Efetivamente, hoje é o "Dia D" para a senadora Rosalba Ciarlini (DEM), numa alusão comparativa com episódio da tomada da Normandia (veja AQUI), passagem da 2a Guerra Mundial. É tudo ou nada.
E-mails, contatos telefônicos, gente me parando à rua. Todos com a mesma pergunta: "A senadora vai se salvar ou ser cassada?"
Como escrevi em matéria postada mais abaixo (veja às 7h48), a ex-prefeita mossoroense enfrenta uma via crucis judicial desde junho, sob a tensão de cinco adiamentos. Sem se contar a própria trajetória até chegar à vitória nas urnas em 3 de outubro do ano passado, atropelando por pouco mais de 11 mil votos de maioria (0,76%) o poderoso adversário e candidato à reeleição, Fernando Bezerra (então no PTB).
Sim, vamos ao que penso. "Só sei que nada sei." Repito o filósofo Sócrates.
Raciocino em cima de impressões. Reitero o que tenho dito no rádio, TV, jornais impressos e sobretudo aqui na blogosfera: vivemos um clima de insegurança jurídica. Mesmo entre conceituados e experimentados operadores do Direito, o quadro analítico é carregado de suposições e nenhuma garantia irremovível.
Não faltam variantes com componentes políticos, ou politiqueiros, pairando sobre o caso. Ninguém deve ter esquecido o processo de indicação, sabatina e nomeação do ministro Carlos Alberto Menezes Direito, agora integrante do Supremo Tribunal Federal (STF). Em seu lugar, agora, julga a senadora o ministro Félix Fischer, um alemão naturalizado brasileiro.
Nos bastidores, a informação corrente é de que Direito estaria com voto pronto para pedir cassação de Rosalba. Assim, empataria o placar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 3 x 3 e caberia ao presidente da corte, Marco Aurélio Mello, a decisão.
Não tem sido segredo, por intervenções em plenário e entrevistas até sarcásticas, que Mello advoga o banimento de Rosalba. Por enquanto, quem está desterrado é Fernando Bezerra. Particularmente, não creio que Rosalba seja cassada. Passou "do tempo". Entretanto, não possuo qualquer segurança para "apostar" nessa assertiva.
O perfil do ministro Félix Fischer, pelo que apurou o Blog, é de um julgador ciente de suas responsabilidades, com carreira exemplar e refratário às pressões da politicalha. O que é ótimo para o próprio ambiente judicial e à sociedade. Contudo, levado ao caso em questão, o que isso pode significar? Bem, à crença de que Fischer vai se apegar aos autos.
Como leigo, não vejo como se condenar Rosalba.
Houve abuso no uso da TV Tropical no espaço pré-eleitoral descrito na peça processual acusatória? Sim, claro que houve. Não por acaso, Rosalba esteve 64 vezes na emissora para falar de tudo um pouco, até comentar futebol. Ninguém é bobo para ser insultado e engolir tese diferente.
A aparição sistemática tinha o sentido de potencializar seu nome para a postulação que seria oficializada adiante. Porém é fantasioso se vender a idéia de que houve peso decisivo do estratagema, à vitória da ex-prefeita.
Eu, obrigado a ser o mais atento possível à programação política, para poder estar razoavelmente bem-informado, não devo ter visto mais do que três entrevistas da pré-candidata. Muito mais poderoso é o tráfico de influência que qualquer político com mandato promove, usando verba pública, na catequese de apoios eleitorais.
Fernando Bezerra, senador, fez isso e está amparado na lei. É papel do congressista diligenciar para que emendas sejam materializadas, verbas da União cheguem às bases. Porém não arrimo minha opinião no argumento de quem errou menos ou mais. Especificamente estamos tratando de um fato: a relação entre Rosalba e a TV Tropical, com efeito às urnas.
Não votei em Rosalba ao Senado. Tenho certa autoridade até para empinar o arrazoado de sua inocência. Hoje, continuo achando que Fernando Bezerra está mais preparado ao mandato, mas não partilho da idéia de que o êxito da senadora foi "laboratorial", forjado no poder episódico da TV Tropical.
A força da mídia eletrônica em pesou? Claro que sim. Entretanto, se fôssemos analisar por esse ângulo frio, superdimensionando o poder da televisão, Lula não seria bipresidente e o popular Sílvio Santos certamente estaria no Planalto, substituindo o companheiro numa outra versão "tudo por dinheiro".
Daqui, minha sentença isolada, pessoal e sem qualquer poder de influenciar a corte, é uma só: deixem a mulher trabalhar! O mandato é de Rosalba.
Retomo o tema, sob outro ângulo, ainda hoje.
Inacreditável a notável capacidade que o jornalista tem de trocar a camisa do time que vinha torcendo a bastante tempo. Tenho acompanhado por este blog a “via crucis” da Senadora Rosalba nos ultimos meses… e…
Me decepcionei quando li esta ultima postagem: “O mandato é de Rosalba!”.
Poxa! Não foi uma sutil mudança de “ângulo”, como você chama, mas sim uma mudança radical de opinião.
“Deixem a mulher trabalhar?”
Como assim?
Não saber ao certo o resultado de um julgamento é uma coisa, mas defender a permanência de alguém que errou usando a justificativa do erro de outros, é muito diferente.
O problema do brasil é ético. Os valores são muito superficiais. É preferível correr para cima do muro, a ter que enfrentar inimigos fortes, não? Realmente, cada um tem um preço.
Carlos é isso.Vc foi sensato.Rosalba não cai.Eu tenho certeza.
Luiz Gustavo, você foi sucinto, é isso mesmo, hoje a ex prefeita pode não ser cassada, so pela possibilidade de vir compor a base aliada do governo, quer dizer que o ato deixa de ser ilegal apenas por ser da base aliada? Ora como deixa escapar Marco Aurelio Melo, se é crime por que não só pagar pelos outros muitos cometidos????