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domingo - 21/02/2016 - 08:52h

O indivíduo manipulado

Por François Silvestre

Nos regimes ditos socialistas a individualidade é rebotalho do “coletivo”, para justificar a falsidade social do regime. E em nome da fantasiosa igualdade todas as brutalidades contra o indivíduo são consumadas. E o coletivo é apenas o ajuntamento de indivíduos atrofiados.

Nos regimes “democráticos” do capitalismo a diferença é de retórica. A prática muda apenas de feição e de feitura. O indivíduo cantado e decantado do liberalismo é tão somente um seguidor do manípulo.

Manípulo é um pequeno feixe da capim, amarrado na ponta de uma vara, que o condutor põe à frente da carroça para enganar o burro condutor. O pobre animal tenta alcançar a ração, que nunca chega ao seu alcance.

O Estado brasileiro é a fisionomia dessa aberração. Qual capitalismo é o nosso? Que nem consegue oferecer as poucas vantagens do capitalismo.

Vejamos: A iniciativa e propriedade privadas são princípios liberais do capitalismo. O brasileiro possui esses bens? A iniciativa privada só é bem sucedida no conluio promiscuo com o Estado. Grandes empreiteiras corruptoras aliciando o Estado passivamente corrupto. E vice-versa.

O médio ou pequeno empresário é prisioneiro da insegurança, da burocracia e da rapinagem tributária.

Proprietários efetivos só ladrões, assaltantes e trambiqueiros. O posseiro honesto apenas pastora a posse precária do “seu” patrimônio. Sob o risco permanente da bandidagem privada e da roubalheira pública.

O Estado atual é o estuário da legalidade corrompida. A Lei é mãe para os donatários do Estado. E madrasta para o restante, que só é parte do todo nas obrigações. O indivíduo é a barata de Kafka.

Povo só é substantivo concreto na presença repressiva do Estado. No momento dos direitos e garantias individuais o Poder transforma a regra constitucional num rolinho de papel higiênico. Que vai limpar o concreto monossilábico.

O resto do todo, que se reparte em pessoas concretas, vira abstração na privada. Cada um de nós é um substantivo abstrato, ante a concretude repressiva do Estado.

O Estado brasileiro é uma patifaria sócio-institucional. Legalista sem a segurança da legalidade.

A mesma Constituição que “garante” a dignidade da pessoa humana como seu esteio, atribui poderes de falsa ética a quem nega a prescrição fundamental.  Fica o dito na parte fundamental descartado pela esperteza do secundariamente estabelecido.

O Anarquismo, que não é anarquia, aponta o dedo acusador contra a bagunça instituída. Contra essa cavilação hipócrita de que há salvadores éticos a proteger um “povo pacífico e ordeiro”. Falácia sociológica.

É o Estado resultante da anarquia institucional, triturador do indivíduo. O dito “interesse público” é o disfarce para a opressão individual. Somos burros de carroça, sem saber pra onde nos leva o manípulo.

Té mais.

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Texto EXCELENTE!
    Não entendo o ESCRITOR François Silvestre não fazer uma seleção de textos e publicar um livro.
    Parabéns pelo artigo.
    ///
    O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RN JULGARÁ SAL GROSSO ANTES DAS ELEIÇÕES?
    SE SAL GROSSO PRESCREVER COMO DIZER AOS MEUS FILHOS QUE O CRIME NÃO COMPENSA?

  2. naide maria rosado de souza diz:

    É um Estado deformado.

  3. João Claudio diz:

    Muito bom o texto do mestre. Tudo no seu devido lugar. Esqueceu apenas de colocar o ”tapa olhos laterais” que todo burro de carroça é obrigado a usa-lo.

  4. François Silvestre diz:

    Já publiquei vários, Mestre Inácio Augusto. Nem sei se ainda terei disposição para outros, pois que a leitura tá cada vez mais rara. A lembrança do “tapa-olho” foi ótima, João Cláudio. E Naide, tava sentindo falta dos seus comentários. Vocês, os comentaristas assíduos da Coluna do Herzog, completam o serviço de utilidade pública do Carlos Santos.

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