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domingo - 14/10/2012 - 12:35h
Cláudia Regina - prefeita

O tempo e os meios para uma vitória emblemática

Sucessão mossoroense deste ano tem bastidores de guerra e lances com personagens de peso

O relógio digital no celular do editor desta página apontava pouco mais de 10 horas. Estávamos no dia 6 de setembro de 2012. Faltava menos de um mês às eleições municipais, ocorridas no dia 7 de outubro.

Uma rosalbista amiga liga, em tom aliviado, para exaltar a publicação de números da terceira e última rodada de pesquisas da parceria Blog do Carlos Santos e Instituto Consult, veiculadas àquele dia. Ela esperava uma diferença maior pró-Larissa Rosado (PSB), como o próprio comando de campanha da candidata governista Cláudia Regina (DEM) espalhara nas redes sociais, numa tentativa de “adivinhar” e desacreditar a sondagem.

Cláudia teve vitória confirmada por boca-de-urna interna no dia 7 (Carlos Costa)

A conversa amena é seguida de duas perguntas esperadas e encadeadas:

– O que você acha? Dá pra “nós” vencermos?

A resposta é a mesma que a própria matéria “Retratos de uma disputa concorrida à Prefeitura de Mossoró” (clique AQUI) indicava no dia 8 de setembro, analisando a série de pesquisas Blog/Consult, pré-campanha e a própria campanha em si. “Há tempo e meios, mas o favoritismo de Larissa continua”, foi-lhe respondido.

“Estamos diante de um prélio eleitoral disputado e o vencedor (a) tende a superar o principal concorrente com uma margem modesta de votos. Se os fatos fugirem a essa estimativa, creditaremos isso a algum fenômeno que possa ocorrer na reta final de campanha, um “fato novo” em forma de hecatombe”, asseverava a matéria avaliando àquele mês o cenário que se avizinhava em outubro. Na mesma postagem, era analisado o perfil das candidaturas e campanhas e como cada uma poderia chegar à vitória – ou não.

No dia 7 de outubro, a vereadora Cláudia Regina – nome do rosalbismo ao pleito – vencia as eleições e derrotava Larissa Rosado, com 50,90% dos votos válidos (68.604 votos), deixando a contendora com 46,97% dos votos válidos (63.309 votos).

Cláudia Regina (DEM) – 68.604 (50,90%)
Larissa Rosado (PSB) – 63.309 (46,97%)
Josué Moreira (PSDC) – 1.932 (1,43%)
Raimundo Nonato Sobrinho (Psol), “Cinquentinha” – 948 (0,70%)
Edinaldo Calixto (PRTB) – 0 (0%)
Votos Apurados – 143.853
Votos Válidos – 134.793 (93,70%)
Votos em Branco – 2.323 (1,61%)
Votos Nulos – 6.737 (4,68%)
Abstenções – 21.122 (12,80%).
Maioria de Cláudia Regina sobre Larissa Rosado: 5.295 votos (3.93%)

A primeira matéria deste Blog, que dissertava sobre as convenções dos dois principais blocos rivalizantes na luta à Prefeitura de Mossoró, sob o título  “Convenções mexem com militantes e dão início à campanha” (clique AQUI) apontava como a corrida eleitoral seria dura. Foi no dia 1º de julho. Cada contendor deveria estar preparado para um esforço sobre-humano ao lado de sua tropa.

Larissa repetiu situação vivida por Garibaldi

A campanha mossoroense deste ano é um divisora de águas. Praticamente quebra um ciclo de Rosado na cadeira de prefeito, mesmo que na retaguarda e na chancela exista uma de suas vertentes, o denominado rosalbismo, simbolizado pela governadora Rosalba Ciarlini Rosado (DEM).

Também desmitifica versão de que as duas bandas Rosado produziam uma farsa para eleição de Larissa Rosado. Bobagem que este Blog nunca alimentou para esse pleito. Quem se submeteria ao jugo do outro líder político? Quem?

