Declaro, em mim,
e aos ventos e mares de Cuba,
toda a liberdade.
E o homem livre já vive o céu.
Aqui, na terra, o homem verdadeiramente livre
desenha os contornos de um céu
azul como o da África
ou dos sertões do Brasil.
Meu grito libertário já chegou à floresta da Bolívia
e, ao contrário do que pensam alguns,
não cessou.
Meu punho está firme,
pronto e rijo.
Já penso no próximo combate.
Travarei esse combate entre as palavras
e a ignorância.
Travarei esse novo combate entre o pão
e a fome.
Travarei esse velho combate entre a luz
e a obscuridade.
Lutarei, desesperadamente, sem sentir
qualquer dor.
Os meus amigos e camaradas
irão curar minhas feridas
com o bálsamo da verdade
e da honra.
Desafiarei os perigos
e correrei montanhas e todos os riscos.
Minha guerrilha não cessará
enquanto houver um homem,
uma mulher,
um velho,
uma criança,
sem casa,
sem chão,
sem o arroz da ilha
ou o feijão do continente.
Não cessará minha batalha
enquanto eu ouvir a canção
da Latino-América.
A fadiga não me alcançará,
enquanto – nas madrugadas –
eu sorver o orvalho fresco
e a seiva que escorrem sobre as folhas
das árvores imemoriais da paz
e sobre a minha fronte sangrando.
Não interromperei minha luta
e minha gargalhada ainda ecoará,
apavorando meus algozes,
enquanto existirem povos
sem olhos para ver
o rumo certo,
sem ouvidos para ouvir
o poema da liberdade,
sem língua para gritar
e buscar, no fundo do peito,
o espírito altivo e forte
da América Independente!
* Poema em homenagem a Che Guevara, lido pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), em sessão especial do Senado no dia 23 passado)
Lívio Oliveira, poeta e advogado
impressionante a discrepancia entre o homem e o o mito, de Ernest Che Guevara.li este poema na sua coluna e acho que Suplicy deveria estar cuidando de outra coisa.