Por Bruno Ernesto
Acredito que a figura do galo represente o que há de mais marcante na infância de uma pessoa que gosta do campo ou, como se diz por aqui, do interior.
Quando vejo aqueles galos vistosos nos terreiros dos sítios, estufando o peito e me encarando, não há como não recordar dos bons momentos da infância.
Você, caro leitor, certamente já teve sido indagado de sua origem só pelo jeito de falar.
Não se engane. Ninguém consegue omitir sua origem.
Uns a negam veementemente, outros disfarçam e tergiversam com o mesmo intuito.
Porém, nada como ter orgulho de suas raízes.
Sim, claro que só o jeito de falar não quer dizer muita coisa. Na verdade, diz muito e não diz nada.
Se você, durante uma refeição, acomoda o talher no modo continental, experimente comer sem formalismo.
Se você gosta de risoto, prove arroz de leite. O arroz da terra, aquele vermelho, é o melhor.
Se você gosta de queijo Gouda ou Camembert , experimente queijo de coalho e de manteiga.
Se você gosta de soda italiana, prove um caldo de cana-de-açúcar.
Se você gosta de chantilly, prove nata. No feijão-de-corda é espetacular.
As coisas simples para uns, é um tesouro e tradição para outros.
O que é Vira-lata para um, é galo para outros.
Como dizia Guimarães Rosa, a lembrança da vida da gente se guarda é num lugar mais fundo que a alma, e o que é ruim a gente desaprende depressa.
Bruno Ernesto é advogado, professor e escritor
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