O líder rosalbista e ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM), marido da governadora, repetiu diversas vezes entre auxiliares de sua confiança: “Eu não posso perder a Prefeitura de Mossoró para Sandra (sua prima do PSB, adversária e mãe de Larissa)”.

Admitia derrota em qualquer um dos outros 166 municípios do Rio  Grande do Norte.

Sobre Larissa – “Previsível que uma candidatura posta há bem mais tempo, com todas as pesquisas da pré-campanha lhe dando dianteira, entrasse na frente nessa maratona. É isso que ocorre com Larissa Rosado. Faz uma campanha de “manutenção”, de ajustes, sem necessidade de espasmos para cima, porém com cuidado para não sofrer desnutrições diretas”, comentava o Blog na matéria especial de 8 de setembro.

Sobre Cláudia – “Mesmo em desvantagem, alguns fatores a ajudam a encurtar a maioria que Larissa lhe impôs inicialmente: é de fato, uma candidata qualificada à disputa e tem à retaguarda as estruturas dos Governos do Estado e do Município,” sublinhava a mesma postagem àquela data.

É infantil, absolutamente primário, se definir a autópsia eleitoral da candidatura de Larissa Rosado pela véspera do pleito. O choro é livre, também, quanto ao argumento de que “o dinheiro comprou” o mandato da adversária.

O triunfo de Cláudia, da mesma forma, não está plasmado nesse trecho temporal tão curto. Não foi no sábado que a vitória foi resolvida. Os bastidores revelam uma batalha titânica pelo voto, de lado a lado, sem limites, sem qualquer fadiga ou prudência ética – que começou bem antes e foi se afunilando.

“Eleição, com data definida em anos de antecedência, é como competição olímpica: o atleta tem que se preparar para chegar  no auge de sua forma àquele dia da competição. É um esforço para se atingir a plenitude de suas condições neuromusculares e psicológicas. Numa corrida de 1.500 metros não existe um metro a mais. São só 1.500 metros”, assinalava um dos trechos da reportagem especial ainda em julho, com o título “Convenções mexem com militantes e dão início à campanha” (já com link acima).

Além de pesquisas utilizadas – pelas duas coligações – como ferramentas de indução ao voto, também existiram duelos à não-publicação de outras tantas. Pelo menos duas pesquisas foram sustadas pelo governismo – Start e Datavox – devido números desfavoráveis. Em nenhuma delas Cláudia apareceu em primeiro lugar, em todo o período de campanha, mesmo as contratadas pelo governismo – publicadas ou não.

Veja AQUI todas as pesquisas registradas e publicadas na campanha.

No sábado (6) desembarcou a última pesquisa do período na mesa de Carlos Augusto. A empresa contratada trabalhou durante toda a pré-campanha e parte da campanha para Larissa, mas “mudou de lado” nas semanas finais. Seus números apontaram mais de 2,40 pontos percentuais de maioria para a oposicionista sobre Cláudia.

O alento veio pouco além do meio-dia do domingo (7), data das eleições. Uma boca-de-urna deu – pela primeira vez – vantagem de Cláudia sobre Larissa Rosado. Ânimos renovados e a quase certeza de vitória, com cerca de 7 pontos percentuais de vantagem.

A coligação de Larissa também teve a sua pesquisa de boca-de-urna, em meados da tarde. Com a apuração dos primeiros 10% das urnas apuradas, os mais experientes e equilibrados sabiam: a deputada perdera pela terceira vez a prefeitura de Mossoró.

Forte

Com a campanha de Cláudia sofrendo muitos solavancos e cometendo erros primários, o seu comando passou às mãos do próprio Carlos Augusto. Até mesmo a contratação do marqueteiro cearense Xyco Theophilo – para reforçar equipe de Cláudia – foi acertada. Depois, sustada. A ordem foi partir pro ataque.

