Por Ney Lopes
Ontem comemorou-se o Dia Internacional do Meio Ambiente.
A data criada pela ONU tem o objetivo de trazer a debate, a integração entre o meio ambiente e a economia.
O nosso país poderá ter cometido equívocos ao longo de vários governos em sua política ambiental, porém não assume as proporções das acusações feitas por certos líderes internacionais.
Colocar o Brasil como “boi de piranha” na questão ambiental, confirma a existência atrás de tudo isso, do “olho grande” de países, que desejam beneficiar-se da nossa biodiversidade.
Está provado que muitas ONGs internacionais (há exceções) chegam a Amazônia, travestidas de missões religiosas, ou, de preservação ambiental, quando a real intenção é a exploração econômica e comercial dos recursos naturais e não proteger a floresta, em benefício do planeta, mas usufruir lucros, até com a exploração clandestina das riquezas lá existentes.
Estudos globais evidenciam, que todos os ecossistemas mundiais e não apenas o Brasil estão em processo acelerado de degradação permanente e trazem sérios riscos para o equilíbrio do clima.
Em consequência, o regime irregular de chuvas contribui para o aquecimento global, aumentando os riscos de desastres naturais, provocados pelo ser humano e suas atividades, causando prejuízos econômicos, sociais, ambientais, geopolíticos e culturais.
Sabe-se que o nosso país detém a maior diversidade do planeta.
As mais diferenciadas riquezas jazem nas cadeias de nucleotídeos e nos fito químicos dos bosques brasileiros.
Segundo a “Conservation Internacional”, dos 17 países mais ricos em biodiversidade do mundo (entre os quais figuram Estados Unidos, China, Índia, África do Sul, Indonésia, Malásia e Colômbia), o Brasil está em primeiro lugar com 23% do total de espécies do planeta.
A Suíça tem apenas uma planta endêmica. Alemanha e o México pouquíssimas.
O Brasil tem 20 000, apenas na Amazônia.
Adiciona-se a isso a variedade de espécies vegetais, de mamíferos, aves, répteis, insetos e peixes da Mata Atlântica, do cerrado, do Pantanal, da caatinga, dos manguezais, dos campos sulinos e zonas costeiras.
Apenas, cerca de 10% da flora mundial foi estudada até hoje e só 3% é utilizada como matéria-prima.
A biodiversidade brasileira, portanto, é o cofre de um patrimônio químico inexplorado de remédios, alimentos, fertilizantes, pesticidas, cosméticos, solventes, fermentos, têxteis, plásticos, celulose, óleos e energia, além de moléculas, enzimas e genes, em número quase infinito.
Sem desejar reduzir a gravidade da pandemia pelo coronavírus, deve-se destacar que a poluição e a fome matam a cada ano 15,74 milhões de pessoas ou 4,4 vezes mais que a Covid-19.
O Dia do meio ambiente conduz a reflexão, de que somente a preservação racional da Amazônia poderá ser uma das alternativas para a produção de alimentos em abundancia, que abasteça o mundo.
É aí que surge o “nó górdio” da questão, com o “olho grande” das grandes potências, na tentativa de inibir o nosso agronegócio.
Países como os Estados Unidos e alguns europeus, que desejam liderar o agronegócio global, ficam incomodados e começam a levantar dúvidas, para conter que os avanços nacionais na exploração econômica da biodiversidade amazônica.
O desafio brasileiro será desenvolver os usos econômicos dos materiais genéticos disponíveis, incorporando tecnologias e capitais, sem, no entanto, estabelecer princípios xenófobos e contrários ao desenvolvimento científico.
A indispensável atração de capitais, públicos e privados, dependerá de regras estáveis de proteção a cada direito e investimento envolvidos.
Não se quer uma legislação entreguista, mas apenas que dê segurança jurídica às parcerias que começam a se desenvolver, com oferta de empregos e divisas para o país.
A maior floresta úmida do planeta abriga um percentual impressionante da diversidade biológica conhecida e porcentagem ainda maior das reservas hídricas, cada vez mais preciosas para a subsistência do Homem na terra.
O futuro do agronegócio brasileiro dependerá da segurança e determinação de uma política, que garanta o acesso ao nosso patrimônio genético, como marco na utilização sustentável da biodiversidade e que conduza ao desenvolvimento econômico-social da Amazônia.
Ney Lopes é jornalista, ex-deputado federal e advogado
Faça um Comentário