Quando ouço algum amigo meu falar em ir embora de Mossoró, angustiado com os mesmos e eternos problemas que a afligem, lembro-me da lenda em torno dos ingleses da época da Rainha Vitória e da colonização da Índia. Naquele tempo se dizia que a Grã-Bretanha contava sempre com o ardor dos seus filhos na defesa da terra natal, e eles eram soldados destemidos e valorosos; mas não contava com eles para morarem no próprio País.
É que a Inglaterra era insípida – com sua moral vitoriana – e seu clima horrível.
Há muitos filhos de Mossoró espalhados mundo afora. Alguns, inclusive, já morreram, e longe. Outros estão distribuindo seu talento em outras terras. Mas muitos ficaram, ou voltaram. Nomes que são o sal, o tempero da terra. E se angustiam com o destino do País de Mossoró.
Por que, então, não nos unirmos para pensá-la?
Imaginemos a contribuição que personagens como esses, despojados de interesses pessoais, poderiam dar à terra de Santa Luzia. Todas elas com assento permanente em um imenso Fórum cujo objetivo seria pensar Mossoró, através do estudo do seu passado e presente, mas com olhos voltados para o futuro.
Um Fórum distante de qualquer instituição. Desvinculado de qualquer órgão público ou privado. Ele mesmo a instituição, o órgão. Coordenado, em uma etapa inicial, por alguém que pairasse acima das questiúnculas provincianas, e que indicaria alguns nomes que se encarregariam, junto com ele, de selecionar os membros iniciais do Fórum. Que, para o integrarem, apresentariam qualquer tipo de trabalho, dentro ou fora de sua área de especialização, contanto que escrito pensando-se em Mossoró.
A forma como seria estruturado tal Fórum poderia ser qualquer uma diferente da acima proposta. A sugestão de se criar um critério para integrá-lo é uma tentativa de evitar o blá-blá-blá inútil. Porquê não adianta a discussão pela discussão.
Os que desejarem participar terão de contribuir por escrito, apresentando trabalhos para serem discutidos, analisados, acatados ou não. Ao longo do tempo, delineadas várias propostas de políticas públicas, então seriam chamadas as instituições, os órgãos públicos para tomarem conhecimento daquilo que estava sendo trabalhado pelo Fórum e lhes cobrada uma posição.
A imprensa seria chamada, bem como as entidades representativas da sociedade, para um trabalho de fiscalização, de acompanhamento…
Parece utopia?
Entretanto em Natal existiu o Pacto Pelo Desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Que teve outra estrutura. De onde NÃO copiei a idéia, uma vez que muito antes do seu surgimento já havia escrito um artigo para “O MOSSOROENSE” no qual incitava a ACIM – Associação Comercial e Industrial de Mossoró, presidida na época por Paulo Almeida, a fazer exatamente aquilo que estou propondo agora.
É preciso algo forte e mais denso, com resultados práticos, palpáveis. É necessário que os participantes do Fórum se comprometam com Mossoró através de sua contribuição intelectual POR ESCRITO. Para que não haja dúvidas. E, com certeza, é necessário o comprometimento não só de indústriais e comérciantes de Mossoró, mas também de educadores, advogados, médicos, sacerdotes, assistentes sociais, jornalistas, enfim, de todos aqueles que se propuserem a PENSAR MOSSORÓ.
Esse é o desafio.
Resgatarmos, em pleno início do século XXI, início de um novo milênio, o espírito público acerca do qual falou Péricles, em sua oração fúnebre aos mortos de Maratona. Aquele mesmo que transformou Atenas no centro irradiador da “paideia” ocidental.
Para que não seja dito, amanhã, que não se tentou. E, também, para que diminua o número dos nossos “ingleses” do País de Mossoró.
Honório de Medeiros é advogado e ex-secretário de Recursos Humanos da Prefeitura de Natal e do Estado
Honório, um cidadão do bem acima de tudo.
Muito bom artigo. Aliás, excelente! Utopia? Não. Difícil sim. A mentalidade provinciana e a politicalha reina aqui.
Me fez pensar… Forum?
Me fez lembrar a disciplina do MBA: Modelos de Gestão Contemporânea … É isso amigo, seria implantada um modelo de Gestão com “Governança Corporativa”.
Genial meu amigo Honório! abraço grande!
Meu caro Medeirinho,
Fico feliz em ver que ainda se pensa Mossoró com grandeza de espírito. Sonho, igualmente a muitos que viveram exilados por longos anos longe de sua terra, com uma cidade com estrutura urbana bem cuidada, pensada, limpa, segura e próspera para qua as gerações futuras não se vejam obrigadas a deixarem sua terra em busca de condições de sobrevivencia.
Forte abraço e pode contar com minha humilde contribuição.
Caso venha acontecer este Fórum estarei dando a minha contribuição como cidadão, professor, educador… Este também é um sonho meu ver pessoas diferentes tentando dar outros rumos a cidade de Mossoró invadida por interesseiros politiqueiros anos a fio e que não deixam nada funcionar a contento como merece a economia e as riquezas oferecidas pela mãe natureza e tão mal administradas pelo insensatez e omissão de muitos juntamente com a ignorância do povo. Dizia Rubens Alves; O BRASIL NÃO TEM POVO TEM PLATÉIA!