Na oposição, conflitos internos não alinhavam o formato da linguagem e postura da campanha nos últimos dias. A tentativa de manter Larissa em permanente estágio de deificação, sem um contra-ataque à altura aos adversários, não puxou a maioria dos indecisos para a candidata, mesmo ela mantendo praticamente intacto seu capital de intenções de votos até o final.

Larissa repetiu situação vivida pelo senador Garibaldi Filho (PMDB) em 2006, quando perdeu eleições ao Governo do Estado para Wilma de Faria (PSB). Manteve-se durante toda a campanha com altísismo índice de intenção de votos, mas perdeu no deslocamento da maioria dos indecisos para a adversária. Garibaldi e Larissa não entraram em campanha com “gordura” suficiente para eventual perda durante a contenda.

Um personagem quase invisível, que entrou com um poder avassalador e enorme ímpeto na empreitada do rosalbismo, foi o empresário Edvaldo Fagundes. Colocou recursos e estrutura – até dezenas de carros e motoristas – à campanha nas últimas semanas. Cultiva perfil de vencedor.

Fagundes: Homem "Forte"

“Você é muito forte”, reconheceu o senador José Agripino (DEM) na passeata da vitória ainda à noite do domingo, na Avenida Presidente Dutra, ao abraçar o empresário, que discretamente bebia ao lado de familiares e amigos, num posto de combustíveis. A mesma reverência recebeu da própria governadora, Cláudia e de Carlos Augusto, acomodados no interior de um carro.

Na outra extremidade do cabo-de-guerra eleitoral, o esquema de Larissa Rosado respondeu na mesma moeda. Nunca se viu uma campanha tão profissional, recheada de recursos financeiros e estrutura como a de 2012.

O comando nacional do PSB chegou a garantir uma equipe com cerca de 80 pessoas para produção de programas de rário e TV, além de consultoria e pesquisas.

Nos últimos dias de campanha e até o encerramento do período de votações, os “dois exércitos” duelaram por cada voto, esquadrinhando cidade e campo. Nas redes sociais, a selvageria também não poucou reputações. Viu-se uma carnificina cibernética.

Teatro de guerra

Carros descaracterizados para logística de pessoal, numeração em tetos de veículos para acompanhamento de helicóptero, perseguições em motos/automóveis a supostos adversários com dinheiro, além de monitoramento da  polícia/Justiça Eleitoral (via rádio) etc. fizeram parte dessa operação no teatro de guerra.

Uma reportagem especial não é suficiente para narrar os bastidores dessa contenda.

Boa parte do conteúdo, a propósito, poderia constar da crônica policial e seria facilmente associada a diversos artigos do Código Penal Brasileiro (CPB) e da Legislação Eleitoral, no capítulo que trata de Crimes Eleitorais. Entretanto, quase nada poderia ser provado nem será.

É uma história em que dificilmente encontraremos inocentes. Quem não pecou por ação, pecou por omissão ou conivência.

A grosso modo e superficialmente, tratamos de vencidos e vencedores. Os que ganham, comemoram. Quem ficou para trás encontra explicações, manifesta o “Complexo da Transferência de Culpa” ou deve se resignar. “A derrota é órfão”, afirmou Napoleão Bonaparte.

A vitória tem sempre muitos pais legítimos e ilegítimos, numa apropriação de relação direta com o futuro e não mais com o passado.

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Categoria(s): Eleições 2012 / Reportagem Especial

Comentários

  1. Jefferson Cavalcante diz:

    CARROS EM VESPERA DE ELEIÇÕES COM ADESIVOS “JR” FUNDO LARANJA COM AS LETRAS VERDE LODO…. INCRIVEL

  2. Pedro vale diz:

    O q tem os carros JR Jefferson ?

  3. joao diz:

    JÁ TA NA HORA DE ACABAR COM ESSA CHORADEIRA. ATÉ PORQUE PERDERAM PORQUE NÃO FORAM INTELIGENTES. CANSEI DE AVISAR AQUI QUE A PREFEITURA DE MOSSORÓ NÃO BRINCAVA EM RETA FINAL DE ELEIÇÃO. DEVERIAM TER TENTADO BARRAR O CRESCIMENTO DA CANDIDATA ADVERSÁRIA, PREFERIRAM QUESTIONAR PESQUISAS. DEU NO QUE DEU.

