Por Ney Lopes
Prenuncia-se muita tensão política na próxima semana em Brasília.
Após ter dito ao general Ramos que iria substitui-lo na Casa Civil, o presidente surpreendeu a todos anunciando que ainda não confirmou o senador Ciro Nogueira nesta posição no Palácio do Planalto.
Atribuiu-se, que tudo tenha nascido de grande reação militar à saída do general Ramos.Diz-se que a “troca” na Casa Civil seria vitória de uma manobra do potiguar e atual Ministro das Comunicações, Fábio Faria, amigo-irmão do senador Ciro Nogueira.
Com a mudança, ele terá mais facilidades de encaminhar interesses no “núcleo do governo”, que é a Casa Civil, além de enfraquecer o seu concorrente na política potiguar, o ministro Rogério Marinho.
Em contrapartida, o conterrâneo abriu flanco na área militar e aumentou a extrema vigilância em torno dele, na condução do leilão do 5G no Brasil, o maior negócio do país nos últimos tempos, que envolve bilhões e bilhões de dólares.
Há olhos abertos!
Neste contexto de instabilidade, o senador Ciro Nogueira, terá conversa com Bolsonaro, nesta segunda feira.
Por trás do convite ao senador Ciro, está a intenção do presidente de filiar-se ao PP para disputar a reeleição.
Dois fatores dentro do PP conspiram contra esse propósito de Bolsonaro.
Primeiro, o temor de que a sua chegada à sigla coloque em risco alianças regionais do partido.
Entretanto, há outro obstáculo maior, pelo que declarou o presidente Bolsonaro, de que busca uma sigla para controlar
“Estou tentando um partido que eu possa chamar de meu“, afirmou.
É esse domínio, que preocupa os líderes do PP, sobretudo do Nordeste.
Uma das maiores dificuldades parte do deputado Arthur Lira, presidente da Câmara.
Ele avalia, que a eventual derrota de um candidato à presidência da república do PP no pleito presidencial de 2022 prejudicaria a sua campanha pela reeleição ao comando da Câmara, no início de 2023.
Nesse sentido, Lira considera estar mais seguro com Bolsonaro concorrendo à reeleição por outro partido.
Nada diferente do que sempre fez a chamada “velha política”.
Outro fato emblemático são as acusações no passado do senador Ciro Nogueira ao presidente, chamando-o de fascista, além de ter feito elogios ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Bolsonaro minimizou e justificou dizendo que “as coisas mudam”.
O presidente chegou ao ponto de afirmar que quem era político no Nordeste, se não fosse do Lula, não tinha sucesso.
Percebe-se que o presidente perdeu qualquer escrúpulo, no sentido de selecionar os seus correligionários.
A regra é do vale tudo.
Tal aspecto pode reduzir o número de seus admiradores, que o exaltavam pelo afastamento ético das velhas práticas na política brasileira.
Agora é aguardar a conversa do presidente e Ciro Nogueira, nesta segunda.
Tudo poderá acontecer.
Inclusive, voltar à estaca zero e Ciro ser desconvidado para assumir a Casa Civil da Presidência.
Ney Lopes é jornalista, professor, ex-deputado federal e advogado
O senador Ciro Nogueira e o senhor Bolsonaro (isso mesmo, senhor Bolsonaro pois ele não me representa como presidente da república) os dois se merecem, quando se trata da podridão que eles representam na política e no controle do poder do maior desastre administrativo que atualmente controlam o país.