâncias da própria partida impuseram mais ainda a estratégia defensivista.
Expulso ainda no primeiro tempo, o jogador Thiago deixou a Inter com apenas dez, contra a máquina de jogar futebol da comunidade Basca, do treinador Josep Guardiola. Mas nem aí o timaço do craque Messi conseguiu seu intento.
Para muitos analistas e torcedores, Mourinho foi um covarde. Como a plateia de uma arena de touros da Espanha, o público queria espetáculo, muitos gols, dribles desconcertantes. A apoteose. Viram quase o inverso.
À leitura fria e sem paixão, que espelha o papel pedagógico do futebol, acabo me deliciando mais ainda com o esporte. Barcelona 1 x 0 Inter foi realmente incomum.
Pirâmide
Mourinho promoveu uma versão própria da estratégia do "Ferrolho Suíço", empregada pelo técnico austríaco Karl Rappan, nas copas de 1934 e 1938. Treinando o time da Suíça, feito a base de "atletas" que na verdade tinham outras atividades, ele criou um esquema em forma de pirâmide, o 2-3-5.
Nesse sistema, a prioridade era marcar ostensivamente o adversário, priorizando a defesa em detrimento do ataque. A defesa começava no ataque. A partir de sua elaboração nasceram outras formações táticas, como a 4-4-2, tão utilizada hoje em todo o mundo.
Mourinho, com um jogador a menos, formou duas fileiras de quatro-quatro homens.
Um pouco antes da expulsão, a Inter estava um pouco avançada, marcando do meio de campo para atrás e com seus atacantes recuando para função do primeiro combate, pelas alas. Depois, encolheu da sua intermerdiária para trás.
Um goleador com o potencial de Samuel Eto´o chegou a ponto de impedir gol em sua própria área.
Acostumado a ter muito espaço para jogar, o Barcelona do gênio Messi foi obrigado a "alugar" um campo e meio para tocar a boca. Insistiu em entrar pelo núcleo do paredão de nove-dez jogadores ou em escassos cruzamentos à área. Só teve êxito uma vez, com gol de Piqué, que surgiu entre os zagueiros.
Quase não teve chances de chutes à longa distância e de gerar tabelinhas à entrada da área. O "Ferrolho Português" parou a seleção do Barcelona, sem que fosse preciso apelar para pontapés ou catimbas exageradas.
O que nos ensina esse duelo Barcelona 1 x 0 Inter?
Fundamentalmente, que é preciso termos a capacidade de leitura de qualquer situação, não perdermos o foco e nos adaptarmos às exigências de cada desafio.
Vocacionada para o ataque, a Inter fez da defesa ostensiva e militarmente disciplinada, a razão do seu triunfo. Está na final.
Teremos outro épico.
Foto – Gabriel Milito marca em cima o atacante Eto´o num confronto emocionante.
AAdoreiiiiiiiiiiiiiiii!!!!1
Caro amigo/jornalista Carlos Santos. Gostaria de enviar, atraves do blg, um recado à Rede Globo de Televisão. Atenção Falcão, Júnior e Casa Grande: o nosso Carlos Santos entende de futebol, tática e de portugues, melhor do que voces, para comentar uma partida. Seria bem melhor o nosso blogueiro comentar durante a copa do mundo do que esse três acima citados. Lamento apenas Carlos, voce ter que dividir o espaço nas transmissções da copa na África, com o Galvão Bueno. Rarará! Quanto ao Neto (urgh!) da Band, este não dá nem para amarrar suas chuteiras amigo. Falei!!!
sensacional!!!!!!!!!!!!!! continuo sua fã…. nº 1