  4. Geraldo Fagundes diz:

    A virada de Claudia Regina começou pra valer a partir do vídeo. A montagem – a lá fundo de quintal – , foi um certeiro tiro nos dois pés. Não foi necessário o perito Ricardo Molina assistir o vídeo para atestar a sua falsidade. O povo esclarecido e até o analfabeto da periferia e da zona rual, constataram in loco a farsa, e perceberam, a partir do vídeo, qual das duas candidata estava fazendo uma campanha suja.

    A pergunta que não quer calar é: Por quê uma candidata com uma maioria expressiva comete um erro tão grosseiro? Precisava daquele vídeo ir ao ar?

    A propósito, aquele vídeo tem Pai?

    As pesquisas compradas, assim como o vídeo, também fizeram efeito oposto.

  5. Ana Alice diz:

    Caro Carlos, espero que o Ministério Público e demais autoridades fiquem atentas a esses empresários que apoiaram fortemente a campanha de Cláudia Regina (especialmente o grupo líder e um hospital local) para ver se esses empresários serão beneficiados com dinheiro público.

  6. Ana Katarina diz:

    Semana passada quando lia Antoine de Saint-Exupéry, me depArei com uma frase por demais interessante, eis que dizia ” Há vitórias que exaltam, outras que corrompem; derrotas que matam, outras que despertam.” E de repente eu parei para refletir e encontrar uma forma de explicar o conteúdo dessa frase, foi difícil mediante o calor de uma decepção e para não ser injusta com a veracidade da frase, deixando-me levar por sentimentos tbm infantis, me sai dessa dizendo, filha, o importante na vida é aprender a ganhar e a perder e nem sempre o perdedor é o derrotado e o ganhador é o vitorioso…num jogo o mais importante é jogar e aprender a jogar. Ela não entendeu… E achou melhor fazer cara de entendida :)

  7. Vilma diz:

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK É BOM DAR O QUE FAZER A ESSE POVIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM AFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF VÃO TER MUITO QUE FAZER HSHSHSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS NEGO VAI ESUQECER DE VIVER

  8. CANINDE SILVA diz:

    SE ACHAM QUE NA CAMPANHA DE CLAÚDIA DERAM DINHEIRO ISSO É FACIL É SÓ IR NA JUSTIÇA ELEITORAL… E NOTIFICAR OS CASOS, CLARO COM PROVAS…

    A JUSTIÇA ELEITORAL TEM QUER TER UM PRONUNCIAMENTO SOB ESTES INSTITUTOS DESTAS PESQUISAS MENTIROSAS…. POIS ATÉ O DIA 05. DE OUTUBRO LARRISA ERA A FAVORITA E NINGUEM CONSEGUE MUDAR ISTO TÃO DEREPENTE…

    O GRUPO DE LARRISA, SÓ FARÁ UM PREFEITO NESTA URBE, QUANDO DEIXAREM DE DENEGRIR A ROSALBA, POIS O MOSSOROENSE É GRATO PELAS SUAS TRÊS ADMINISTRAÇÃO.

    E TEM MAIS CADÊ O PRESTIGIO DE DILMA, LULA, ROMÁRIO, GOVERNADOR DE FORA QUE NÃO ELEGEU A SENHORA LARISSA.

    PACIÊNCIA. ……………….

    O RESTO É CONSOLO PARA R. MUCHA………………….

    GENTILEZA DIVULGUE CONFORME MEU IP. E PARABÉNS PARA SUA DERROTA….

  9. RILDO diz:

    o que o dinheiro não fizer…, e taí mais uma prova uma vergonha com o dinheiro sujo e vamos assistir novamente
    calados, olhem a nossa cidade, sei não…,que nojo, é muita corupção.

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